Manejo de água precisa unir natureza, povo e tecnologia, diz pesquisador em Simpósio

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Os sistemas convencionais de abastecimento de água não são infalíveis, como se acreditava no passado. A avaliação foi feita pelo vice-diretor do Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), durante a abertura da 11ª Edição do “Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água de Chuva (SBCMAC)”, realizada na UFPB. O Pró-Reitor de Extensão da UFPB, Orlando Vilar, representou a reitora Margareth Diniz na abertura do Evento, organizado pela Universidade, Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva e Associação para o Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (SCIENTEC).

 

O tema geral do evento é “Água de chuva: um passo para a autonomia e resiliência hídrica do país” e deve ser o foco de cerca de 300 pesquisadores, gestores, engenheiros, agricultores e estudantes que enfrentam a problemática da escassez da água. “Espera-se que este evento, com um histórico iniciado em 1997, seja mais uma vez repleto de reflexões e que possibilite a difusão de novas técnicas e experiências para a promoção do uso da água da chuva”, destacou o professor Tarcísio Cabral, também presidente do Simpósio.

 

Ciclo das águas

 

 A conferência de abertura do Simpósio foi feita por Johann Gnadlinger, gestor ambiental e mestre pelo Imperial College (Londres). A uma plateia repleta de engenheiros e pesquisadores, ele mostrou como as populações estão lidando com a água de chuva em nossas casas, no meio rural, nas cidades, nas bacias hidrográficas e no semiárido. “A chuva é fonte de toda água e por isso adoção e manejo de água de chuva devia ser considera a primeira opção de fornecimento de água, disse Gnadlinger, também mestre em pedagogia pela Universidade de Salzburg (Áustria)”.

 

Um dos fundadores da ABCMAC, ele tem se dedicado a aperfeiçoar e divulgar o conceito de Convivência com o Semiárido. Gnadlinger lembrou o pensamento de Adhityan Appan (Singapura), segundo o qual  tecnologias de sistemas de captação de água de chuva são tão antigos quanto as montanhas. Como exemplo desta situação histórica, Johann Gnadlinger citou os terraços de Machu Picchu que nunca desabaram e onde os Incas realizavam suas plantações. “É um exemplo de tecnologia antiga que os Incas usavam para plantar e evitar a erosão. Uma ideia muito antiga que não consideramos”, completou.

 

Ele mostrou o caso das cidades brasileiras de Juazeiro (CE) e São Mamede (PB) que no período de 1987 a 2018 tiveram variações de precipitação pluviométrica muito altas. Os dados indicam um registro de 133 mm de chuvas em um ano. Em outro ano esse número pode ir a 930 mm. “Tem muita irregularidade de chuvas, que estão diminuindo”, alertou o pesquisador. Em seu panorama, Gnadlinger mostrou que a gestão de águas no Brasil é feita a partir do uso de tecnologias de grande porte, como transposição e barragens.

 

Também citou a existência da tecnologia dos poços. Ele observou, no entanto, que existe outra ideia que seria o gerenciamento a partir de um ciclo de águas. Este envolve as águas de chuva, águas superficiais, águas de solo, de vegetação e de evaporação. 

 

Gnadlinger destacou a gestão das águas a partir das bacias hidrográficas, como área de captação de chuvas. “Não se sabe o quanto chove na bacia hidrográfica do rio São Francisco ao ano”, afirmou. Observando que a gestão das águas precisa considerar as necessidades humanas, o pesquisador  disse que essa gestão tem que envolver todo o ciclo das águas e necessita de uma forte relação triangular que envolve a natureza, o povo e as tecnologias/economias.

 

Fonte: 
Marcus Alves/Ascom UFPB
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