A narrativa de uma história especificamente paraibana, ligada sempre aos grandes momentos da história nacional, forjada no âmbito do IHGP, nos legou o conceito de paraibanidade, como uma especificidade capaz de coligar os naturais do estado, e que foi naturalizada ao longo do século XX, ensejando a compreensão de que os paraibanos, em si, detêm peculiaridades capazes de definir sua identidade como um povo único. Nossa proposta de pesquisa se dispôs a investigar como tal entendimento foi produzido, no contexto da obra “História da província da Parahyba”, de Maximiano Machado. Com tal fito, objetivamos identificar as estratégias narrativas do renomado historiador, no sentido de entender em que consiste a singularidade da identidade paraibana, e quais os recursos retóricos utilizados nessa construção identitária. Para tanto, norteamos nossos procedimentos a partir da busca pela compreensão do histórico na sociedade paraibana, e pelas formas com que o passado foi utilizado em determinado tempo e espaço, que significados ele teve em determinados momentos, quais os interesses políticos e culturais e os projetos de futuro daquele historiador.  A pesquisa se justifica ante o escasso número de obras e autores que se voltaram à análise da historiografia local como campo de pesquisa, sobretudo dentro da temática da criação identária, apesar desta se impor como temática relevante nos estudos históricos. Sua realização representa um pequeno, embora não menos importante avanço no conhecimento da cultura histórica da Paraíba, em termos temporais, bem como da própria cultura historiográfica local, que permanece anatemizada.

Palavras-chave: Historiografia paraibana. Paraibanidade. Maximiano Machado.