Você está aqui: Página Inicial > Contents > Páginas > Acervo Brazinst > Membranofones > Zabumba
conteúdo

Notícias

Zabumba

Trata-se de um membranofone de dupla membrana, de formato tubular e cilíndrico.
publicado: 15/08/2016 09h49, última modificação: 25/02/2019 10h57
Exibir carrossel de imagens Zabumba artesanal (Foto: Leandro Melque¹)

Zabumba artesanal (Foto: Leandro Melque¹)

Zabumba sm. e f. Com um corpo onde a profundidade não excede seu diâmetro, variando entre 20 e 30 cm de altura e 40 e 56 cm de diâmetro, o zabumba é um tambor cilíndrico de dupla membrana se considerarmos que pode ser uma herança européia, africana ou do oriente médio, dos longos tambores tubulares. Alvarenga (1977:819) diz que zabumba também é chamado de “bumbo, bombo, bumba, caixa grande, tambor grande, ou Zé-Pereira”, preservando vários nomes em português. É também conhecido como zambê no coco do Rio Grande do Norte, e alfaia ou bumbo no maracatu de Pernambuco, com um corpo de madeira com 35 a 47 cm de profundidade e 40 a 50 cm de diâmetro.

Segundo Dantas(2011), tradicionalmente, aqueles que tocam zabumba também fabricam o instrumento da madeira e de pele de cabra ou outros animais. A pele é fixada por um aro, cordas e a afinação do instrumento é feita pelo apertar ou afrouxar das cordas, produzindo afinações mais agudas ou mais graves respectivamente. O calor do sol ou do fogo pode também ser utilizado para esticar a pele e produzir um som com afinação aguda. 

 O bumbo zabumba industrial utilizado nas fanfarras, bandas marciais e militares – corpo feito em zinco, peles sintéticas, em acrílico ou nylon, e parafusos afinadores com porcas em forma sextavada ou de borboleta – medem 38 cm de altura e entre 50,8 e 55,88 cm de diâmetro. Nessas bandas o bumbo é apoiado verticalmente sobre o peito do executante, mas, usualmente é sustentado no ombro através de uma alça chamada talabarte, em couro ou acrílico, e posicionado à frente diagonal do instrumentista, com a pele mais grave posicionada na parte superior do instrumento e a mais aguda na parte inferior. A pele superior do zabumba é tocada por uma baqueta – ou duas, no caso da fanfarra – chamada massa, maceta ou maçaneta, resposta, baqueta macia, construída com um bastão de madeira entre 1,4 cm a 3 cm de diâmetro e entre 20 e 45 cm de comprimento, cuja extremidade é recoberta e fixada por uma esfera macia em tecido ou couro.

 O zabumba artesanal faz parte de dois conjuntos ou gêneros musicais emblemáticos do nordeste brasileiro: a banda de pífanos e o baião – que hoje se utiliza do zabumba industrial, às vezes com corpo de madeira. A execução desses ritmos apresenta a peculiaridade do uso da baqueta bacalhau – “uma vareta fina, de aproximadamente 35 cm, feita de galho de árvores, bambu, palitos de palha de coqueiro ou material sintético (nylon ou plástico)” (Dantas) – que percute a membrana inferior, mais aguda, com a mão esquerda.

 O zabumba tornou-se conhecido em outras regiões do Brasil, inicialmente, através do baião e, posteriormente, do trio de forró incluindo xote, o xaxado, o arrasta-pé ou marcha. O trio instrumental do baião, constituído por sanfona, triângulo e zabumba, foi consagrado por Luiz Gonzaga que afirma ter incorporado o membranofone inspirado na banda de pífanos. O zabumba é o instrumento responsável pela marcação do ritmo nos trios de forró. Ele é o único responsável pela base de sustentação do pulso, por possuir um som grave e profundo.

 Os zabumbas artesanais são utilizados, ainda, em diversas manifestações da cultura oral usados para acompanhar o maracatu ou cambinda, uma dança que retrata a coroação de reis e está associada à carnavais de Pernambuco e Paraíba. O conjunto instrumental é composto pelo  idiofone gonguê e outros membranofones tais como tarol, caixa de guerra, porca, 12 ou mais zabumbas (também chamadas de alfaias ou bumbo com três diferentes tamanhos).  Nestes dois estados nordestinos, o zabumba marca os passos do coco, dança com textos em desafio, satíricos, cômicos ou eróticos. Em certas congadas - danças dramáticas ou bailados com cenas de conversão - em São Paulo, o zabumba é tocado com os membranofones adufe, pandeiro, e atabaque. Bombo é usado também em sambas rurais como umbigada com os outros tambores: cuíca, caixa e tamborim, reco-reco e guaiá (chocalho).

Vídeo do Brazil Instrumentarium sobre zabumba:

https://www.youtube.com/watch?v=hniTQ18roVY

Referências

O. Alvarenga et al. “Zabumba”. In: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. Ed. M. A. Marcondes. (São Paulo:Art, 1977.

G. Peixe (1970). “Zabumba, orquestra nordestina". Revista Brasileira de Folclore, 26 (1): 15-37. (Rio de Janeiro, 1970).

G. M. Dantas. A performance musical do zabumbeiro Quartinha. Dissertação em Etnomusicologia. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2011.


Alice L. Satomi

Tradução: Gabriel da Rosa Seixas

________________________________________________________

¹ Disponível em: <https://leandromelque.wordpress.com/tambores/> Acesso em 15 ago 2016

² Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=RiDM2jZ1SF8> Acesso em 15 ago 2016