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Mussum
Mussum s.m. Ou tambor do cerrado, é um membranofone percutido diretamente, tem como diferencial sua forma de fabricação, através de um tronco escavado e lixado que se tornará a lateral do instrumento, mas optando pela permanência do aspecto do tronco e fazendo o acabamento mais brilhoso, aparentemente com algum tipo de verniz. O mestre Antônio Luiz de Matos fabrica seus instrumentos para grupos de música local, sobre o muçum, ele fala “Desse meu tambor ninguém faz. Lá no Maranhão tem que ponhá no fogo pra estica a pele. Esse daqui não perde afinação”. A membrana é de pele única de bezerro com aproximadamente três anos de idade para garantir uma afinação mais grave.
É percutido diretamente com uma vaqueta (baqueta) ou com a mão, também é tocado na lateral por outra pessoa, dando o som da madeira. Levando em consideração a tabela Hornbostel-Sachs (1961{1914]), Letícia Coelho classificou o instrumento na posição 21, por ser percutido através de uma membrana com o auxílio de baquetas, mas por ser tocado na lateral, pode ser tido como idiofônico com a forma de tocar semelhante ao número 11 da tabela, que indica sua forma de tocar no corpo de madeira com o auxílio de uma baqueta, sendo assim, um híbrido entre o idiofone e o membranofone.
No alto Jequitinhonha, em Minas Novas, os Tamborzeiros do Rei Tiago e os tamborzeiros da Irmandade do Rosário atravessam o rio, pois, segundo Letícia Coelho, “são os responsáveis por buscar e levar a imagem de Nossa Senhora do Rosário, acompanhando o rei e a rainha ao longo dos cortejos”. Três tipos diferentes de tambores são tocados, seguindo a devida ordem, o responsável por puxar a música é o “Chama”, instrumento de tamanho intermediário aos outros dois, em segundo, entra o “muçum”, conhecido também por “pancada”, sendo o maior dos três instrumentos, e o repique entra em terceiro lugar, ele é o menor dos três instrumentos.
Eraldo Kelvin Brasil de Azevedo
Referências
COELHO, Letícia. Do cerrado ao Ministério da Cultura: trânsitos e construções de um Mestre e seus tambores. PPGAS-UFSC. p. 188, 189. Florianópolis. 2012.