UFPB aponta caminho para amenizar problema da habitação popular

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O pesquisador Normando Perazzo Barbosa mostrou na Semana de Ciência e Tecnologia o
método construtivo para casas populares utilizando tijolo de prensado de terra crua e apontou enorme potencial que ele representa no campo da construção sustentável. Em 2012, com essa tecnologia será construído um conjunto habitacional com sete casas.

 

Pense rápido: o que é melhor para o futuro? Resposta: é todo mundo vivendo bem. A pergunta é complexa e o caminho parece simples. Apenas parece. Para o professor Normando Perazzo Barbosa, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (DECA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), não é nada fácil frear a “ganância dos homens” em prol de uma vida sustentável.

 

Na palestra “Tecnologias sustentáveis na construção civil: um desafio para o novo milênio”, o pesquisador Normando Perazzo mostrou o quanto a sociedade de consumo gasta de energia e recursos para satisfazer necessidades supérfluas. Ele também mostrou um caminho diferente, mais consciente, econômico e eficaz. Ou seja, o uso da terra crua na construção civil.
 


Isso mesmo! É olhar pro chão pra achar o caminho. O uso da terra crua na construção civil é uma realidade em vários países do mundo e virou tema de graduação e mestrado em universidades estrangeiras. O Brasil não está fora desse contexto. Na Paraíba, as experiências já existem. Em agosto de 1995, foi levantada um primeiro Centro Comunitário, no município de Sapé, seguindo-se a construção de mais de 30 casas de terra. De lá pra cá também foram feitas experiências em Areia (uma casa de farinha foi construída no município) e Santa Rita (na Instituição Casa dos Sonhos). A UFPB é parceira dessas pesquisas, que recebe colaboração técnica e financeira de voluntários da Itália.

 

Em breve, a UFPB coloca a mão na terra para desenvolver um novo projeto: a construção de um conjunto habitacional, com sete imóveis. O trabalho terá a participação de pesquisadores do Centro de Tecnologia da UFPB. “A terra crua é disponível, reincorpora-se facilmente na natureza, permite gerar tecnologias menos impactantes, é de fácil manejo e mais econômica”,
destacou Normando Perazzo.

 

Os blocos de terra crua são batizados de Mattone em homenagem ao seu idealizador, professor Roberto Mattone, da Falcoltá di Architettura - Politécnico di Torino. A economia que eles representam pode ser explicada de forma simples: contam apenas com 4% a 6% de cimento e podem ser produzidos pelos próprios moradores que serão beneficiados com a construção dos imóveis.

 

“Ele é prensado manualmente, pesa aproximadamente sete quilos e fácil de as pessoas aprenderem a fabricá-los”, enfatizou Normando Perazzo durante a palestra “Tecnologias Sustentáveis na Construção Civil: um desafio para o novo milênio” que foi apresentada no auditório do Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e fez parte da Segunda Semana de Tecnologia.

 

A pesquisa

 

O método construtivo de casas populares adotado pelo pesquisador Normando Perazzo apresenta uma opção que  vem a ser a terra crua estabilizada com cimento, prensada
convenientemente para formar blocos com os quais se pode construir habitações de qualidade. Ocorre aqui a associação de um material moderno, o cimento, a um material milenar, a terra.

 

Essa associação apresenta enormes vantagens, tais como: geração mínima de poluição, baixo consumo energético no processo de fabricação, facilidades de gerar tecnologias apropriadas. A pesquisa mostra que a terra aplicada com uma correta tecnologia pode gerar construção de qualidade.

Detalhes desse método podem ser obtidos no artigo “Bloco de concreto de terra: uma opção interessante para a sustentabilidade da construção”, escrito pelo professor Normando Perazzo, com co-autoria dos pesquisadores Roberto Mattone e Ali Mesbah.

 

Nesse artigo, os pesquisadores fazem algumas considerações sobre esse
produto, indicando como obtê-lo adequadamente. Mostram o processo de
otimização de blocos e os ensaios de controle de qualidade, além de um
exemplo de aplicação prática.

 

O pesquisador

 

Normando Perazzo Barbosa é professor titular do Centro de Tecnologia da UFPB. Doutor em Mecânica Aplicada às Estruturas pela Université Pierre et Marie Curie, de Paris (1983). Graduado em Engenharia Civil pela UFPE (1975), mestre em Engenharia Civil pela PUC-RJ (1978), também fez curso de especialização em concreto armado no Instituto Politécnico di Milão, Itália. Consultor nas áreas de Engenharia Estrutural, Construção Civil e Materiais de Construção.  Desenvolve pesquisas sobre materiais de construção convencionais e não
convencionais (terra crua, bambu, fibras vegetais, resíduos). É um dos mais respeitados nomes na área no Brasil e fora do país.
 

 

Fonte: 
Agência de Notícias da UFPB/Cristina Dias