Última alteração: 2017-08-16
Resumo
A presente comunicação apresenta um breve levantamento das representações acerca da diversidade em termos de identidade de gênero e sexualidades que constam na documentação do Fundo da Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Justiça, correspondente ao onipotente Serviço Nacional de Informações (SNI), durante a ditadura militar no Brasil. Tendo como referencial metodológico a perspectiva dos arquivos enquanto memória, considera-se os paradoxos de tal relação tanto no sentido de seu papel de testemunhos de ocorrências passadas, quanto de expressivos – e perturbadores – dispositivos do presente. Neste sentido, revela como os documentos retratam os sujeitos desviantes da lógica binária heteronormativa dentro do referido Fundo, buscando contribuir, de um lado, para o conhecimento acerca da sedimentação de preconceitos contra as minorias e de violações de direitos humanos básicos, como também para a ressignificação das subjetividades de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT+) em relação ao que, persistindo na condição de memória sobre a sua existência, perpetua-se no tempo através de atitudes discriminatórias e intolerantes ou de resistência e transgressão às normas sociais hegemônicas. A proposta é dar continuidade, dentro do campo informacional, às investigações que vêm sendo realizadas desde o meu pós-doutoramento em sociologia. Agora, trata-se de desbravar uma seara de pesquisa ainda inédita ou bastante incipiente na arquivologia brasileira, sob o prisma do acesso às fontes de informação acerca da diversidade de gênero e sexualidades nos arquivos públicos para a pesquisa social.
Palavras-chave: Arquivos. Ditadura. Diversidade.