Dentre as capitais do Nordeste, João Pessoa é a cidade onde as mulheres mais sofrem violência sexual ao longo da vida. A revelação foi feita, na quarta-feira (29), pela representante da Organização das Nações Unidas - ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, em evento na UFPB que celebrou a participação da universidade como a primeira instituição federal de ensino do Norte e Nordeste do País a aderir à campanha ElesporElas (HeforShe) da ONU, que engaja homens na luta pela igualdade de gênero.
O encontro, que desencadeou o envolvimento da UFPB em um esforço global pela remoção das barreiras sociais e culturais contra as mulheres, foi realizado no auditório da Reitoria e contou com a presença de diversos segmentos da universidade e da sociedade civil.
A informação de que João Pessoa está entre as capitais do Nordeste que lideram o ranking de violência sexual a mulheres, ao longo da vida, foi dada por Nadine Gasman, em palestra que realizou após a assinatura do termo de adesão da UFPB à campanha ElesporElas, formalizada com a reitora Margareth Diniz, na presença da vice-reitora Bernardina Freire e assessores.
Segundo ela, esse dado consta de pesquisa inédita e recente da Universidade Federal do Ceará e Instituto Maria da Penha que ouviu duas mil mulheres nas capitais nordestinas. Foi a primeira vez que um estudo fez uma ligação da violência doméstica na região com foco entre gerações, vulnerabilidades raciais e socioeconômicas e incidência sobre saúde, direitos sexuais e reprodutivos de mulheres.
Os resultados dessa amostragem também colocam a capital paraibana em segundo lugar em índice de violência emocional contra mulheres ao longo da vida e em quinto lugar em termos de violência física. A pesquisa foi divulgada no último dia 23, no portal da ONU Mulheres, e pode ser acessada no link http://www.onumulheres.org.br/noticias/salvador-natal-e-fortaleza-lideram-ranking-de-violencia-fisica-contra-as-mulheres-no-nordeste/.
Em sua fala, Nadine Gasman apresentou um panorama das ações da ONU Mulheres no Brasil e no mundo e os principais desafios do órgão e parceiros para combater todas as formas de violência ao sexo feminino. Ela disse que o racismo e sexismo ainda estruturam as desigualdades sociais no Brasil e que nenhum país do mundo atingiu a igualdade entre homens e mulheres. Um dado que expõe essa vulnerabilidade no Brasil na atualidade é o fato de que 13 mulheres são assassinadas por dia no país, a maior parte por seus parceiros e familiares.
O evento foi aberto com a apresentação do grupo musical Fulô Mimosa e contou também com uma palestra do professor Benedito Medrado, da Universidade Federal da Pernambuco (UFPE), abordando o tema “Masculinidades, Gênero e Violência”.
Na ocasião, o Centro de Informática (CI) esteve representado pelo diretor Hamilton Soares; pela professora Josilene Aires, coordenadora do projeto “Meninas na Computação”, que acompanhou a enviada da ONU em todas as etapas da visita a João Pessoa; e pela professora Camila Vital Barros. Alunos e alunas integrantes do “Meninas na Computação” e do ramo estudantil do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) do CI também compareceram à solenidade.
AUDIÊNCIA COM O GOVERNADOR
No início da tarde, Nadine Gasman reuniu-se com o governador Ricardo Coutinho e a secretária da Mulher e Diversidade Humana da Paraíba, Gilberta Soares, em audiência na Granja Santana.
Ela esteve acompanhada da professora Josilene Aires e do professor Ricardo Moreira, do Centro de Tecnologia da UFPB. Na oportunidade, os professores solicitaram o apoio do Governo do Estado para a realização de um congresso nacional, no segundo semestre de 2018, em João Pessoa, enfocando a temática da violência contra a mulher.
O governador reforçou a importância da união entre instituições e organizações e destacou que a administração estadual vem ampliando as políticas e ações essenciais em prol de mulheres em situação de violência.
A Secretaria da Mulher e Diversidade do Estado trabalha de forma contínua em três eixos de ações: assistência, ação preventiva, com o desenvolvimento de campanhas educativas, e a parte de repressão, feita em conjunto com a Secretaria de Segurança e Defesa Social, por meio das delegacias das mulheres.