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Onça
Onça s.f. (ver Cuíca), tambor friccionado brasileiro. Encontrado nas margens do meio do Rio São Francisco e nos folguedos, ou nas danças do bumba-meu-boi e boi de zabumba (danças relacionadas com a restauração), no Maranhão, e em toda a região nordeste do Brasil, onde este instrumento é conhecido como tambor-onça (ver ALVARENGA, 1997, p. 213 e CHAVES, 2007).
Em um registro feito em Pernambuco no ano de 1934, a onça é, às vezes, incluída em conjuntos musicais “compostos de violões, violas de cinco cordas duplas, cavaquinho de quarto cordas, clarinete e flauta de imbaúba”, em que os músicos “tocam músicas com o coração” (ANDRADE, 1989, p. 369). A onça também é considerada um instrumento da cultura Kalunga na cidade de Cavalcante em Goiás . Outros nomes para a onça são: quica ou puíta [Pwita angolana] no nordeste, omelê no Rio de Janeiro, adufo em Alagoas, roncador, fungador, ou socador no Maranhão e no Pará, (ALVARENGA, ibid.). De acordo com Santos (2005, p. 31), em Pernambuco é conhecida como porca ou póica, utilizada em algumas nações de maracatu de baque solto², também chamado de maracatu rural (quase todos os 110 grupos de maracatu estão ligados as plantações de cana-de-açúcar), que tem sua instrumentação formada no terno – composto de gonguê, e tambores chamados mineiro [o tambor maior], tarol (ver caixa), bombo [o tambor menor] e porca – instrumentos de metais (trombone e trompete de pisto), vocais (solo e coro), o apito do mestre, chocalhos e sinos (de dentro das roupas dos guerreiros de sertão com lanças, chamados de caboclo de lança), e os chicotes de pequenas mulas”. Às vezes os nomes africanos de vu e vuvu¸ ou o nome português como ronca são usados (CRUZ & CONCEIÇÃO, 2010).
Variando entre as notas agudas e graves, o som do ronco ou estrondo da onça é obtido esfregando um bambu interno ou um bastão de madeira fixo com um pano ou dedos molhados, enquanto um dedo da outra mão pressiona uma membrana externa, onde está fixado o bambu. As notas ficam mais agudas quando pressionados mais perto do centro da membrana.
Alice L. Satomi
Tradução: Lucas B. Potiguara
Referências
ANDRANDE, Mário de. “Onça”. In: Dicionário Musical Brasileiro. Itatiaia, Ministério da Cultura e USP (Belo Horizonte, Brasília, São Paulo), 1989.
ALVARENGA, Oneyda. et al. “Cuíca”. In: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. v. 1. Pp. 213-4. Ed. M. A. Marcondes (São Paulo, 1977).
CRUS, H.; CONCEIÇÃO, A. L. da. A construção da identidade afrodescendente. Revista África e Africanidades (Belford Roxo, 2010 (2):8 www.africaeafricanidades.com
SANTOS, C. Batuque book maracatu: baque virado e baque solto. (Recife 2005)
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¹ Ver <http://www.youtube.com/watch?v=MBGT2vv5xLw> Acesso em: 18 jun 2019.
² É uma dança/cortejo/procissão que retrata a coroação dos reis na tradição carnavalesca das nações.