O presente artigo tem como objetivo discutir a relação entre o público e o privado no âmbito do acesso às Instituições de Educação Superior Brasileiras (IES), a partir da descrição do número de instituições, ingressantes, oferta de vagas e matrículas em nível de Brasil, Nordeste e Paraíba, considerando os impactos gerados pelas políticas públicas de acesso no contexto neoliberal. Fundamentamos a discussão em dados do Censo da Educação Superior (INEP) - (2010-2017) e em pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Superior e Sociedade (GEPESS/UFPB) - (CASTELO BRANCO; JEZINE; NAKAMURA, 2015), dente outras fontes. Os resultados apontam que o processo de expansão das IES brasileiras apresenta um crescimento significativo de ingressantes na rede privada, no âmbito nacional, regional e local. Tal crescimento representa os impactos das políticas de acesso que, ao longo dos anos, vêm reforçando a supremacia do setor privado sobre o público, acompanhando a lógica do projeto neoliberal.
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O presente artigo apresenta reflexões decorrentes da realização de estágio pós-doutoral que objetivou conhecer experiências sobre o processo de internacionalização da educação superior no Brasil e Espanha, considerando objetivos, estratégias e tensões. Para tanto, foi realizada revisão bibliográfica e analisados documentos relevantes sobre o tema, a exemplo da proposta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) através do Edital nº 41/2017, disponível na WEB Capes (2017) e o documento Estrategia para La Internacionalización de las Universidades Españolas 2015-2020. A teoria de campo científico de Bourdieu nos possibilitou ver que as estratégias utilizadas para a internacionalização da educação superior, mais acentuadas nos tempos atuais, se inserem também no jogo de lutas pelo poder e pelo monopólio da autoridade científica entre instituições acadêmicas nacionais e internacionais.
O texto discute os resultados e as aplicações das avaliações das políticas educacionais para elevar a qualidade de aprendizagem dos alunos da escola pública. Esta questão foi desenvolvida através de três eixos inter-relacionados. O primeiro questiona os resultados da avaliação educacional e sua relação com a qualidade da educação básica e o compromisso social da educação. O segundo trata da avaliação e sua reverberação na qualidade educacional da escola pública, e o terceiro reflete sobre a importância da escola pública em tempos de crises e de incertezas. Por fim, a conclusão reafirma a importância da escola pública para atender às demandas desta sociedade incerta e, também da importância de uma avaliação capaz de contribuir com a qualidade da educação e de novas aprendizagens orientadas para a promoção da cooperação, da humanização e da solidariedade internacional.
Este artículo presenta la construcción y validación de la dimensión “entorno de enseñanza” como concepto clave en este trabajo, que hace referencia a la formación del estudiantado y las interrelaciones que se establecen entre este y el profesorado. Para su análisis semántico, el instrumento fue examinado por siete expertos. Para el análisis de consistencia se aplicó una prueba preliminar a 92 estudiantes de la Universitat de València (España) y a 37 de la Universidad Federal de Paraíba (Brasil). En el análisis semántico, el instrumento fue adecuado en términos de coherencia y validez para obtener informaciones sobre el entorno de enseñanza. En el análisis de consistencia, se constató un grado de contradicción G2 cercano a 0 (0.07). El grado de certeza G1 (0.75) indica que hay concordancia entre las proposiciones, como elemento importante para estudios sobre la permanencia en la educación superior
O objetivo do estudo foi analisar o processo informacional de trabalho da Assistência Estudantil no acompanhamento ao discente, a fim de identificar possíveis pontos para melhorias, promovendo um fluxo informacional de trabalho mais coerente com as funções desenvolvidas pelos envolvidos. O elemento motivador deste trabalho foi a verificação de que as atividades apresentavam-se de maneira desarmônica e desconexa na execução das ações preconizadas pelo Regulamento da Política de Assistência Estudantil. Trata-se de uma pesquisa aplicada composta de uma primeira análise constituída por: mapeamento, modelagem e descrição do processo, através do BPMN e descrição da estrutura das atividades com base no SIPOC, em seguida a aplicação da ISO/TR 26122 adaptada. Com esse aporte metodológico foi identificado as necessidades de alterações nas atividades do Processo de Acompanhamento do Discente; com a aplicação da a Análise de Causa-raiz - Diagrama da Árvore verificou-se a necessidade de criar amparo legal, por meio de normativas institucionais, para a regulamentação do processo e promover ajustes no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA). Os resultados apontam a implantação e execução de melhorias no processo e no sistema, sendo necessários desenvolver estudos futuros para validar os resultados promovidos.
