O 11 de Setembro de 2011 ficou realmente marcado na memória das populações mundiais como o fato gerador de mudança social e na vida das pessoas. Essa é uma das constatações feitas por uma pesquisa sobre eventos históricos e mudanças sociais desenvolvida em 10 países: Argentina, Chile, México, Canadá, Bélgica, Itália, França, Suíça, China e Brasil
Na UFPB a pesquisa teve inicio no ano passado no Laboratório de Estudos e Representação Social Sobre o Envelhecimento e Saúde com a participação das professoras Maria Yara Campos Matos, vice-reitora, Antônia Oliveira, coordenadora da Pós-Graduação em Enfermagem da UFPB, e um grupo de estudantes. A professora Yara Matos explicou que se trata de uma linha de pesquisa ligada aos campos de biografia, história e sociologia. A pesquisa está sendo desenvolvida também junto com professores do Rio Grande do Norte e Piauí.
De acordo com o professor Stefano Cavalli, da Université de Genéve, na Suíça, a pesquisa pretende identificar a percepção e as representações que as populações desses países têm sobre eventos e transformações em suas vidas e na história. O professor Cavalli e a professora Liliana Gastron, da Universidad Luján (Argentina), estão na UFPB desde esta segunda-feira (24) apresentando resultados do trabalho e intensificando o diálogo com professores e estudantes da UFPB (foto) que participam da pesquisa.
Ele informou que o ato terrorista que derrubou as torres do World Trade Center nos Estados Unidos foi o único evento citado pelos grupos pesquisados em todos os países. Na Europa, de acordo com ele, aparecem a Segunda Guerra Mundial e a Queda do Muro de Berlim como parte desse processo de percepção e representação das mudanças na vida das pessoas. O professor informou também que, nos países da América Latina, os eventos mais citados giram em torno de questões nacionais e das Ditaduras Militares pelas quais os países do Continente passaram.
A percepção das mudanças é identificada também em eventos familiares, em torno de temas apegados a casamentos, nascimento e mortes nesse contexto familiar. Já na Europa essa percepção de mudança foca mais o mundo do trabalho.
A pesquisa é de ordem teórica, com perspectiva quantitativa e qualitativa, de acordo com Cavalli, uma vez que está analisando cerca de 10 mil questionários abertos aplicados em cinco grupos sociais identificados pela idade. O professor explicou que foram criados, para efeito da pesquisa, grupos de idade divididos pelas faixas etárias de 20-24 anos, 35-39 anos, 50-54 anos 65-69 anos e 80-84 anos. Stefano Cavalli comentou que nos grupos mais jovens têm aparecido temas mais associados às mudanças provocadas por processos tecnológicos e pela internet. Já no ambiente de faixa etária mais adulta aparece uma percepção das mudanças sócio-históricas, com temas ligados a ideia de progresso, às mídias, à medicina e aos transportes.
“Nosso trabalho não traz um impacto imediato na vida das pessoas, pois se trata de uma pesquisa teórica; estamos abrindo uma possibilidade para os estudantes fazerem pesquisa”, completou o professor ao informar que, no próximo ano, deve ser realizado um colóquio internacional para integrar todos os 40 pesquisadores envolvidos na pesquisa.
Foto: Felipe Matheus