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Modelo de ensino híbrido gera nova sobrecarga para mulheres
Desde março de 2020, com o começo da pandemia do Covid-19 um termo tomou os holofotes nas discussões sobre educação: o ensino remoto. Junto às mudanças de rotina, o aumento das tarefas e de responsabilidades, chegou a sobrecarga emocional e física na vida de muitas mulheres que fazem jornada tripla: cuidam dos filhos, realizam o trabalho doméstico e profissional.
Essa nova necessidade trouxe um desafio enorme para as mulheres mães: a de supervisionar a realização das tarefas escolares de seu(s) filho(s), sendo suas professoras e tutoras em casa. No entanto, desde o início do ano letivo de 2021, os decretos estaduais e municipais trouxeram a possibilidade do ensino híbrido, uma espécie de complementação online e presencial.
Humberlania Monteiro é professora de ensino básico, mãe de uma pré-adolescente de 11 anos, que cursa a 6ª série. Ela afirma ser a prova material de como as mulheres precisam se adaptar a esses novos tempos tecnológicos para não atrasar o aprendizado de seus filhos, já que as telas e câmeras não são o suficiente para jovens e crianças que precisam de mais atenção.
“Além de toda a aura delicada no mundo, com doenças e grandes perdas, ainda teve a privação da liberdade das crianças e aumento da convivência dentro de casa. Alguma coisa precisava ser feita, então eu me esforcei com a minha filha. Não para transmitir informação mas para educá-la, a questão do toque e do calor humano é muito importante", conta da sua experiência.
Um decreto sobre as as atividades educacionais na Paraíba, foi publicado designando que, a partir de agosto, as escolas de ensino da rede privada poderiam funcionar através do sistema híbrido. O documento define que as aulas presenciais tenham carga horária reduzida, sendo apenas três por semana. Nos demais dias, as aulas seguem online ou com atividades suplementares. Em João Pessoa, as aulas presenciais retornaram em 1º de setembro.
A servidora pública Loren Araújo é mãe de uma criança de 5 anos que está na pré-escola fase II e também está em ensino híbrido. Ela conta que nesse tempo “se tornou professora e babá”, para manter a casa em ordem, prover alimentação e se adaptar a uma criança em casa o tempo todo.
Ela afirma que essa mudança fez com que sua criatividade aumentasse, pois teve de adaptar a gerência da casa aos cuidados 24 horas com a criança. Loren acredita que a readaptação levará mais tempo, pois os laços entre mãe e filha estão mais apertados. “Será preciso ter paciência para a readaptação para o ensino presencial, pois durante a pandemia, nós passamos a ficar mais tempo em casa com as crianças, em família, agora é ainda mais fundamental uma parceria entre escola e família.”, acrescenta.
Para Giulyana Cruz, professora e dona de casa, a organização dos horários mudou. Ela e a filha de 7 anos que cursa a 1ª série seguiam uma rotina até a chegada do ensino remoto. Agora os horários de ambas ficaram flexíveis, o ensino das atividades obrigatórias são feitas quando Giulia, que estuda em escola pública, tem vontade de realizá-las.
“Ser professora, mãe, dona de casa, ajudar o marido e ainda ter tempo para ir à academia, é complicado. Giulia tinha horário para tudo, agora fazemos as tarefas no momento que ela quiser fazer”, defende Giulyana. No entanto, ela espera que a rotina escolar presencial volte em breve na capital. Mesmo com todas as complicações de horários, suas expectativas é de que tudo vai melhorar.
Extensionista: Liryel Araújo | Edição: Lis Lemos