A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) está desenvolvendo um sensor inteligente, de alto desempenho e de baixo custo, para gerenciar e reduzir o consumo de energia elétrica. O projeto é fruto de parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e coordenado pela organização alemã Fraunhofer-Gesellschaft, que mantém 72 institutos de pesquisa no continente europeu e inclui unidades no Vale do Silício, nos Estados Unidos, e em Singapura, no Sudeste Asiático.
O projeto local, denominado de “ScikePB”, tem o objetivo de tornar eficiente a utilização da energia elétrica nas universidades federais do Estado, considerando o orçamento anual fixo das instituições, o elevado custo da energia elétrica, a falta de informações sobre o consumo nos campi e a ausência de dados confiáveis para a tomada de decisões, sobretudo, para a aquisição de fontes paralelas e sustentáveis.
Para isso, serão instalados sensores de medição de parâmetros elétricos nos prédios dos campi da UFPB e da UFCG, que alimentarão um banco de dados com informações sobre o consumo e com instruções de procedimentos para corrigir eventuais falhas. Esse sistema é automático e a análise e a interpretação dos dados serão realizadas através de Inteligência Artificial.
De acordo com o professor Joelson Nogueira de Carvalho, do Departamento de Ciências Exatas (DCX) da UFPB, que coordena o projeto no âmbito da instituição, a primeira etapa, que tinha o objetivo de construir os sensores, acabou de ser concluída. Já existem unidades operacionais no campus IV (Litoral Norte) da UFPB, nas cidades de Mamanguape e Rio Tinto, e no campus de Campina Grande da UFCG. Na segunda etapa, iniciada agora e com previsão de conclusão em outubro, serão definidos os procedimentos de análise dos dados.
“Nosso objetivo imediato é iniciar a construção dos sensores em larga escala e definir uma estratégia para instalação dos equipamentos em todos os campi da UFPB. Acabamos de receber o aval da reitoria para prosseguir com o projeto e adquirir os componentes necessários para a construção dos dispositivos”, contou o docente, após reunião com a reitora Margareth Diniz, na manhã do dia 7 de maio.
Para financiar as ações, o governo da Alemanha subsidia empresas desenvolvedoras no Brasil, no montante que os parceiros estrangeiros contribuem para o projeto. “Se a UFPB investe R$ 100 mil através de recursos diversos, como resposta, o governo alemão disponibiliza quantia equivalente ao parceiro”, explica Carvalho.
A UFPB foi convocada para integrar o projeto no final do ano passado, pelo professor da UFCG Edmar Candeia Gurjão, coordenador da iniciativa na Paraíba, e foram assinados, logo seguida, o Termo de Compromisso e o Acordo de Cooperação. Desde então, já houve várias reuniões de trabalho tanto no Brasil quanto na Alemanha.
Segundo Joelson Carvalho, dados da primeira unidade instalada no campus IV da UFPB já podem ser acessados em qualquer parte do mundo, por aqueles que possuem acesso ao sistema, inclusive por meio de smartphones. A página oficial do projeto, disponível nas línguas inglesa e alemã, foi desenvolvida por alunos do DCX. A equipe do Scike/UFPB é composta por professores e estudantes de graduação e pós-graduação das áreas de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação, além de engenheiros e técnicos do Grupo de Manutenção e Unidade de Tecnologia da Informação (TI).
Convites
Com o intuito de estreitar ainda mais as relações entre os dois países, será realizado, em junho, o Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2018. A equipe da UFPB que trabalha no projeto “ScikePB” foi convidada para participar do evento.
“Não foi possível ainda confirmar nossa ida. Mas Thomas Jeswein, integrante da Fraunhofer, nos informou sobre a possibilidade de exibir nosso trabalho. Possivelmente, será em um painel, apresentado por membro da equipe da UFCG”, afirmou Carvalho.
A UFPB também foi convidada para integrar reunião técnica na Alemanha, no início do mês de agosto, sobre recursos energéticos. A delegação dos germânicos deverá retornar ao Brasil, com o mesmo intento, antes do final deste ano.
Fraunhofer
A Fraunhofer é a principal organização de pesquisa aplicada na Europa. Suas atividades são conduzidas por 72 institutos e unidades de pesquisa. Sua equipe é formada por mais de 25 mil funcionários que trabalham com um orçamento anual de 2,3 bilhões de euros. Desse total, quase 2 bilhões são gerados por meio de pesquisa contratual.
Cerca de 70% da receita de pesquisa contratual da Fraunhofer é derivada de contratos com indústrias e de projetos de pesquisa financiados pelo setor público. Colaborações internacionais com parceiros de pesquisa e empresas inovadoras em todo o mundo garantem o acesso direto às regiões de maior importância para o progresso científico e para o desenvolvimento econômico.