Projeto Escola Zé Peão faz 20 anos e mantém importância social

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Seminário marcado para dias 6 e 7, comemora parceria entre UFPB e Sintricom que beneficiou 5 mil trabalhadores da construção civil e formou 200 professores

 

“Peguei, de novo, o gosto pela leitura.” É assim que o pedreiro Djalma Mota se refere ao seu aprendizado no Projeto Escola Zé Peão (PEZP), que está completando 20 anos de atividades e é resultado de convênio entre a Universidade Federal da Paraíba (UFPB)  e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sintricom). Para comemorar a data, será realizado nos dias 6 e 7 de dezembro, a partir das 9h, no Auditório do Centro de Educação da UFPB, Campus de João Pessoa, o Seminário Alfabetização de Trabalhadores da Construção Civil.

 

Natural de Santa Rita (PB), Djalma tem 45 anos e é pai de dois filhos. Funcionário da construtora GBL, ele ingressou no Projeto Escola Zé Peão há nove meses e diz que já está servindo de “incentivo” para colegas de profissão. “É duro você saber que tem um dinheiro na sua conta e não poder receber, ou seja, depender de outra pessoa para poder tirar o que é seu”, exemplificou.

 

Djalma, que havia cancelado os estudos há mais de 30 anos, concluiu recentemente a 4ª série do ensino fundamental e garante que não vai desanimar. Neste primeiro ano de Zé Peão, em 2010, ele trabalhava durante o dia e assistia às aulas no turno da noite, das 19 às 21 horas. A sala de aula funcionava no próprio alojamento da construtora. “Em 2012, vou dar continuidade, principalmente agora que tomei, de novo, gosto pela leitura”, acrescentou.

 

Outro beneficiado pelo Projeto Escola Zé Peão é Edmilson da Silva Souza. Natural de João Pessoa, ele tinha 31 anos de idade quando conheceu o PEZP.  “Eu tinha apenas noções básicas de educação e resolvi aderir ao projeto, onde estudava ali mesmo no canteiro de obras (hoje Condomínio Valparaíso, no Bessa) onde a gente trabalhava. A obra, ao todo, tinha 1.200 apartamentos”, recorda.

 

No projeto, Edmilson cursou da 5ª a 8ª séries (Supletivo Sequencial). O 2º grau foi na própria Universidade Federal da Paraíba, das 19h às 23h. “Eu trabalhava durante o dia, no canteiro, e à noite, estudava”, afirma Edmilson, que hoje é vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sintricom). Ele, inclusive, já foi presidente da entidade, no triênio 2008/2010. Edmilson resume a importância do PEZP em sua vida: “Além do benefício da alfabetização, o Projeto Escola Zé Peão nos dá o potencial de raciocínio para uma melhor compreensão de mundo. E isso não tem preço”.

 

Seminário

 

Além de comemorar os 20 anos do Projeto Escola Zé Peão, o objetivo do Seminário Alfabetização de Trabalhadores da Construção Civil é mostrar a sua contribuição para a educação cidadã desta categoria em João Pessoa. Com base no acúmulo de conhecimento e experiência sistematizada, buscará analisar e identificar os elementos do projeto considerados como importantes para o seu sucesso. Além disso, evento tem como objetivo saber como um projeto desse porte e com essas características pode contribuir para repensar as políticas públicas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) numa escala regional ou nacional.

 

Outro ponto é a criação de um espaço para reflexão sobre o passado e o presente do PEZP, visando redimensionar o projeto num contexto em que a economia de conhecimento, a qualificação profissional, a informática em todas as suas expressões e a expansão da economia nacional colocam novos desafios para o trabalho pedagógico.

 

Na programação do evento, minicursos envolvendo temas relativos à Educação de Jovens e Adultos (EJA) tais como: alfabetização e linguagem, educação matemática, educação popular, comunicação, ação cultural, leitura e educação nutricional. As inscrições podem ser feitas até segunda-feira (5), das 9h às 11h30 e das 14h às 17h, na sala do PEZP, localizada no 1º andar do prédio de Psicopedagogia, no Centro de Educação (CE) da UFPB.

 

O projeto

 

O Projeto Escola Zé Peão visa oferecer programas de alfabetização e educação continuada para os operários da construção civil utilizando salas de aula montadas no próprio canteiro de obra. A alfabetização é entendida com um ato contínuo e, por isso, o projeto oferece dois programas: Alfabetização na Primeira Laje (APL), para os operários com pouco ou nenhum domínio da leitura e escrita, e Tijolo sobre Tijolo, para os operários que já possuem um domínio básico da leitura e escrita. Ambos os programas incluem linguagem e matemática.

 

Os professores alfabetizadores são alunos oriundos de vários cursos de licenciatura da UFPB selecionados e formados pela equipe de coordenação do PEZP. Há um curso inicial de formação e ao longo do ano os professores são acompanhados pela coordenação bem como participam de um processo de formação continuada.

 

Ao longo dos últimos 20 anos o Projeto Escola Zé Peão matriculou mais de 5.000 alunos e formou cerca de 200 professores educadores. O trabalho tem sido reconhecido e premiado no Brasil e no exterior. Em 2008, o Zé Peão foi escolhido para ser apresentado no Encontro Regional da América Latina e do Caribe Preparatório a Confintea, na Cidade do México.

 

Formação de educadores

 

O Programa Escola Zé Peão, em 2012, estará compondo o conjunto de iniciativas de extensão da UFPB financiadas pelo Proext/MEC, visando os preparativos para o próximo ano letivo. As inscrições para a Formação e Seleção de Educadores estão abertas até a próxima segunda-feira (5), das 9h às 11h30 e das 14h às 17h, na sala do PEZP, no 1º andar da Psicopedagogia (CE/UFPB). Podem concorrer nesta seleção os alunos matriculados nos cursos de licenciatura da UFPB que estejam cursando do terceiro ao sétimo período.

 

De acordo com Zezinha Moura, diretora do Sintricom, hoje existem nove salas de aula disponíveis para o Projeto Escola Zé Peão. “Para 2012, trabalhamos com uma perspectiva de mais 11 salas, totalizando 20 salas de aula. Isso só será possível por conta do convênio com a Pró-Reitoria de Ação e Extensão Comunitária (Prac) da UFPB, que viabilizou 20 bolsas para educador do PEZP”, observou.

 

Informações pelos telefones (83) 8885.6076 (Zezinha Moura), (83) 9925.2468 (Ruth ou Antonaide) e (83) 3513.9283 (Sintricom).

Fonte: 
Agência de Notícias da UFPB - Costa Filho
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