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Tambor grande

Tambor presente na manifestação Tambor de crioula, trata-se de um “membranofone com pele única e aberto, de formato tubular e cilíndrico” 2.1.1.2.1.1.1. (Hornbostel; Sachs, 1914).
publicado: 05/02/2017 10h17, última modificação: 15/07/2019 10h15
Tambor grande localizado no canto esquerdo da imagem. Foto do “Tambor grande” retirado do trabalho de FERRETTI; RAMASSOTE; BARROS; CORDEIRO;. COSTA; MENDONÇA; MOTA, 2006)

Tambor grande localizado no canto esquerdo da imagem. Foto do “Tambor grande” retirado do trabalho de FERRETTI; RAMASSOTE; BARROS; CORDEIRO;. COSTA; MENDONÇA; MOTA, 2006)

Tambor grande s.m.é um dos tambores que compõem a parelha no tambor de crioula, junto com o meião e o crivador.  O tambor grande também pode ser conhecido por outros nomes, isso varia conforme a região e o grupo, pode ser chamado de "rocador" (COSTA, 2004), "mãe" (MANHÃES, 2012), "roncador" (FERRETTI, 2006), "tambor maior" (PACHECO, 2013) e "rufador" (FERRETTI; RAMASSOTE; BARROS; CORDEIRO;. COSTA; MENDONÇA; MOTA, 2006). O tambor grande, “(...) o maior dos instrumentos e considerado o mais peculiar. O coreiro que o toca é louvado pela habilidade” (COSTA, 2004). Este tambor trata-se de um “membranofone com pele única e aberto, de formato tubular e cilíndrico” 2.1.1.2.1.1.1. (Hornbostel; Sachs, 1914). Na dança tambor de crioula, o tambor grande, que é o mais grave dos tambores, “(...) interage com os outros tambores, dirigindo a música e a dança, especialmente a característica punga” (PACHECO, 2013). A punga, afirma Ferretti (2005 apud MANHÃES, 2012), é “o toque do tambor grande, [que] provoca excitação rítmica corporal de tal forma que seu tocador ao fim do processo evolutivo de uma marcha (sequência de músicas ou período de execução da dança, que é delimitado por intervalos nos quais os brincantes descansam) de tambor, chega a um estágio aonde seu corpo passa a vibrar numa relação direta coincidente como o próprio ritmo executado”. 

Também vale salientar que o tambor grande pode ser considerado um instrumento híbrido, em consequência de um outro instrumento presente no tambor de crioula, as matracas, como afirmar Costa (2004), elas  “(...) são tocadas atrás da parelha, no corpo do Tambor Grande”. Apesar do nome dado ao instrumento matraca, ele não é o mesmo do presente no bumba-meu-boi. A partir das pesquisas e audições, foi possível perceber que, mesmo não sendo tocado da mesma maneira, existe uma alusão ao ritmo feito pelas matracas no bumba-meu-boi.

O tambor grande é utilizado na dança Tambor de Crioula, “(...) uma dança marcada por fortes traços africanos, na qual uma roda de mulheres baila diante da parelha de três tambores (grande, meião e crivador) tocados por homens. ” (IPHAN, 2005, p. 09 apud RAMASSOTE, 2007). O tambor de crioula é uma manifestação bem forte no maranhão, isso não significa que necessariamente essa manifestação surgiu lá, com bem afirma Costa (2004), “Dizer que o tambor é uma dança genuinamente maranhense é um certo equívoco, (...). Mas o nome e o formato, isto sim, é peculiar; é maranhense.” Costa (2004) também afirma sobre a origem do tambor de crioula “Não há uma história certa, dentre as inúmeras que existem, do surgimento do Tambor de Crioula. Para alguns integrantes de grupos, era uma festa realizada para comemoração da libertação (alforria) de um escravo, além de servir como protesto descontraído diante da condição de opressão na qual viviam os negros. Há quem diga que o Tambor surgiu logo nas fugas dos escravos, que ao se refugiarem nos quilombos, criaram a dança para animar as noites de liberdade restrita. Eram os chamados macumbeiros. ” (COSTA, 2004).

Quanto a sua construção, os tambores desta manifestação passam compartilham de um mesmo processo de construção, clique aqui para conferir o verbete do "Meião" com o relato do Marcelo Silva do Tambor Punga da Ilha sobre do seu processo de construção dos tambores (tambor grande, meião e crivador).

 

Lucas B. Potiguara

 Referências

COSTA, Rogério. Cultura Popular: Tambor de Crioula em Links e Sites. Revista Internacional de Folkcomunicação, v. 4, n. 7, 2004.

FERRETTI, Sergio Figueiredo. Mário de Andrade e o tambor de crioula do Maranhão. Revista Pós Ciências Sociais, v. 3, n. 5, 2006.

FERRETTI, Sérgio Figueiredo. RAMASSOTE, Rodrigo Martins. BARROS, Valdenira. CORDEIRO, Renata dos Reis. COSTA, Sislene. MENDONÇA, Bartolomeu. MOTA, Chistiane de Fátima Silva. Os tambores da ilha. Brasília: IPHAN, 2006.

MANHÃES, Juliana Bittencourt. A PUNGA DO TAMBOR DE CRIOULA NO MARANHÃO: ESPAÇO DE MEMÓRIA, RITUAL E ESPETÁCULO. UNIRIO. Disponível em:< manhaes. ju@ gmail. com. manhaes. ju@ gmail. com Disponível em: http://www. Ufrb. edu. br/ebecult/wpcontent/uploads/2012/04/A-punga-do-tambor-de-crioula-no-Maranh% C2% 8Bo-espac% C3% 8C% C2% A7o-de-memo% C3, v. 83, p. C3. 2012.

PACHECO, Conceição de Maria dos Santos. A constituição, a formulação e a circulação do tambor de crioula do Maranhão. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem, 2013.

RAMASSOTE, Rodrigo Martins. Notas Sobre o Registro Do Tambor De Crioula: da pesquisa à salvaguarda. Revista Pós Ciências Sociais, v. 4, n. 7, 2007.

 

Fonografia

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2Sb9sozxxBY>. Acesso em 15 jul 2019.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tUVeuYvscvA>. Acesso em 15 jul 2019.