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PROJETO DA UFPB EM BANANEIRAS BUSCA RESSOCIALIZAÇÃO DE DETENTOS INVESTINDO EM PRODUTOS AGROECOLÓGICOS
O projeto de ressocialização “Hortas para a liberdade”, do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no campus III, em Bananeiras, desenvolveu uma mini agroindústria para produção de conservas e molhos de pimenta mais baratos e sem agrotóxicos. A ação acontece por meio de uma horta agroecológica na unidade prisional de Solânea, no Agreste paraibano.
O projeto “Hortas para a liberdade” vem sendo desenvolvido desde 2016 sob a coordenação do professor Diogo Fernandes, do Departamento de Educação do CCHSA, e tendo como bolsista extensionista o aluno do curso de Agroecologia Sérgio Siddiney. O trabalho atualmente conta com a participação de quatro reeducandos. São produzidas entre 20 e 50 garrafas de preparados de pimenta por semana.
“A gente, enquanto estudante de Agroecologia, enxergou essa demanda social. Muitas vezes, as ações para ressocialização são mínimas, pouco frequentes e se concentram nos grandes centros urbanos”, avaliou o estudante da UFPB Siddiney, que participa do projeto.
Os produtos possuem autorização para serem comercializados. Após o processo de maturação, são vendidos como mercadoria artesanal. A mini agroindústria tem inspeção da Vigilância Sanitária Municipal e, em breve, deverá receber o selo da Agência de Vigilância Sanitária Estadual (Agevisa), para comercialização em todo o estado da Paraíba.
As conservas e molhos, além de legumes e hortaliças como alface, cebolinha, coentro, pimentão, tomate, couve e manjericão, também são oferecidos para a população carcerária, a fim de promover segurança alimentar e eliminar custos com a compra de produtos semelhantes.
“Nosso projeto é uma possibilidade de educação profissional e poderá contribuir para a reinserção social. Ou seja, é a agroecologia como instrumento de ressocialização”, afirmou Siddiney.
O projeto de ressocialização da UFPB foi implantado por meio de uma parceria entre estudantes do curso de Agroecologia da UFPB e a direção da cadeia pública municipal de Solânea, que aproveitou espaços até então ociosos para o desenvolvimento das hortas.
O local para cultivo foi construído com materiais recicláveis, como pneus e garrafas pets, considerando os conceitos de sustentabilidade e reutilização. “Fizermos parceria com borracharias, a Associação de Catadores da Cidade de Solânea (Catasol) e familiares dos presidiários para levantar os insumos”, informou o discente.
Para participar do projeto, os presos passam por uma triagem realizada pela direção da cadeia, considerando aspectos como natureza e gravidade do crime que cometeu, reincidência e bom comportamento. Além disso, segundo os integrantes do projeto, muitos presos que participam da iniciativa já atuaram na agricultura e por isso gostam de participar, vendo, nessa atividade, um alento para problemas como superlotação, falta de estrutura operacional e de qualidade alimentar.
Sérgio Siddiney contou que acredita no método de ressocialização, principalmente no interior da Paraíba. “A função social do projeto é tirar os apenados do ciclo vicioso da criminalidade”, destacou.
O projeto é pioneiro na Paraíba e suas atividades tiveram início em Bananeiras, no Brejo, em 2016. Também participam da iniciativa os estudantes Lucas Bras e Waldilene Rodrigues, além do diretor da unidade prisional de Solânea, André Miguel. O projeto é um dos premiados com o "Elo Cidadão 2020".