De 11 a 15 deste mês ocorreu, em Dourados (MS), o “VI Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI)”. O encontro é um espaço que visa reunir estudantes indígenas do ensino superior de todo o Brasil, proporcionando a troca de saberes, discussão e socialização de experiências de pesquisas no ensino superior indígena, sobre saberes locais, educação, saúde, gestão territorial, direito, entre outros temas.

O evento aconteceu na comunidade indígena da aldeia Jaguapiru e contou com 27 participantes na comissão e 400 estudantes indígenas de todo o país, representando várias delegações universitárias, entre elas a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que foi representada pela aluna do Curso de Hotelaria do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA), Íhana Potiguara – integrante da comunidade indígena Potiguara, bolsista do Grupo de Trabalho Indígena, vinculado ao Setor de Estudos e Assessoria a Movimentos Populares (SEAMPO), do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

Íhana Potiguara foi apresentar o trabalho titulado: “Georreferenciamento do Território Potiguara e o Turismo”. Registra o monitoramento do turismo fomentado pelo Governo do Estado, visando entender por onde esse turismo está sendo efetivado no litoral Norte do Estado, e foi realizado em coautoria com a professora Fabiane Nagabe, do Curso de Turismo da UFPB e Jerferson Lima, bacharel em ecologia também pela UFPB. Íhana Potiguara além de representar a UFPB no evento, também foi representando os estudantes indígenas potiguara da Paraíba e o coletivo Indígena Potiguara (COINPO). A ideia é articular as pesquisas acadêmicas da UFPB e o movimento indígena da Paraíba, com os demais jovens pesquisadores indígenas brasileiros.

O espaço do encontro é privilegiado, pois conta com interlocutores, estudantes de graduação e pós-graduação, pesquisadores indígenas e não indígenas, sobretudo no que tange às práticas educacionais.

O Encontro se iniciou em 2013, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, e depois prosseguiu com as reuniões anuais, estabelecido um ciclo para que o evento acontecesse em regiões e universidades diferentes. O “II ENEI” foi realizado por quatro universidades (Universidade Católica Dom Bosco-UCDB, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul-UFMS, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul-UEMS e Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD) no Mato Grosso do Sul, a terceira edição aconteceu na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a quarta na Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a quinta na Universidade Federal da Bahia.

O “VI Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas de 2018” foi pensado pela primeira vez de ser levado para uma aldeia indígena, diferente dos locais anteriores onde era sediado, tais como universidades ou outros locais e centros históricos. A ideia era propor uma visão diferente de um evento e uma realidade vivida pelos estudantes indígenas de Mato Grosso do Sul e os demais estados do País. O tema pensado para este ENEI foi: ''Territorialidade, Lutas e Resistências dos Povos Indígenas: do Tekoha (Nosso Lugar) à Universidade'', e o encontro foi sediado na Aldeia Jaguapiru, na cidade de Dourados.

“A escolha do tema teve como princípio mostrar o protagonismo dos estudantes indígenas no contexto acadêmico, valorizando o Movimento Indígena Nacional. Dessa forma, buscou-se visibilizar e demarcar os diferentes espaços no ensino superior, na perspectiva de descolonizar o conhecimento e saberes sobre os povos indígenas, a ideia era demostrar a luta do estudante indígena para buscar seus direitos, conhecimentos, assim como o de levar os dele consigo, e toda a sua base da tradição, mantendo sua identidade étnica”, afirma Lucas da Comissão Organizadora.