A Extensão Universitária
De acordo com o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, a Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade. Ainda na concepção do Fórum, a Extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da praxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento.
Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como consequências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade.
Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social (FORPROEX, 1987). Avançando neste conceito de Extensão, com base na análise crítica de experiências extensionistas promovidas pela Universidade Federal da Paraíba, José Francisco de Melo Neto fundamenta que extensão é entendida como um trabalho social, na qual sua ação é, deliberadamente, criadora de um produto. Constitui-se a partir da realidade humana e, como trabalho, abre a possibilidade de criação. É uma realização da universidade e da comunidade sobre a realidade objetiva, buscando a superação da dicotomia teoria e prática.
Este conceito vislumbra a concepção de extensão como produto de um esforço criativo desenvolvido entre universidade e sociedade, “não como entes separados, mas em relação permanente entre si e que, nem por isso, deixam de se diferenciar” (MELO NETO, 2004, p.54). Para o autor, a efetivação da extensão gera um produto que transforma a natureza, na medida em que cria cultura. Portanto, este trabalho social possui uma utilidade. Tem-se aí o conceito de extensão como um trabalho social e útil.
Concebê-la assim significa aceitar que “o produto deste trabalho passe a pertencer tanto às equipes dos projetos de extensão, na universidade, quanto a própria comunidade ou aos grupos comunitários, para aplicação na organização de seus movimentos” (Melo Neto, 2004, p.62). Caminhando nessa direção, Melo Neto (2006) aponta a Extensão Popular como perspectiva de valor singular para a construção permanente e crítica da universidade brasileira, apontando-se aí na direção de uma universidade popular. Popular não pelo público-alvo de direcionamento das ações. Mas popular como expressão de uma intencionalidade transformadora, em busca de mudanças, na direção do compromisso com os setores excluídos da sociedade.
Para Melo Neto (2006), na busca da modernidade, as ações educativas presentes na extensão popular voltam-se para uma ética dos fins e dos meios, resgatando-se a ética na política. Nesse sentido é que se pode desenvolver o trabalho social voltado ao exercício da democratização de todos os setores da vida social, com a promoção da participação de todos os envolvidos em extensão, incentivando, inclusive, a educação aos direitos emergentes das pessoas.
Ainda segundo o autor (2006), além dos princípios externados, pode-se desenvolver um conjunto de outros valores, norteadores de práticas extensionistas, que vislumbre os seguintes aspectos: a compartilhação dos conhecimentos e das atividades culturais; a promoção da busca incessante de outra racionalidade econômica internacional; a comunicação entre indivíduos, a responsabilidade social, direitos iguais a todos, respeito às diferenças e às escolhas individuais ou grupais, novos elementos que potenciem a dimensão comunitária e a solidariedade entre as pessoas. Experiências que retecem o tecido social com novos valores e objetivos, definindo, também, estratégias de transformação global da sociedade. São, portanto, um corpo ético que pode ajudar à construção de uma outra cultura política, através da extensão caracterizadamente popular.
Extensão Popular como expressão de atitudes superadoras de todo tipo de agentes impeditivos da intransigente e radical busca por novas concretizações de sonhos de justiça, liberdade e de felicidade.