Você está aqui: Página Inicial > Contents > Últimas Notícias > Do laboratório ao mercado: UFPB licencia plataforma de telessaúde e aparelho de iniciação rítmica musical
conteúdo

Notícias

Do laboratório ao mercado: UFPB licencia plataforma de telessaúde e aparelho de iniciação rítmica musical

Inovações são licenciadas para empresas, rendendo royalties para os proprietários da tecnologia
publicado: 22/08/2022 11h14, última modificação: 22/08/2022 11h14
Imagem ilustrativa.

Imagem ilustrativa.

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), por meio da Agência de Inovação Tecnológica (Inova), aprovou a comercialização de duas inovações tecnológicas. Os licenciamentos de plataforma de telessaúde e de aparelho de iniciação rítmica musical foram concedidos, respectivamente, para as empresas Wisecare Tecnologia  e Dantas & Bezerra Serviços e Treinamentos.

A plataforma de telessaúde Vídeo For Health (V4H), denominada comercialmente de Wisecare API, é uma plataforma de vídeo síncrono para teleconsultoria, teleconsulta e telediagnóstico em telessaúde desenvolvida em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e com a empresa pessoense Dynavideo, que tem como atividade econômica principal o desenvolvimento de programas de computador.

Essa tecnologia permite conexão segura ponto-a-ponto, autenticação de participantes, gravação criptografada, preservação e recuperação do vídeo, assinatura digital do vídeo e registro na blockchain, uma espécie de sistema compartilhado e imutável que facilita o processo de registro de transações e rastreamento de ativos em uma rede, de acordo com as necessidades da aplicação específica de cada cliente.

Marcelo de Abreu, CEO da Wisecare Tecnologia, focada na criação de soluções seguras, adaptáveis e com acessibilidade para ambientes de colaboração digital, opera no modelo de contratos B2B [business to business]. Ele conta que a empresa conheceu o projeto da Vídeo For Health (V4H) ainda no ambiente de desenvolvimento: “Ficamos interessados no potencial da ferramenta para atividades de extensão e pesquisa, além das potencialidades comerciais que podem derivar do uso da plataforma”, diz o CEO.

O interesse da Wisecare partiu da necessidade, ampliada diante da pandemia [Covid-19], do uso mais intenso de protocolos de vídeo embarcados em sistemas comerciais, na área de prestação de serviços. “Nesse sentido, o V4H, por possuir uma API [Application Programming Interface] customizável e de ótima performance, foi a escolhida pela Wisecare diante das ferramentas internacionais da concorrência”, revela o dirigente.

A ferramenta já está sendo utilizada por algumas instituições e empresas, incluindo a Agência Inova UFPB, devido à confiabilidade e segurança da tecnologia para se trabalhar em negociações que envolvem informações sigilosas, de acordo com Raphael Beirigo, Diretor de Licenciamento e Transferência da Inova.

Guido Lemos Filho é professor titular do Departamento de Sistemas de Computação da UFPB, atual Secretário de Ciência e Tecnologia da Prefeitura Municipal de João Pessoa e um dos inventores da plataforma de telessaúde V4H. O docente ponderou sobre sua experiência na transferência de tecnologias para o mercado e espera que este licenciamento “abra portas e facilite o processo pra outros pesquisadores que tenham pesquisas aplicadas e já estão prontas para o mercado e que encontrem empresas parceiras interessadas em levar os resultados para a sociedade, que é o que importa”.

Mag Music

Já o aparelho de iniciação rítmica musical, chamado de Mag Music, é um instrumento de auxílio no desenvolvimento da educação musical, a fim de promover a inclusão de pessoas com deficiência auditiva. O dispositivo orienta, por meio de uma linguagem visual de sinais luminosos, como executar células rítmicas presentes nas músicas.

O principal inventor do Mag Music, José Magnaldo, é professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Quando a patente foi registrada, ele era docente da UFPB. José Magnaldo diz que a abertura para a iniciativa privada se deu a partir de uma parceria com a startup Dantas & Bezerra Serviços e Treinamentos, criada a partir do Programa Centelha.

Além do aparelho, foi criado um curso online e um e-book que ajudam professores e educadores a utilizá-lo, para ensinar música. “É um aparelho de impacto social. Para mim, ver essa tecnologia sair das gavetas da universidade é uma grande felicidade, porque a gente consegue ver o impacto social quando a inovação ganha vida e muda as vidas de outras pessoas”, comemora o inventor.

Para José Magnaldo, “fazer com que o surdo entenda que a prática musical é possível dentro da sua cultura, fazer com que o aparelho se torne também uma metodologia de ensinar música para pessoas surdas, esse é nosso grande ideal, democratizar o ensino da música para todo mundo”.

Arita Luane, atual CEO da Mag Music, acredita que parceria com iniciativa privada seja a melhor saída. “É um incentivo para que alunos coloquem suas ideias em prática e já entrem e sintam a realidade do mercado, como também a abertura para solução de grandes problemas que nossa sociedade enfrenta, como, no nosso caso, a inclusão social a pessoas com deficiência auditiva”, afirma, acrescentando que os consumidores estão  encantados com a tecnologia. A startup está finalizando protótipo físico para versão web.

Entenda como funciona um licenciamento

De acordo com José Bezerra, agente de inovação da Diretoria de Transferência e Licenciamento Tecnológico da Inova UFPB, existem várias formas de transferência tecnológica. O licenciamento, uma delas, é um procedimento ou ato de outorga de direito de uso ou de exploração de criação (patente ou software) desenvolvida pela UFPB e seus parceiros. A outorga é uma permissão, uma licença que o proprietário da tecnologia dá para um terceiro explorar, usar, comercializar e produzir determinada tecnologia.

“O licenciamento permite que a UFPB transfira os direitos para uso, desenvolvimento, produção, exploração comercial, prestação de serviços ou obtenção de qualquer vantagem econômica relacionada com a tecnlogia. A licença pode ser onerosa ou não-onerosa. Nestes dois casos desta reportagem, são licenças onerosas, ou seja, o terceiro vai pagar, na forma de royalties, para os proprietários da tecnologia, ou seja, UFPB e os inventores da tecnologia”, explica José Bezerra.

Até agora, a UFPB já aprovou quatro licenças tecnológicas e há um processo em andamento para mais quatro tecnologias.

As empresas podem consultar as tecnologias produzidas pela UFPB no site da Inova, através de reportagens publicadas no endereço eletrônico da Universidade, na página do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e pelos serviços online gratuitos para pesquisar patentes e pedidos de patentes Google Patents e Espacenet.

* * *
Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins
Foto: Icaro Maia