Revista, fotografias e cartazes de José Patrício dão uma mostra do cinema nas décadas de 20, 30, 40 e 50; tudo isto pode ser visto até 1º de novembro

Quem passar pela Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) poderá conferir, até o dia 1º de novembro deste ano, a exposição Coleção Cinematográfica José Patrício da Silva. Através de revistas, fotografias e cartazes ele conta um pouco da história da sétima arte, nas décadas de 20, 30, 40 e 50. “Estão expostos apenas 10% do acervo do ex-assessorista do INAPS que dedicou boa parte dos seus 75 anos ao amor pelo cinema”, afirmou a professora Edilma Pinto Coutinho, uma das organizadoras da exposição.

A viúva de José Patrício, a costureira Letícia Pereira da Silva participou da abertura da exposição. Ela veio assinar o termo de transferência de todo acervo, que agora será administrado pela Universidade Federal da Paraíba. Bastante emocionada e mesmo com dificuldades pra falar, fez questão de ressaltar a importância do evento: “É com carinho que entrego essa coleção, que poderá ser vista pelo público”.

O acervo está sob a responsabilidade da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PRAC). “O material será higienizado, classificado, indexado e colocado num banco de dados. A partir daí o público terá acesso”, explicou a pró-reitora Lúcia Guerra.

Amor incondicional

José Patrício da Silva nasceu em 1912, em Água Preta, Pernambuco. Ainda na infância, no engenho, viu as primeiras películas. Quando se mudou pra Recife, continuou a paixão pelo cinema. De tanto ver filmes, ele chamou a atenção dos funcionários dos cinemas que deram passe livre pra ele. Em média, eram duas sessões por dia. Em 1947, José Patrício casou com Letícia Pereira. Ela ajudou o marido a manter a paixão pelo cinema.

Mesmo com pouco dinheiro, o casal continuou comprando publicações como Revista Cinematográfica, Cena Muda, Para Todos, Fox Revista, Frou Frou e A Cena, dentre outras. O investimento foi tanto, que as fotos dos artistas chegavam até ao teto da casa localizada na rua Osvaldo Cruz, na Vila Carmela Dutra, Bairro do Barro, Recife. “Passei parte da minha infância nessa comunidade e conheci seu José Patrício. Ele me revelou um pouco dessa magia do cinema e fiquei apaixonada”, afirmou a professora Edilma Pinto, que hoje leciona Gestão Agroindustrial no Campus III da UFPB, em Bananeiras.

Quando ela retornou ao Bairro do Barro seu José Patrício tinha morrido (ele faleceu em 1987) e parte do acervo tinha sido comido por cupins. “A partir daí passamos a procurar uma instituição que cuidasse dessa riqueza. Levamos vários nãos e chá de cadeira. Mas, bastaram 15 minutos de conversa com a pró-reitora Lúcia Guerra pra ela dizer sim. Em um mês montamos essa exposição e a transferência da coleção foi concretizada”, afirmou a professora Edilma Pinto. A exposição na Reitoria foi montada com o apoio dos profissionais José Augusto de Moraes, José Valdir dos Santos e Ana Andrea Vieira, além de estagiários da UFPB.