Notícias
Gonguê
Gonguê s.m. é um instrumento idiofônico utilizado nos maracatu nação, ou maracatu de baque virado, como também é conhecido, e como consta no Dossiê de Maracatu Nação: Inventário de Referências Culturais - INRC do Maracatu Nação (p. 9), o maracatu de baque virado “(...) é uma manifestação artística da cultura popular e carnavalesca da Região Metropolitana do Recife em que um cortejo real desfila pelas ruas, acompanhado de um conjunto musical percussivo”. Vale ressaltar que o gonguê não está presente apenas no maracatu de baque virado, mas também é um instrumento presente no maracatu de baque solto ou maracatu rural, que segundo Katarina Real (apud DE OLIVEIRA, 2010, p.63), “o maracatu rural é uma manifestação típica da zona da mata norte de Pernambuco que tem sua origem no sincretismo de vários folguedos populares existentes no interior de Pernambuco (pastoril e `baianas`, cavalo-marinho, caboclinhos, folia (ou ranho) de Reis, etc.)”.
No maracatu de baque virado, o gonguê é segurado por um bastão de ferro, que é do mesmo material que a campana, é apoiado a baixo da barriga do tocador e com uma baqueta de madeira o percuti. Já no maracatu de baque solto, o gonguê possui duas campanas e ele fica apoiado a cintura e é pendurado por uma corda e tocado por duas baquetas.
Segundo o Dossiê do Maracatu nação: Inventário Nacional De Referências Culturais – INRC do Maracatu Nação (p. 58), este idiofone é “confeccionado em ferro ou aço, composto de chapas que são moldadas e soldadas até formarem uma campânula presa a uma haste, que serve de empunhadura durante seu toque”.
Guerra-peixe (1980, p. 31) acrescenta, “ “Gongué” ou “gonguê” é corruptela de ngongue, palavra de procedência banto. Designa o instrumento que consta de duas chagas de ferro fundido com aço e ligadas entre si. De um dos lados sai um cabo do mesmo material, por onde o músico o segura para executar. É a mesma peça instrumental usada nas cerimônias públicas dos Xangôs, onde se denomina “agogô”, do ioruba akoko. No maracatu as dimensões do instrumento são maiores, a fim de que, produzindo sons mais fortes, possa fazer frente à intensidade dos zabumbas - tambores maiores que os “ilus” (tambores) dos terreiros.”
O gonguê é um instrumento bastante importante no maracatu, ele é, segundo Das Neves (2017, p. 10) o que “define qual baque será tocado na hora do cortejo. É ele que manda na hora do toque”. Ainda sobre sua função, o Dossiê de Maracatu Nação: Inventário de Referências Culturais - INRC do Maracatu Nação (p. 66) “o gonguê é um exemplo que cumpre simbolicamente a função de toque sacramental que, em terreiros, é feito originalmente pelo agogô, podendo também ser feito pelo gonguê. Na função de evocação, o gonguê assume o papel originalmente feito pelo adjá”.
Lucas B. Potiguara
Referências
DAS NEVES, Marcos Ribeiro; LIMPO, CIEJA Campo. O maracatu nas aulas de Educação Física: Exu, macumba e outras significações, o sangue de Jesus tem poder!. 2017.
DE OLIVEIRA, Sofia Araújo. Cultura popular e o maracatu rural: Trilhando o caminho do espetáculo. CULTUR: Revista de Cultura e Turismo, v. 5, n. 1, p. 58-70, 2011.
DOSSIÊ DO MARACATU NAÇÃO: Inventário Nacional De Referências Culturais – INRC do Maracatu Nação. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/DOSSIE_MARACATU_NA%C3%87%C3%83O.pdf>. Acessado em 11/03/2019.
GUERRA-PEIXE, César. Maracatus do Recife. Irmãos vitale, 1980. 163 p.
Fonografia
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JoSjVI4kXLU>. Acesso em 08 jul 2019
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Vni13FtHRh0>. Acesso em 08 jul 2019