Pesquisa da UFPB oferece tratamento para DTM

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Se nos últimos seis meses você vem sofrendo com dores na musculatura da face, na cabeça e dores nas articulações com limitação dos movimentos mandibulares, talvez você possua uma “DTM – Disfunção Temporomandibular”. O tratamento pode ser feito através da “Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC)”.

 

No Brasil são registrados por ano mais de dois milhões de casos de DTM. A Articulação Temporomandibular (ATM) funciona como uma dobradiça que liga o maxilar ao crânio. Esta disfunção pode causar dor e desconforto.

 

Para ajudar pessoas portadoras dessa disfunção, Tatyanne Falcão, está realizando um estudo. Ela é aluna do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (PPGNeC/UFPB), sob a orientação da professora Melyssa Kellyane Cavalcanti Galdino.

 

Desenvolvido no Laboratório de Pesquisas em Comportamento e Cognição (LAPECC), vinculado ao PPGNeC, esse trabalho é inovador e está em fase inicial, fazendo a triagem de participantes, que são indivíduos entre 18 a 60 anos de idade com DTM.

 

Tatyanne Falcão informou que o tratamento oferecido pelo LAPECC é seguro, simples e indolor, podendo ser feito em duas semanas, totalizando 10 sessões de 20 minutos.

 

Em entrevista à Agência de Notícias da UFPB, a mestranda Tatyanne Falcão explica como está sendo desenvolvida a pesquisa. 

 

AgN: Seria possível descrever o motivo pelo qual algumas pessoas sentem dor na musculatura da face ou da cabeça há mais de meses?

Tatyanne Falcão: A Disfunção Temporomandibular (DTM) é uma doença caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que pode incluir dores faciais ou na cabeça, dor na articulação, ruídos articulares, limitação dos movimentos mandibulares e/ou desgaste dental. Sua causa é considerada complexa e multifatorial, sendo resultado de uma inter-relação entre diferentes fatores como condição dentária, trauma, alterações psicológicas, fontes de estímulo de dor profunda e atividades parafuncionais (ex: bruxismo).

 

AgN: Em dias atuais, o que seria Disfunção Temporomandibular?

Tatyanne Falcão: A dor aparece como um sintoma bastante presente e marcante, com tendência à cronicidade, sendo essa uma condição de difícil tratamento, que muitas vezes está associada a fatores psicológicos, como ansiedade e depressão. Depois de um tempo recebendo de forma constante o estímulo doloroso, poderá ocorrer um mecanismo de aprendizado mal adaptativo no cérebro, levando a uma memorização da sensação dolorosa. Dessa forma, a dor crônica possui caráter disfuncional, com tendência a persistir mesmo após remoção da causa inicial.

 

AgN: Como uma pessoa pode fazer para receber tratamento?

Tatyanne Falcão: O indivíduo portador de dores na região da face ou cabeça (região lateral) deverá entrar em contato via email ou whatsapp objetivando participar de uma triagem inicial realizada através de um questionário. Em seguida, poderá ser chamado para fazer o exame clínico com o intuito de realizar o diagnóstico. Esses procedimentos são necessários para a seleção de uma amostra que tenha a condição clínica específica e compatível para receber o tratamento que será realizado.

 

AgN: Como é feito o tratamento?

Tatyanne Falcão: O tratamento ocorrerá diariamente (excluindo os finais de semana) durante duas semanas (segunda a sexta), totalizando 10 sessões com vinte minutos cada. Desse modo, destaca-se que o participante deverá ter essa disponibilidade de tempo para participar do estudo. A técnica é denominada de Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC), na qual se posiciona eletrodos em regiões específicas do cérebro com o objetivo de modular a excitabilidade cortical através da aplicação de correntes de baixa intensidade, de modo que o sistema nervoso volte a traçar caminhos saudáveis, conferindo uma melhora no estado de dor. Trata-se de uma técnica bastante inovadora, simples, segura, indolor e não invasiva. O público alvo são indivíduos com dores musculares na face ou cabeça, cuja sintomatologia dolorosa esteja presente há pelo menos 6 meses, com idade entre 18 e 60 anos.

 

AgN: No momento, quantos existem participando do tratamento? 

Tatyanne Falcão: Trata-se de uma pesquisa inovadora, e ainda estamos na fase de triagem dos participantes.

 

AgN: Já existem casos de sucessos, pode enumerar?

Tatyanne Falcão: Existem diversas pesquisas com neuromodulação não invasiva no tratamento da dor crônica decorrendo de diferentes doenças, incluindo a Disfunção Temporomandibular, demonstrando que a aplicação dos protocolos da estimulação ativa tem se mostrado promissora, com bons resultados quanto à redução da sintomatologia dolorosa em pacientes com dor crônica. Vale destacar que o protocolo de estimulação utilizado (em relação à intensidade, frequência das sessões, o tamanho/posição dos eletrodos e duração do tratamento) baseou-se em estudos prévios, evidenciando que os parâmetros utilizados pela presente pesquisa são confiávies e seguros.

 

AgN: Essa pesquisa está vinculada a qual Departamento da UFPB?

Tatyanne Falcão: Departamento de Psicologia,  Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), Campus I.

 

AgN: Quais os objetivos da sua pesquisa? 

Tatyanne Falcão: Esta pesquisa é sobre a avaliação do efeito da neuromodulação não invasiva na sintomatologia dolorosa crônica, e nos níveis de ansiedade e depressão em indivíduos com disfunção temporomandibular crônica.

 

AgN: Quantas pessoas estão engajadas, trabalhando com você? 

Tatyanne Falcão: Esse estudo está sendo desenvolvido por mim, aluna de mestrado em Neurociência Cognitiva e Comportamento, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação da Professora Melyssa Kellyane Galdino Cavalcanti. Existem mais quatro pessoas na equipe, totalizando seis pesquisadores.

 

AgN: Poderia deixar seus contatos para os nossos leitores interessados?

Tatyanne Falcão: Contato - Email: pesquisadtm@yahoo.com; telefone: (83) 98803-8782

Fonte: 
Agência de Notícias da UFPB - Paulo César Cabral
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