O município de João Pessoa, que passou a integrar, no fim de 2017, a Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco, contará com o apoio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para impulsionar um desenvolvimento urbano mais sustentável e inclusivo, baseado na criatividade como fator estratégico.
O convite para a participação da universidade foi feito na última segunda-feira (14), em reunião no gabinete da reitora Margareth Diniz, pelo consultor Eduardo Barroso Neto e a diretora-geral da Estação Cabo Branco, Marianne Goes, representantes do grupo de gestão do programa João Pessoa Cidade Criativa da Unesco, vinculado à Prefeitura Municipal.
Na ocasião, os representantes apresentaram a rede da Unesco, que designou a capital paraibana como Cidade Criativa em artesanato e artes folclóricas, e detalharam o plano de ação do programa. Para Barroso Neto, a inserção da Universidade é fundamental. A proposta é que a UFPB atue no desenvolvimento de pesquisas, na implementação do Laboratório de Inovação Cultural de João Pessoa (Labin) e na realização da Feira Internacional da Economia Criativa.
A reitora confirmou a participação da universidade, ressaltando que os objetivos do programa são inteiramente compatíveis com os compromissos de sustentabilidade da UFPB e com os propósitos institucionais de desenvolvimento científico-tecnológico, socioambiental, econômico e cultural.
Margareth Diniz definiu que a parceria será articulada, dentro da universidade, pelo Instituto UFPB de Desenvolvimento da Paraíba (Idep) e apoiada pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Prac). Participaram da reunião, o pró-reitor de extensão Orlando Villar, o presidente do IDEP Otávio Mendonça e sua equipe.
Ações
O Laboratório de Inovação Cultural de João Pessoa (Labin) será um espaço de pesquisa e cocriação, com foco na Economia Criativa, sustentado por uma rede de colaboradores com expertises complementares, entre eles a UFPB. O objetivo é atuar nos principais elos da cadeia produtiva do artesanato, com a implementação de três equipamentos estruturantes: o laboratório de inovação cultural (criação), a fábrica social de artesanato (produção) e o celeiro criativo (comercialização).
Entre as metas do Labin para 2018-2019, está a realização de pesquisas sobre a gastronomia paraibana, sobre a identidade cultural e sobre o mercado de setores da economia criativa. Além disso, serão organizados cursos, oficinas e um programa de estágio.
O projeto da Feira Internacional da Economia Criativa, prevista para ocorrer em novembro, é uma iniciativa do Sebrae dentro do programa João Pessoa Cidade Criativa da Unesco. A feira será aberta ao público e compreenderá a realização simultânea de cinco eventos: 1º Salão Internacional do Artesanato e da Arte Popular, 1º Salão de Design da Paraíba, 1º Mostra Latino-Americana do Cinema e do Audiovisual de João Pessoa, 16º Salão Municipal de Artes Plásticas e 8ª Semana de Música. Atividades paralelas, como rodada de negócios, palestras e oficinas, também estão na programação.
Ambas iniciativas envolverão diversas entidades parceiras. Algumas delas já desenvolvem iniciativas que, inclusive, ultrapassam os limites da capital. De acordo com Marianne Goes. essa é a intenção. A gestora disse que a inclusão da UFPB no programa se dá com essa perspectiva de expandir as ações a outros municípios do Estado, aproveitando a presença dos campi da universidade. “Em Rio Tinto [campus Litoral Norte], temos grande potencial na área do design”, exemplificou.
Rede de Cidades Criativas
A Rede de Cidades Criativas da Unesco (UCCN, sigla para Unesco Creative Cities) foi criada em 2004 para promover a cooperação com e entre as cidades que identificaram a criatividade como um fator estratégico para o desenvolvimento urbano sustentável. A rede está inserida na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e na Nova Agenda Urbana como uma plataforma para que cidades demonstrem o papel facilitador da cultura na construção de cidades sustentáveis.
As cidades que compõem a rede trabalham juntas para um objetivo comum: colocar a criatividade e as indústrias culturais no centro de seus planos de desenvolvimento em nível local e cooperar ativamente em nível internacional. Nas localidades, as iniciativas preveem parcerias entre a sociedade civil e os setores público e privado, para fortalecer a criação, produção, distribuição e disseminação de atividades, de bens e de serviços culturais. A ideia é que isso seja feito por meio de polos de criatividade e inovação e pela ampliação inclusiva das oportunidades para profissionais do setor cultural, fortalecendo o acesso e a participação na vida cultural.
Atualmente, a Rede de Cidades Criativas é formada por 180 membros de 72 países, abrangendo sete áreas criativas: Artesanato e Arte Folclórica, Design, Cinema, Gastronomia, Literatura, Música e Artes Midiáticas.
João Pessoa está entre as oito Cidades Criativas do Brasil, junto com Belém, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Paraty (RJ) e Santos (SP). Em toda a América do Sul, são 18 cidades. Belo Horizonte, Fortaleza e Recife são candidatas ao ingresso na rede em 2019.