Cortes na educação marcam abertura dos Encontros Acadêmicos da UFPB

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A solenidade de abertura dos Encontros Acadêmicos 2017 da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) ocorreu na tarde de ontem, 23 de outubro, no auditório Milton Paiva, no prédio da reitoria, campus I, em João Pessoa. A cerimônia foi marcada por exposições orais acerca dos cortes no orçamento da Educação Superior pública brasileira, realizados pelo governo federal. Cerca de 100 pessoas, entre estudantes e servidores docentes e técnico-administrativos, compareceram ao evento.

 

A solenidade teve início com apresentação de um trio de acordeons, composto por estudantes do Departamento de Música da UFPB, que executaram sucessos do cancioneiro popular nordestino.

 

A seguir, compuseram a mesa de abertura, a reitora em exercício Bernardina Freire, o pró-reitor de extensão e assuntos comunitários Orlando Villar, o pró-reitor de pesquisa Isac Almeida de Medeiros, a pró-reitora de graduação Ariane Norma de Menezes Sá, a diretora da Escola Técnica de Saúde (ETS) Ivanilda Lacerda Pedrosa e o presidente da Associação dos Docentes da UFPB (Adufpb) Marcelo Sitcovsky.

 

No encerramento, o professor do Departamento de Matemática João Marcos Bezerra do Ó proferiu palestra denominada “A matemática está em tudo”, tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) deste ano.

 

Os Encontros Acadêmicos da UFPB são a reunião dos Encontros de Iniciação Científica (ENIC), de Iniciação à Docência (ENID), de Extensão (ENEX) e o Institucional de Pós-graduação (ENIP), cujas atividades ocorrerão, em sua maioria, simultaneamente à SNCT, no período de 23 a 29 de outubro.

 

 

Orçamento das universidades federais

 

Na concepção do pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Orlando Villar, os Encontros Acadêmicos representam o fechamento do ano no âmbito da pesquisa, do ensino e da extensão. O gestor apontou que, desde 2015, as universidades federais sofrem cortes de recursos sequenciados e defendeu que “educação é investimento e não despesa. Ela deve ser prioridade para um povo que deseja progredir. E é através da extensão que chegamos à sociedade. Recuperar-nos desses cortes será difícil”.

 

Apesar das restrições orçamentárias, Villar recuperou pontos positivos da pasta: “A UFPB é primeiro lugar no Brasil em projetos aprovados pelo Programa de Extensão Universitária (ProExt) do Ministério da Educação. Além disso, tivemos um aumento de 21% em projetos aprovados pelo Programa de Bolsas de Extensão (PROBEX) e crescimento de 17% nos trabalhos aceitos para o Encontro de Extensão (Enext)”.

 

O pró-reitor de pesquisa Isac Medeiros, por sua vez, afirmou que a soberania nacional depende do investimento em ciência, tecnologia e educação. “A UFPB acabou de entrar para o time das 100 melhores universidades da América Latina. Isso é resultado do esforço de toda comunidade acadêmica e o ENIC é a base de tudo isso”. 

 

Medeiros destacou alguns números sobre a iniciação científica na UFPB. “Ultrapassamos a cota de mil bolsas. Cerca de 3% de nossos alunos são bolsistas de iniciação científica. A média nacional é de 1%. No ENIC deste ano, em vez de painel, apostamos nas exposições orais. Serão cerca de 1.400 trabalhos apresentados, embriões para a entrada na pós-graduação e para publicações de impacto”, observou. Ele ainda salientou o fato de os Encontros deste ano serem descentralizados, a fim de contemplar todos os centros de ensino.

 

A pró-reitora de graduação Ariane Sá, em sua fala, comentou que é durante os Encontros Acadêmicos que a graduação é vista, revisitada e observada. Ela também analisou o problema do financiamento da educação superior. “Nesta quarta, 25 de outubro, no Dia C da Ciência, haverá, no congresso nacional, votação sobre o orçamento para a educação. Devemos estar atentos. Educação não é política de gestão, é política de Estado. O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), por exemplo, está ameaçado. As licenciaturas precisam se mobilizar”, salientou.

 

Já a diretora da ETS Ivanilda Pedrosa optou por dar visibilidade ao Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) promovido na instituição. Destacou o trabalho desenvolvido no Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN/CCHSA), a exemplo de eventos como a Expotec, e os cursos oferecidos por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Desde 2012, já formamos mais de 2.500 alunos”, disse a diretora.

 

Para o presidente da Associação dos Docentes da UFPB (Adufpb) Marcelo Sitcovsky, eventos como os Encontros Acadêmicos servem para reafirmar a importância do ensino público federal. Sobre a questão orçamentária das universidades, o professor avaliou: “Estamos vivendo um momento difícil para as universidades brasileiras. Esses cortes dificultam as pesquisas em ciência e tecnologia. É uma situação dramática porque nos obriga a fazer escolhas difíceis. Para o ano que vem, está previsto corte de 50% para a área. O ensino público e gratuito está ameaçado”.

 

A reitora em exercício Bernardina Freire concluiu os trabalhos, no púlpito, afirmando que a UFPB é a célula mater da educação superior paraibana. “Provamos a nossa força em eventos como estes Encontros Acadêmicos. Estamos sempre em busca da excelência”, finalizou.

 

 

A matemática está em tudo

 

O professor João Marcos Bezerra do Ó encerrou o evento com uma conferência denominada “A matemática está em tudo”, abordando a história da matemática no Brasil e na UFPB.

 

Segundo o docente, a história da matemática no País é recente, mas já é destaque mundial desde 2005, quando ingressou no Grupo 4, formado por países com pesquisas relevantes na área. O Grupo 5 é composto por países desenvolvidos. Ele acentuou ainda o fato do brasileiro Artur Ávila ter ganhado, em 2014, a Medalha Internacional Fields de Descobrimentos Proeminentes em Matemática, que equivale a um Nobel. No ano que vem, a cidade do Rio de Janeiro recebe o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM).

 

Com relação à UFPB, João Marcos pontuou que o Programa de Pós-graduação em Matemática tem avaliação nota 5 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Na região Nordeste, só perde para o da Universidade Federal do Ceará, que tem nota 7, a máxima.

 

“Há uma assimetria no desenvolvimento da matemática no Brasil, com predomínio da região Sudeste”, explicou. Embora exista essa diferença, enfatizou que a UFPB é líder no país em produção acadêmica qualificada. “Dos 21 professores de nosso Programa, 18 são bolsistas de produtividade. Só perdemos para o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) da Universidade de Brasília (UnB) e empatamos com o da UFC”.

 

Para o pesquisador, os principais problemas da área são a distância entre o ensino e a pesquisa e o impacto da pesquisa brasileira no mundo. “A iniciação científica prepara o estudante para a pós-graduação. Só somos relevantes hoje porque preparamos e executamos um plano de desenvolvimento, de 2000 a 2015, considerando os discentes e os docentes da UFPB”, ressalvou.

Fonte: 
ACS | Pedro Paz
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