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Pandeiro

Homem de Melo (1977), descreve o instrumento como um aro de madeira, com aberturas espaçadas em que se colocam uma ou mais rodelas de metal. Além disso, uma das bases é coberta — ou não (caso da pandeirola) — com uma pele esticada, descrição semelhante ao que foi escrito por Mário de Andrade (1982), sendo que ele também adiciona o nome “soalhas” para se referir às rodelas de metal. Membranofone classificado como 2.1.1.3.1.1. (Hornbostel; Sachs, 1914).
publicado: 05/02/2017 08h49, última modificação: 26/08/2021 15h51
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(Foto: pandeiro.com¹)

Pandeiro com a pele voltada para baixo (Foto: pandeiro.com¹)

Pandeiro s.m. Homem de Melo (1977), descreve o instrumento como um aro de madeira, com aberturas espaçadas em que se colocam uma ou mais rodelas de metal. Além disso, uma das bases é coberta — ou não (caso da pandeirola) — com uma pele esticada, descrição semelhante ao que foi escrito por Mário de Andrade (1982), sendo que ele também adiciona o nome “soalhas” para se referir às rodelas de metal. 

Instrumento bem peculiar e versátil da música popular brasileira e pode ser classificado tanto como membranofone quanto idiofone, na maior parte das vezes. Entretanto, sua classificação é variável, sendo condicionada a forma como é utilizado. E ainda, sendo classificado como membranofone, existem duas possibilidades de classificação — fato que comprova tamanha versatilidade do instrumento. 

Desta forma, o pandeiro pode ser classificado como idiofone percutido indiretamente e agitado, se o músico opta por utilizar o instrumento apenas agitando o aro — movimento que causa o choque das soalhas entre si, produzindo som. Nos casos onde o instrumentista utiliza a pele esticada em uma das bases, o pandeiro é classificado como membranofone, "2.1.1.3.1.1." (Hornbostel; Sachs, 1914). Nesse caso, ele pode ser percutido diretamente, utilizando uma das mãos para segurar e a outra para percutir. Há também a possibilidade de movimentos de fricção na pele, utilizando os dedos de forma individual. 

Dada a versatilidade do pandeiro, ele pode ser encontrado nos mais diversos contextos musicais brasileiros, desde os mais difundidos até os mais peculiares. O pandeiro é imprescindível “no acompanhamento de música popular brasileira, desde suas primeiras manifestações urbanas” (de Melo, 1977). Desta forma, é habitual seu uso em rodas de samba, chorinho, nas escolas de samba dos carnavais, principalmente na região sudeste do nosso país. 

No nordeste, o pandeiro é também instrumento bastante usado nos mais variados gêneros musicais e manifestações culturais, como forró e frevo. É notório também seu uso no coco de embolada, ou embolada. Azevêdo (1996), classifica a embolada como “um sistema literário popular complexo e rico”. Ainda segundo ele, a embolada é cantada em duplas e o acompanhamento é feito, na maioria das vezes, no pandeiro — sendo o ganzá, ocasionalmente utilizado. Os emboladores se apresentam em locais públicos, como feiras, ruas, parques, praças, comícios, entre outros. Mário de Andrade (1982: 381) registra usos do pandeiro nos Cucumbis dos negros baianos, nos pastoris e nas folias do Divino cariocas. Também encontramos o pandeiro no norte do Brasil inserido no ciclo do Marabaixo*, possui um tamanho bem maior que os tradicionais sendo assim chamado de pandeirão, mas mantém as características organológicas do pandeiro. Ciclo do Marabaixo é um período festivo católico iniciado no sábado de aleluia, prosseguindo até o dia de Corpus Christi na capital amapaense, Macapá, em devoção ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade. (ver Caixa de Marabaixo)

Dentre os mais diversos instrumentistas que demonstraram sua arte através do pandeiro, destaca-se um que leva o instrumento em seu nome artístico: Jackson do Pandeiro. Nasceu em Alagoa Grande, no estado da Paraíba. Tavares (1998) diz que Jackson tinha o desejo de ser sanfoneiro. “Mas a sanfona era um instrumento caro, e sendo o pandeiro mais barato, foi esse que recebeu de presente da mãe, Flora Mourão, cantadora de coco, a quem desde cedo o menino ouvia cantar coco, tocando zabumba e ganzá.” Seguiu toda sua carreira de sucesso e ficou fortemente conhecido como o rei do ritmo. É hoje, sem dúvida, uma das maiores referências da música nordestina brasileira.  

Gabriel da Rosa Seixas

 Referências

 

Andrade, Mário de. Dicionário Musical Brasileiro. 1982. São Paulo.

Azevêdo, Jimmy Vasconselos de. O pandeiro e o folheto: a embolada enquanto manifestação oral e escrita. 1996. Universidade Federal da Paraíba. Disponível em: < file:///Users/gabrielseixas/Downloads/9189-11361-1-PB%20(1).pdf > Acesso em: 10 out 2016.

De Melo, José E. Homem. Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica, popular. Marcos Antonio Marcondes (ed.). São Paulo: Art, 1977.

Tavares, Clotilde. Jackson do Pandeiro: Uma homenagem. 1998. Rio Grande do Norte. Disponível em: < http://www.jacksondopandeiro.clotildetavares.com.br/principl.htm > Acesso em: 20 jan 2017. 

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¹Disponível em: <https://pandeiro.com/pt/escolhendo-um-pandeiro> Acesso em: 5 fev 2017

²Disponível em: <http://www.nscottrobinson.com/framedrums.php> Acesso em: 5 fev 2017