12 de Maio: Dia Internacional do Enfermeiro

O Ano de 2020 foi escolhido para homenagear o 200º aniversário de Florence Nightingale, a figura mais icástica da enfermagem, que deu a profissão o estatuto socioprofissional que lhe faltava.

Dessa forma, torna-se pertinente relembrar a mulher e o seu itinerário revolucionário, que tão profundo impacto tiveram na saúde e na reorganização dos serviços de saúde, a nível mundial.

Esse longo itinerário e seus marcos nos permitem caracterizá-la como empreendedora social, destacando assim o seu legado:

Foi líder em networking na mobilização de poderes em prol de causas sociais e pioneira na assistência e reforma médico-sanitária, assumindo riscos ao pôr em causa os poderes e valores instalados, sempre na procura de respostas a problemas sociais.

Operou em contextos difíceis, obtendo, no entanto, resultados reconhecidos por todos. Exemplo disso foi o seu contributo na diminuição das taxas de mortalidade através de intervenções importantes no desenvolvimento da administração hospitalar, na avaliação sistemática de resultados (precursora dos registros de enfermagem), na monitorização, através da sua mestria em estatística hospitalar, e na implementação de mudanças sustentadas na prática hospitalar, fundando, assim, uma nova prática de enfermagem.

De educação esmerada e claramente diferenciada (revelando uma cultura muito acima da média), torna-se pioneira no tratamento de feridas, sendo apenas em contexto de Guerra da Crimeia, em 1854, que, conjuntamente com 38 enfermeiras, apoia feridos de guerra e se torna carismática e famosa.

Esta participação tornou-a uma figura popular no seu país, onde o seu nome era sinônimo de doçura, eficiência e heroísmo. Passou, então, a ser conhecida como a “Dama da Lâmpada” pela sua presença contínua e humanista, conseguindo instituir uma metodologia científica na enfermagem e mudar diversas práticas hospitalares. É em 1907 que se torna a primeira mulher a receber a Ordem de Mérito no Reino Unido.

Florence Nightingale foi, efetivamente, uma empreendedora que se caracterizou por ser impetuosa, persistente, poderosa, guerreira em pele de burguesa, dedicada, convicta, útil, inspiradora, brilhante, inconformada, meticulosa, pró-ativa, perseverante, destemida, pioneira, convicta, determinada, visionária, corajosa, tenaz, generosa e disposta a assumir riscos.

A sua determinação na causa social, que a impulsionou a apoiar prostitutas e a abdicar de um papel social fácil, de luxo, visando servir propósitos de saúde e sociais ousados, assinam o caráter desta empreendedora que está entre as 100 mulheres mais influentes que marcaram a história mundial.

O trabalho que realizou durante a guerra teve um impacto muito maior do que, simplesmente, a ação de reorganizar a enfermagem e salvar vidas.

Mulher convicta, determinada e destemida, defendeu a melhoria das condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes. Nightingale, enfermeira, política, epidemiologista, visionária, tornou-se um verdadeiro exemplo para muitas mulheres que, sem hesitarem, lhe quiseram seguir os passos.

Pelas razões aduzidas, a história de Florence Nightingale espelha, de modo inequívoco, a empreendedora social de referência que se tornou até aos dias de hoje.

Este 12 de maio de 2020 assume particular importância, pelo contexto da saúde que a Pandemia COVID – 19, tem colocado de exigência aos profissionais de saúde em geral e aos profissionais de enfermagem em particular.

Espera-se que o poder político transforme o reconhecimento social em reconhecimento da importância dos profissionais para a garantia do nosso SUS. Tal reconhecimento tem de passar pela valorização do trabalho multidisciplinar e multiprofissional, pela dignificação das carreiras profissionais e consequentemente revalorização profissional.

Essa será a melhor homenagem que a sociedade pode fazer à pioneira da enfermagem 200 anos após o seu nascimento, mas também, e fundamentalmente, por essa via, aos profissionais de enfermagem de hoje.