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Gestor dá dicas a bolsista sobre forma correta de gerenciar recursos
Encerrada sua participação no ciclo de palestras, o professor Leone concedeu entrevista ao aluno de Jornalismo do Departamento de Comunicação da UFPB, Ítalo Ramon, cujo resumo vem a seguir. À primeira pergunta sobre o momento correto do jovem iniciar-se em educação financeira, o especialista considera ser importante começar a experiência nessa área “desde pequeno”. Ele entende que não cabe culpa somente ao adolescente se ele gasta de uma só vez todo primeiro salário ou a primeira bolsa.
Segundo ele, a culpa deve ser atribuída aos pais e à sociedade que não tem o hábito de proporcionar educação financeira e o jovem acaba seguindo exemplos que percebe nesses universos, onde “pessoas gastam tudo sem controle, sem planejamento nem responsabilidade”. Os pais, principalmente, devem dar bons exemplos aos filhos, atitudes responsáveis e conscientes do uso do dinheiro.
Sobre a possibilidade de a criança mimada pelos pais transmitir esse comportamento aos filhos no futuro, doutor Leone enfatizou “a vida acaba tentando ensinar o correto, mas como a pessoa aprendeu errado é mais fácil que ela prossiga nessa linha de atitude, suas ações vão refletir nas dos seus filhos. Precisamos ter planejamento e controle com o objetivo de prosperar e assim mais que uma educação formal, a família receberá educação financeira”.
Em outro ponto da palestra, ele abordou a questão do consumismo e os atrativos que forçam as pessoas a aderir a tal comportamento. É como se tudo funcionasse contra as finanças pessoais. “Por exemplo, o mercado (propaganda e marketing), a internet com o marketing digital (Google e Facebook), o governo e até nossos amigos, todos eles estão contra a gente. Somos submetidos a um bombardeio de publicidade e incentivados a gastar sem controle. Logo, é você sozinho contra o mundo e, se não mantiver o foco nem planejar, você nunca vai prosperar”, sentenciou.
Em relação ao percentual ideal de reserva para o adolescente que não recebe muito e também não gasta tanto, o professor lembrou que o gasto vai depender daquilo que o jovem realmente quer comprar. “Se ele ganha pouco e não gasta quase nada, pois os pais bancam suas contas, aí deve sobrar para o lazer (festa, cinema, shopping) e os demais desejos pessoais dele. A orientação é que o lazer não deve consumir todo seu dinheiro: ele gasta, por exemplo, 50% e o restante pode guardar. Mas se o jovem não mora com os pais, ganha pouco e tem filho, não dá querer que ele consuma só a metade. Depende de cada caso”, advertiu.
Com relação aos bolsistas, ele apontou os fatores da responsabilidade e do planejamento como essenciais para uma boa educação financeira. Disse que para atingir determinados objetivos com o valor da bolsa, o estudante universitário precisa fazer uma conta ao contrário. “Se ele pretende fazer uma viagem e gastar 2.000 reais, enquanto que a bolsa atinge apenas 500 reais, vai necessitar uma reserva de 100 reais/mês e durante 20 meses pra realizar o que planejou”.
Dessa forma, o bolsista necessita enquadrar todas as demais despesas em 80% de sua renda mensal. Caso não consiga, vai ter que fazer escolhas (cortar gastos) para não extrapolar o limite estabelecido.
Na sua opinião, o endividamento é resultado do consumismo, materialismo e imediatismo, e os sintomas desse estado de coisas são as dívidas bancárias, empréstimos, falta de dinheiro todo mês e de crédito, saldo negativo e uso de cheque especial. E não basta a pessoa querer mudar, isso tem que ocorrer na prática. “Eu vou ter que me sacrificar, cortar gastos supérfluos (aqueles que proporcionam falsos prazer e qualidade de vida), para assim poder realmente recuperar meu padrão de vida”, acrescentou.
Para finalizar, o professor Rodrigo Leone apresentou sua receita de controle de gastos, “para que haja uma melhoria na vida financeira” das pessoas, principalmente aquelas que tem de administrar o pouco que recebem. Ele avaliou que “dependendo do grau, acho melhor cortar de uma vez só. Sei que uma alta dose de um remédio pode matar o paciente, mas doses muito pequenas podem não fazer efeito algum. Por isso, prefiro correr esse risco”.
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