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UFPB inaugura e abre ao público o Museu Casa de Cultura Hermano José
A Universidade Federal da Paraíba inaugura, nesta sexta-feira, dia 1º de julho, o Museu Casa de Cultura Hermano José (MCCHJ), o mais novo equipamento cultural gerido pela Instituição. A abertura do museu ao público integra as ações de celebração ao centenário do artista visual, gestor cultural, professor e ecologista Hermano José. O evento acontecerá às 16h, com entrada gratuita.
O museu fica localizado na Rua Poeta Luiz Raimundo Batista de Carvalho, 805, no bairro Jardim Oceania, em João Pessoa. A Reitoria da UFPB, desde o início da gestão, no final de 2020, investiu R$ 205.029,00 na reforma dos espaços do museu.
O MCCHJ é fruto da doação realizada em vida por Hermano José à UFPB, em 2015, meses antes de seu falecimento. Na ocasião, o artista doou sua residência-ateliê, suas coleções de arte e seus variados acervos. São mais de 7.500 itens, divididos entre acervo museológico, arquivístico e bibliográfico, que estarão disponíveis ao público a partir do lançamento e durante os próximos anos, com o trabalho de catalogação e exibição que está sendo desenvolvido.
O Reitor da UFPB, Prof. Valdiney Gouveia, destaca a importância de Hermano José e do museu para a cultura do estado da Paraíba. “Além de pintor, Hermano José era gravurista, poeta, diretor teatral, cenógrafo, professor de artes, professor universitário, ecologista e gestor cultural. Seu trabalho como gravurista é reconhecido. Hermano José possui gravura no Museu Metropolitano de Nova York e consta no livro ‘Gravura brasileira hoje: depoimentos’, que reúnem nomes representativos desta arte no país”, ressaltou o Reitor.
O acervo museológico inclui não só obras de autoria do próprio Hermano José, mas também de artistas paraibanos e brasileiros de diferentes gerações, tais como Fred Svendsen, Flávio Tavares, Clóvis Junior, Miguel dos Santos, Irismar Fernandes, entre muitos outros. Além de obras de arte, outras vastas coleções estão presentes, expressando o perfil colecionador do artista.
De acordo com a Vice-reitora, Profa. Liana Filgueira, responsável pelo acompanhamento direto da implementação do museu, a missão da gestão da UFPB é preservar o legado deixado por Hermano José, garantir o acesso da sociedade à sua arte e sua história e fazer com que o museu integre a rota cultural de João Pessoa e da Paraíba, contribuindo para o desenvolvimento cultural e a educação do país.
Segundo a Profa. Liana, além de professor, Hermano José foi um idealista que buscou promover o bem-estar social através do cuidado com o meio-ambiente e pela comunicação com as pessoas por meio de sua arte. Ela lembra que era desejo de Hermano José levar conhecimento à sociedade, por isso ele deixou sua residência e seu acervo para a UFPB.
“E a UFPB abraçou esse sonho de Hermano José e investiu para que hoje nós possamos estar reinaugurando e reabrindo este museu, abrindo as portas para que as pessoas possam conhecer essa história e essa arte, não só dele, mas de todas as pessoas que estavam envolvidas com ele, alunos, artistas como Flávio Tavares, dentre outros”, afirmou a Vice-reitora.
A ideia, conforme planeja a Vice-Reitoria da UFPB, é que no museu funcione como uma casa de cultura, oportunizando apresentações teatrais, de música, de dança, entre outras manifestações culturais, além de um café-escola, com alunos do curso de Gastronomia.
Segundo o coordenador do Museu, Alexandre Santos, “abrir as portas desse equipamento cultural em pleno ano do centenário de Hermano José é muito simbólico, pois concretiza seu sonho de ver nascer um museu de arte em João Pessoa e, ao mesmo tempo, é o ponto alto das celebrações dos seus 100 anos”. Na avaliação do gestor cultural, o museu deve marcar presença em várias dimensões, seja na cidade, compondo o circuito de museus existentes, seja nas artes visuais, abrindo portas à produção contemporânea e a novos artistas, seja para o entorno, envolvendo o bairro, as comunidades ao redor, as escolas e a Região Metropolitana.
Na inauguração, haverá a apresentação do Coral Gazzi de Sá, ligado à Pró-Reitoria de Extensão (Proex/UFPB). Sob regência do maestro Eduardo de Oliveira Nóbrega, o coral é composto por estudantes, técnicos-administrativos, professores e também comunidade externa. Criado em 1963, o Coral é um dos corpos artísticos mais duradouros da Instituição. Com arranjos de Eduardo Carvalho e Tom K e sob regência do maestro Eduardo de Oliveira Nóbrega, o público poderá ouvir Asa Branca (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), Anel Mágico (Marcos Viana), Cores do Vento (Alan Menken e Stephen Schwartz), Sangrando (Gonzaguinha) e Nascemos para Cantar (Shambala e Daniel Moore).
O museu funcionará de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h. Públicos escolares e grupos de turismo serão atendidos, preferencialmente, por meio de agendamento, pelo e-mail mcchj@reitoria.ufpb.br
O acervo
O MCCHJ tem um acervo amplo e bastante eclético, que transita entre mais de 20 tipologias, tais como telas, gravuras, esculturas em madeira e cerâmica, azulejos, louças, desenhos em papel, mobiliários, além de itens documentais e bibliográficos.
