Professora mostra, em livro, como superar a dor do câncer

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A professora aposentada, Zandre Barbosa, revela no livro Caminhos de Superação, Editora da UFPB, os medos e as esperanças no enfrentamento ao câncer

 

“Aprender a lutar contra o câncer é aprender a nutrir a vida dentro de nós”. A afirmativa, do neuro-psiquiatra  Servan-Schereiber, é uma das passagens fortes do livro "Caminhos de Superação", da psicóloga Zandre Barbosa de Vasconcelos, publicado recentemente pela Editora da Universidade Federal da Paraíba  (UFPB). Zandre Barbosa, professora aposentada desta Universidade, conta de forma sutil e delicada a sua própria trajetória de enfrentamento de um câncer.

 

A obra é permeada de um sentimento de renascimento, que aparece no cotidiano da autora em sua luta para entender e superar as dificuldades da doença – ainda carregada de preconceito no ambiente da sociedade e nos grupos sociais. Essa ideia de renascimento pode ser detectada já desde o prefácio no qual Maria do Carmo Arcoverde Filha e Maria Irene Machado afirmam que durante o processo de quimioterapia a professora Zandre Barbosa  entregou-se à experiência e vivenciou as conseqüências do tratamento. “A impressão que fica para nós é que a Zandre de antes da intervenção cirúrgica era uma semente que germinou e deu origem a outra pessoa”, escrevem as duas.

 

No livro da professora Zandre Barbosa, o leitor passará por diversos estágios e modos de relacionamento com a leitura e com a própria doença. Há uma sequência lógica, mas, sobretudo uma linha emocional a ser perseguida no relato de “Caminhos de Superação” dado que a autora resolveu disponibilizar suas reações desde o diagnóstico da doença, a decisão por cirurgia, as sessões de quimioterapia.  Ao final de tudo, ela expõe as histórias de outros pacientes que, igualmente, se superaram no trato com o câncer.

 

Não é, rigorosamente, um livro de auto-ajuda. Mas pode ajudar as pessoas a entenderem a doença e, como conseqüência, mudarem atitudes cotidianas que facilitam o trato com o câncer.  É possível encontrar três tipos de discursos no livro da professora Zandre. O dela mesma, seus assombros e esperanças após a identificação da doença. O discurso de outros pacientes. A terceira categoria de discurso pode ser observada num conjunto de falas de ordem mais técnica que apelam para o campo da própria medicina.

 

Nesse plano aparecem depoimentos de médicos como Dráuzio Varella e Servan-Schreiber. Este último, que também vivenciou um câncer no cérebro, mostra em um depoimento o lado cruel que ainda existe no ambiente social quando o assunto é a doença. O médico afirma que, após o seu diagnóstico, entrou em um mundo cinzento, o mundo de pessoas sem títulos, sem qualidade ou profissão. Escreve o neuro-psiquiatra: “Uma noite, indo para um jantar, dei de cara com meu oncologista, um brilhante especialista que eu apreciava muito (...)  Eu o vi empalidecer, se levantar e partir com uma vaga desculpa. Tive de repente o sentimento de que havia um clube de vivos, e que estavam me fazendo compreender que eu estava excluído”.

 

É um tipo de depoimento, que combinado com outros relatos, revela o lado sombrio, da exclusão do doente. Mas esse relato não pode ser lido isoladamente na obra da professora Zandre que é permeado pelo sentimento de renovação e de esperança – uma vez que o mesmo médico Servan-Shereiber nos orienta que ter êxito na luta contra o câncer  “ é chegar a tocar na essência da vida”. Esse é o tom geral do livro “Caminhos de Superação” da professora Zandre Barbosa, ela própria - e isso mostra a sua obra publicada pela editora da UFPB, – renascida e semeadora de esperanças.

 

 

Fonte: 
Agência de Notícias da UFPB - Marcus Alves
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