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Empreendedoras apostam em negócios sustentáveis e artesanais

publicado: 22/12/2020 14h34, última modificação: 22/12/2020 14h34

O equilíbrio entre a produção, consumo e meio ambiente sempre foi necessário, mas em poucas situações uma realidade.  Segundo o Atlas do Plástico, entre 1957 e 2017, foram produzidos 9,2 bilhões de toneladas de plásticos o que significa mais de uma tonelada para cada pessoa viva. O Brasil está entre os maiores produtores, com 11,3 milhões de toneladas.

O Atlas também afirma que as mulheres são as mais prejudicadas em relação aos resíduos plásticos. As toxinas agem de forma diferente nos seus corpos e os produtos de higiene feminina são facilmente contaminados. Uma forma bastante comum com que as mulheres entram em contato com o plástico é na utilização dos absorventes. Apesar de facilitarem o cotidiano, aumentam a produção de lixo. Uma brasileira usa em média 9.600 absorventes durante toda a vida, que acabam destinados a aterros sanitários, fontes de água, mar e esgoto. Outra forma, é na utilização de cosméticos, que podem conter mais de cem produtos químicos e microplásticos que podem passar da placenta para o feto.

Jesley Santos sempre buscou reduzir o seu lixo e algo que incomodava a empreendedora no seu dia a dia eram os absorventes descartáveis devido a alergias e ao volume de lixo gerado. Jesley sempre trabalhou com  produção artesanal, e decidiu confeccionar seus próprios absorventes de pano à mão. A intenção inicial era fazer para ela, amigos e familiares, mas outras pessoas começaram a buscar esses produtos. Há um ano decidiu abrir sua loja online e comprou uma máquina de costura para fazer os produtos.

“As pessoas estavam procurando esses produtos e eu estava amando fazer, costurar, produzir cada detalhe. A loja estava crescendo, eu fui me apaixonando cada vez mais e enxerguei uma oportunidade, por isso decidi me dedicar de corpo e alma nesse novo negócio”, relembra Jesley Santos. 

“Nós acreditamos que para cuidar da nossa pele não precisamos de muito, o natural e simples é encantador e supre todas as necessidades da pele”,  Isabel Costa

Ela nunca havia costurado em máquina e levou em média 3 meses em um processo autodidata de testar, fazer e refazer. Quando dominou a técnica, Jesley não se contentou em produzir apenas absorventes, mas investiu também em ecobags, discos para limpeza da pele, sacolas para hortifruti, sachê de chá, entre outros produtos. Todos foram pensados para serem reutilizados e diminuir o impacto ambiental. 

“Quando fiz o primeiro e usei, eu gostei bastante e quis expandir essa experiência para outras pessoas, e justamente com absorventes foram nascendo outros produtos para diminuir o impacto dos lixos gerados pelo uso dos descartáveis”, explicou a produtora. Ela conta que os absorventes são feitos de algodão, com uma camada impermeável que não permite o vazamento e duram de 3 a 5 anos.

A empreendedora busca ir além dos produtos reutilizáveis e decidiu ter um processo totalmente sustentável. Jesley explica que busca utilizar embalagens de papel que demoram em média 3 meses para se decompor, recusando a utilização de plásticos até mesmo na compra dos materiais.

Beleza natural, vegana e sustentável

As amigas Isabel Costa e Priscila Fidelis cursaram juntas a faculdade de Gestão Ambiental e, durante o curso, buscavam uma forma de renda que pudesse ser conciliada com os estudos. Decidiram empreender por causa da flexibilidade de horário, então, há um ano abriram uma loja online de produtos de cuidados com a pele. Aprenderam a fazer os produtos em oficinas de dermocosméticos ofertadas em congressos, fizeram aproximadamente dois meses de testes, o que possibilitou um maior conhecimento e afinidade com a técnica. 

Todos as confecções da loja são naturais, veganas e artesanais. Costa explica que elas possuem preocupação desde a origem da matéria-prima até a destinação final dos produtos. As empreendedoras cultivam algumas ervas que usam na composição dos cosméticos e possuem uma política de logística reversa com os frascos, oferecendo descontos para quem devolvê-los.

A última prática faz parte da Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos e busca cuidar das embalagens ao final do consumo, a partir de um acordo entre fabricantes, distribuidores, comerciantes e importadores. A decisão permite que todos ganhem na equação, desde as empreendedoras que economizam na compra de novos fracos, o consumidor que ganha desconto na próxima compra e será um plástico a menos no ambiente. 

Grace Vasconcelos | Edição: Lis Lemos