O MCCHJ possui um acervo bastante complexo, contendo os três tipos - acervos arquivístico, museológico e bibliográfico -, e cada um exige procedimentos de conservação, metodologias e procedimentos técnicos específicos, o que tem sido um dos grandes desafios. Segundo Alexandre Santos, a implementação do sistema ACERVUS na UFPB é muito importante pois permitirá toda a digitalização e disponibilização online como meio de salvaguarda do acervo.
Abrange, ainda, amplo acervo arquivístico, que vai de cartas trocadas com correspondentes ilustres, como Burle Max, Cecília Meireles e Ariano Suassuna, até escritos originais inéditos de Hermano José, sobre arte, política, meio ambiente e as transformações da cidade de João Pessoa, além de poemas e documentos oficiais do período em que esteve à frente de órgãos de cultura.
O acervo bibliográfico, em função da amplitude de temas e títulos abrangidos, levou à criação de uma biblioteca especializada, já implementada no Sistema de Bibliotecas da UFPB. A Biblioteca Professor Hermano José reúne mais de 3 mil livros colecionados pelo artista, além de ter recebido novos títulos em parceria realizada junto à Biblioteca Central da UFPB. A composição do acervo bibliográfico expressa diretamente o universo de interesse de Hermano José em seu ofício de docente e pesquisador.
Duas exposições compõem inauguração
Duas exposições estarão em destaque no contexto da inauguração. A primeira, intitulada “Ao mestre com carinho”, traz gravuras de alunos de Hermano José que passaram por suas aulas e pelo Atelier de Gravura em Metal do Departamento de Arte e Comunicação, criado pelo artista em 1985. Sendo uma referência da gravura brasileira, Hermano também se dedicou fortemente ao seu papel de professor, levando-o a colecionar e guardar carinhosamente trabalhos de seus alunos ao longo dos anos, muitos dos quais foram dados de presente ao grande mestre. Sob curadoria de Bertrand Martins, Bernardina Freire e Alexandre Santos, compõem essa exposição os artistas Alpidio João de Oliveira, Carlos Antônio Lacerda, Carlos Machtoub, Fernando Dantas, Francisco Palitot, Gutemberg, Hermano José, Ivanusa Pontes, José de Arimatéia, Miriam Herr, Nilde, W. Azevedo e Walter Wagner.
A segunda exposição, intitulada “Hermano e os artistas: prazer em compartilhar”, tem curadoria do professor Gabriel Bechara e é oriunda do acervo da Pinacoteca UFPB, criada por Hermano José em 1987. A coletiva é composta por telas de amigos que tiveram grandes histórias pessoais ao lado do artista. Hermano José orientou ao menos três gerações de artistas plásticos paraibanos, para os quais abriu diversas portas no mundo das artes. Ele foi fundamental nas trajetórias de nomes que, hoje, são expoentes das artes visuais. Compõem essa exposição Alexandre Filho, Archidy Picado, Clóvis Jr., Flávio Tavares, Fred Svendsen, Ivan Freitas, José Pagano, Josenildo Suassuna, Marlene Almeida, Martinho Patrício, Miguel dos Santos e Walter Wagner.
O Museu e seus espaços
Em seu interior, o Museu abriga sete espaços destinados a exposições de curta e longa duração, além de uma biblioteca especializada em artes, cultura e humanidades. Em sua área externa, um palco permanente serve de espaço para apresentações artísticas das mais variadas linguagens (música, artes cênicas, audiovisual, literatura), além de um belo jardim que se impõe por sua beleza e vista para o mar.
Dentre esses ambientes, três são destinados a exposições de curta duração, que buscam conferir dinamicidade ao MCCHJ, abrindo espaço para as novas gerações, assim como promovendo o diálogo com artistas de destaque de cenário das artes visuais. Essas três galerias servirão de espaço para ocupação artística dos que fazem a produção contemporânea das artes visuais paraibanas, promovendo a ponte com estudantes dos cursos da UFPB, mas também com artistas que estão fora do circuito acadêmico.
Os demais espaços expositivos são dedicados à exposição de longa duração que narra a vida de Hermano José e sua presença nas artes, no movimento ambientalista, na gestão cultural, na docência e outras dimensões pelas quais transitou.
Segundo Bertrand Martins, artista visual e gestor cultural, "o que está exposto no museu é apenas uma pequena parte do extenso acervo de Hermano José. Ao longo dos próximos anos, novas exposições darão conta de apresentar e representar seu universo criativo e cotidiano, conforme as pesquisas sejam desenvolvidas, e também realizados procedimentos de conservação e restauro". E complementa ao afirmar que "este museu possui acervo para dez anos de exposições inéditas, o que é um grande desafio, mas também uma potência".
SERVIÇO
Abertura do Museu Casa de Cultura Hermano José
Data: 01/07/2022 (Sexta-feira)
Horário: 16h
Local: Rua Poeta Luiz Raimundo Batista de Carvalho, 805, bairro Jardim Oceania
Entrada gratuita!