Tecnologia para impedir falsificação de diplomas é desenvolvida na UFPB

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Encontrar uma solução para um problema que assola as instituições de ensino superior: a falsificação de diplomas. Esse é um dos objetivos da tecnologia que está sendo desenvolvida por professores e alunos do Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital (Lavid), vinculado ao Departamento de Informática (DI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Com recursos da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), o Serviço de Autenticação e Preservação Digital de Documentos (RAP) está em seu segundo ano de pesquisa.

 

O RAP busca facilitar a verificação da autenticidade dos diplomas expedidos pelas universidades brasileiras. A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) também é parceira do projeto. “A UFPB tem dois papéis importantíssimos nesse trabalho. Primeiro, ela é a instituição que está propondo e desenvolvendo a solução. E o outro, é que a UFPB será um dos pilotos de implantação desse projeto. Então, tem a inovação da propositura e o pioneirismo da implantação”, enfatiza um dos coordenadores do RAP, o pesquisador Rostand Costa.

 

A intenção é que esse serviço possa ser oferecido para as demais universidades do País, evitando assim as fraudes. “Estamos propondo uma mudança de paradigma. A intenção é inibir a fraude. Se torna mais difícil criar um diploma falso porque também é necessário registrá-lo no mesmo lugar em que pode ser checada sua veracidade. Se todo mundo usa esse serviço, a checagem fica padronizada”, completa Costa.

 

Além da preocupação com a falsificação de diplomas, o RAP também atua na preservação digital desses documentos. “A ideia é criar um serviço para gerar diplomas digitais, armazenar por um longo tempo esses documentos e autenticar quando alguém precisar, garantindo que tudo isso aconteça sem risco de perda das informações, as quais devem ser capazes de perdurar além das instituições e sistemas de origem”, afirma o professor.

 

 

Tecnologia

 

Rostand Costa, que também é professor do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI), garante que essa é uma tecnologia à prova de fraudes. “Os diplomas são feitos, hoje, de maneira manual, em que o que dá veracidade é um livro de registro, em tese, inviolável. A tecnologia que está por trás do que estamos desenvolvendo se parece um pouco com isso. No entanto, uma cópia digital desse livro está replicada em uma rede de dez, vinte mil computadores. Fica praticamente impossível modificar todos esses livros”, explica Costa.

 

Para desenvolver o RAP, o grupo utiliza a tecnologia de livro-razão distribuído, ou Distributed Ledger Technology (DLT), que foi inicialmente empregada nas operações de troca de moeda virtual e que hoje está difundida nos mercados financeiros de todo o mundo. Uma DLT é um sistema de registro descentralizado e sincronizado que forma uma base de dados, acessível mediante de autorização prévia dos participantes, e que garante segurança em operações digitais. “Como qualquer livro de registro, ao inscrever qualquer transação nele, ela não poderá ser mudada. Essa é a sua essência”, completa.

 

 

Próximos passos

 

Outro coordenador do projeto, professor Guido Lemos, explica que alguns testes foram realizados junto aos servidores da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da UFPB. Um dos propósitos é adaptar, ao RAP, o Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA), por meio do qual serão efetuados o registro, a validação e a preservação dos documentos. “Vamos discutir ainda um cronograma de testes, mas já estamos desenvolvendo o software e fazendo simulações para ver os erros e acertos do sistema”, afirma Lemos.

 

No início de abril, o Ministério da Educação (MEC) emitiu uma portaria que institui o diploma em formato digital nas instituições federais de ensino superior, que ainda será regulamentada. Após a publicação da regulamentação, as instituições terão 24 meses para a implementação. Com o desenvolvimento do RAP, que começa a ser testado com a base de dados da UFPB a partir do próximo semestre, a expectativa é que a mudança para o diploma digital possa ser feita com mais segurança.

 

Lemos explica que a tecnologia desenvolvida pelo Lavid/UFPB pode auxiliar outros órgãos que também são vítimas de falsificação, como os conselhos profissionais. “O RAP pode funcionar para registros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Regional de Medicina (CRM), entre outros”, avalia.

 

 

Equipe

 

Além dos coordenadores, estão envolvidos no desenvolvimento do RAP seis alunos de graduação, um aluno de pós-graduação e um professor da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), egresso do Centro de Informática (CI) da UFPB. Em maio, a equipe apresentará artigos sobre o projeto em desenvolvimento no Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (SBRC), no Workshop sobre Blockchain, que é um dos primeiros espaços para a divulgação de pesquisas sobre essa tecnologia no Brasil.

 

 

Fonte: 
ACS | Lis Lemos. Fotografias fornecidas pelo Lavid.
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