O Laboratório de Oficina Mecânica da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde trabalham as equipes de engenharia da mobilidade UFPBaja, Fórmula-E UFPB, AeroJampa e Motorius MotoStudent, formadas por estudantes e professores de diferentes cursos de Engenharia da instituição, passará por reforma, prevista para este ano, a fim de oferecer melhores condições para a criação de protótipos modernos, competitivos e sustentáveis.

“A UFPB é nosso principal investidor”, afirma Wladimir Theotônio, diretor executivo da equipe automobilística UFPBaja e aluno do curso de Engenharia Mecânica. Depois de participar da 24ª Competição Baja SAE BRASIL, no final de fevereiro, integrantes do grupo estiveram no gabinete da reitoria, no campus I, em João Pessoa, na tarde de 2 de março, para agradecer o apoio. “Desde que assumi o posto, há dois anos, presto contas à universidade”, garante o dirigente.

Na ocasião, a reitora Margareth Diniz se comprometeu a buscar recursos para viabilizar as obras de roforma do laboratório. O diretor do Centro de Tecnologia (CT) Antônio Vilar acompanhou o encontro e reforçou a importância do investimento.

De acordo com o projeto, o laboratório, que foi dividido em duas partes, em 2016 (uma para a execução de projetos e a outra para aulas e para fabricação de peças), terá seus espaços ampliados, com a elevação de um andar. “Apesar de ser a gente que está apresentando esta demanda, a restruturação beneficiará a todas as equipes. Precisamos desta expansão para acomodar melhor nossos estafes. Espero que as obras sejam concluídas o quanto antes, por causa dos torneios que se iniciam no final do ano”, almeja o líder da UFPBaja.

Competição

Originalmente, o Baja é um tipo de Volkswagen Sedan (Fusca) modificado informalmente. Hoje, é também uma categoria automobilística off road (fora da estrada, em tradução livre). Segundo Wladimir Theotônio, “o Baja surgiu na Califórnia, nos Estados Unidos, por conta de alguns condutores necessitarem alterar seus veículos para conseguir atravessar regiões desérticas”. Naturalmente, os torneios apareceram logo depois, para verificar os melhores carros, já que é preciso ter muito conhecimento de engenharia para otimizá-los ao máximo.

Criada na Universidade da Carolina do Sul, também nos Estados Unidos, sob a direção de John F. Stevens, a primeira competição Baja SAE ocorreu em 1976. O ano de 1991 marcou o início das atividades da SAE BRASIL, que, em 1994, criava o Projeto Baja SAE BRASIL.

O programa é um desafio, lançado aos estudantes de Engenharia, que oferece a chance de aplicar, na prática, os conhecimentos adquiridos em sala de aula, a partir do desenvolvimento de um veículo off road, desde sua concepção ao projeto detalhado, construção e testes do protótipo.

Os alunos devem formar equipes que representam a Instituição de Ensino Superior à qual estão vinculados. No Brasil, a disputa nacional recebe o nome de Competição Baja SAE BRASIL e as regionais são denominadas de Etapa Sul, Sudeste e Nordeste. As provas não são complementares e a equipe vencedora do Baja nacional ganha o direito de competir a etapa internacional nos Estados Unidos.

No âmbito da UFPB, para participar do campeonato, foi formada, em 2006, a equipe UFPBaja, sendo considerada a melhor estreante. É tricampeã regional e 9° melhor universidade no nacional, com um dos carros no 11° lugar geral. “O grupo precisa funcionar como uma empresa. O projeto tem plano de negócio, para produção e venda de quatro mil unidades no mínimo“, conta Wladimir Theotônio. Hoje, cerca de 40 estudantes fazem parte da equipe.

Para a temporada do ano passado, a equipe criou um protótipo que alcança a velocidade de 65 km/h, chamado de Cabo Branco, em homenagem à cidade de João Pessoa, e já projeta construir outro, neste ano, que será nomeado de Souza, município do interior paraibano, a 438 km da capital, ou batizado com a identificação de algum dinossauro encontrado na região. “Resolvemos homenagear cidades paraibanas”, revela o estudante.

A Etapa Nordeste 2018 ocorrerá em novembro, em Salvador. A nacional será realizada em fevereiro de 2019, provavelmente em São José dos Campos (SP), assim como na última temporada. De acordo com o capitão da UFPBaja, o foco, agora, é melhorar a comunicação entre piloto e box de corrida, onde ficam os equipamentos e os profissionais que auxiliam o condutor durante a prova.