Estudantes de Administração pesquisam mercado vegano em João Pessoa

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Um mercado em crescimento. Essa é uma das conclusões da pesquisa “Como anda o Mercado Veg em João Pessoa?”, apresentada por estudantes do curso de Administração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O evento ocorreu na terça, 12 de junho, no auditório 1 da Central de Aulas, no campus-sede da instituição, às 19 horas.

 

O trabalho foi desenvolvido durante o primeiro semestre letivo do ano para a disciplina Pesquisa de Mercado e Opinião. Uma das professoras, e também coordenadora do Laboratório de Estudos em Marketing, Interesse Social e Consumo (Lemic), Diana Lúcia Teixeira de Carvalho, conta que a intenção era oferecer uma disciplina com aplicações práticas. Divididos em grupos, os estudantes analisaram os setores hoteleiro, de restaurante, de tatuagem e de vestuário e calçados sob a perspectiva da oferta de produtos e serviços veganos.

 

“Sempre tivemos um olhar voltado para a sociedade. Percebemos que esse mercado precisa de visibilidade”, defende Diana. Para citar exemplos, a professora menciona o fato de existirem tatuadores que utilizam produtos veganos em seus trabalhos, mas não divulgam isso como diferencial. Além disso, ela conta que “a pesquisa também mostrou que os hotéis estão buscando se adaptar a esse público, ou tendo um olhar diferente para ele. No entanto, esse turista, ao buscar hotéis em sites de procura, não encontra as informações que fariam diferença na hora da escolha da hospedagem. Isso não está evidenciado”, aponta Diana Carvalho.

 

Para auxiliar os alunos na elaboração da pesquisa, a disciplina contou com a parceria do núcleo João Pessoa da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). A representante local da entidade, Nathália Viana, conversou com os estudantes sobre o que é veganismo e também sobre o mercado vegano.

 

Ao final das apresentações, destacou-se o grupo que pesquisou sobre o setor hoteleiro, reunido na foto principal com as professoras Diana Carvalho (à esquerda) e Fabiana Gama de Medeiros (com crachá), e com Nathalia Viana da SVB (à direita). O grupo apresentará o trabalho no Veg Jampa, festival de culinária e cultura vegana, a ser realizado, no fim do ano, na capital paraibana.

 

O evento acadêmico foi aberto à participação da comunidade universitária e contou com a participação de duas empresas parceiras para apresentação de alimentos veganos: Veg Leve e Gato Doce.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Veganismo, vegetarianismo

Por Rita Ferreira

 

Resultados de uma pesquisa do Ibope Inteligência, encomendada pela SBV e conduzida em abril deste ano, indicam que 14% da população brasileira, com mais de 16 anos de idade, se declara vegetariana. Em 2012, eram 8%. Hoje são quase 30 milhões de pessoas que não consomem carne de nenhum tipo, “um número maior do que as populações de toda a Austrália e Nova Zelândia juntas”, segundo comparação feita pelo Ibope, na matéria que divulgou sobre o levantamento.

 

É por isso que, aos poucos, o mercado nacional tem voltado os olhos à essa parcela cada vez mais expressiva de consumidores, que reflete tendências mundiais de busca por uma alimentação mais saudável, sustentável e ética, como explica o Ibope. A alimentação vegetariana é reconhecida por seus benefícios, sejam para a saúde humana (devido aos riscos do consumo elevado de carnes), sejam por minimizar os efeitos negativos da pecuária ao meio ambiente e o sofrimento e sacrifício de animais usados nos processos de produção.

 

Na prática, porém, ainda são muito poucos os serviços de alimentação no Brasil que oferecem opções vegetarianas em seus cardápios. Quando o fazem, geralmente essas opções estão confundidas por falácias como o ovolactovegetarianismo. Apresentam pratos sem carne, mas que incluem ovos, mel, leite e derivados, como queijos, manteiga, iogurtes, creme de leite, entre outros ingredientes de origem animal, em suas formulações - e até mesmo frango e peixe.

 

Assim, informação deve ser o ponto de partida para a compreensão das necessidades desse público emergente. Basicamente, vegetarianos e veganos consomem alimentos de origem vegetal. Simples assim. Retirar apenas a carne da alimentação não significa tornar-se vegetariano, um erro conceitual comum, reforçado ao longo do tempo, e que foi repetido na matéria do Ibope.

 

Os veganos, além de adotarem a alimentação vegetariana, evitam quaisquer outros produtos que tenham sido testados em cobaias e gerados pela exploração de animais. Entre alguns exemplos estão as roupas, calçados, cosméticos, materiais de higiene, de limpeza, e demais do dia a dia, que contenham insumos animais (seda, penas, pele, chifres, couro, seda, sebo, gelatina, gorduras, extratos, etc). Esses consumidores também não utilizam certos serviços, como de carroças, e desaprovam espetáculos que exploram bichos, tais como rodeios, touradas, vaquejadas e apresentações de animais em circos.

 

Conforme o estudo do Ibope, “mais da metade dos entrevistados (55%) declarou que consumiria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem, ou se tivessem o mesmo preço que os produtos que estão acostumados a consumir (60%). Nas capitais, essa porcentagem sobe para 65%”. São grandes dicas para empresários e empreendedores, e que reforçam o alertado pela coordenadora da pesquisa dos estudantes da UFPB. Há casos em que o produto ou serviço já é vegano, mas falta informar ao público interessado.

 

 

Fonte: 
ACS | Lis Lemos. Colaborou Rita Ferreira. Fotografias fornecidas.
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