Este artigo integra uma dupla preocupação. Por um lado, procedemos a um enquadramento histórico do processo constitutivo da universidade portuguesa. Por outro, quisemos contemplar uma dimensão empírica. Para darmos seguimento às preocupações enunciadas fizemos (i) uma análise documental onde explorámos diferentes tipos de fontes (manuscritas e impressas) e (ii) aplicámos um questionário a uma amostra de 36 alunos maiores de 23 anos que se encontram a frequentar o Curso de Educação Física e Desporto (69.4%) e de Ciências da Educação (30.6%) da Universidade Lusófona no ano de 2010/2011. Para este trabalho, partimos da tese de que as universidades portuguesas, na sua origem histórica, eram um espaço para a formação das elites, e que na sociedade globalizada do conhecimento de hoje enfrentam o desafio da democratização do acesso a novos públicos. A partir da reconstituição histórica desta instituição secular, procura-se também demonstrar a relação entre poder/ saber. A universidade, ao constituir-se um bem público, rompeu as barreiras do elitismo e veio proporcionar o “abrir do fecho de acesso”, o que possibilita uma maior democratização do ingresso no ensino superior. Em síntese, o texto apresenta resultados da investigação do processo de democratização do ensino superior em Portugal.
This teaching case aims to analyze the context of the Federal University of Paraíba, which experiences the impacts of social isolation due to COVID-19, especially in conducting undergraduate classes, considering that the activities face-to-face were suspended. The case presents the facts related to the possibility of implementing a supplementary calendar, based on the concept of remote emergency teaching. Because of this scenario, the Pro-Rectory of Graduation managers needed to plan carefully to manage the uncertainties and resistance to changes that such a proposal would represent, mainly because there were no models to be based on since practically all public HEIs have suspended graduation classes. The case raises a significant dilemma: in the face of the challenges of implementing a supplementary remote calendar, is it better to follow or step back? The pedagogical objectives of this teaching case involve: analyzing the impact of COVID-19 on organizational behavior; discuss aspects related to the implementation of organizational changes; identify the use of data for decision-making and support for organizational change; and making decisions in the face of managerial dilemmas. Its analysis can be done by undergraduate students, in Administration and Public Management courses.
Este artículo aborda la cuestión del ajuste académico en las trayectorias universitarias entendiéndolo en base al ritmo de renovación de los estudiantes y de idoneidad de su rendimiento académico. El objetivo planteado es calibrar el ajuste entre ambos indicadores de rendimiento, es decir, renovación e idoneidad para poder proponer una medida integral de ajuste. Proponemos una metodología para ponderar el grado de ajuste en las trayectorias universitarias a partir de los indicadores de renovación e idoneidad mediante la propuesta de un nuevo indicador que denominamos tasa de ajuste. El procedimiento de su cálculo es a través de la adaptación del habitual índice de Gini y cuenta con la característica que permite aplicarlo a diferentes unidades de análisis (titulación, áreas de conocimiento, universidad). En la aplicación que presentamos en este artículo se describe la comparación realizada entre la Universidad Federal de Paraíba (Brasil) y la Universidad de València (España). Los resultados de este estudio permiten dar respuesta al objetivo planteado y proporcionar una dimensión del ajuste de las trayectorias académicas en las titulaciones de ambas instituciones universitarias. Esta propuesta permite observar a las instituciones universitarias según su grado de ajuste de acuerdo con los ritmos de rendimiento académico esperados a nivel institucional.
O artigo objetiva discutir a permanência dos sujeitos ingressos por políticas de cotas no contexto da expansão do sistema de ensino superior, associado às políticas de democratização do acesso e inclusão social. Baseia-se na premissa de que as políticas de expansão da década de 1990 favoreceram a constituição de um sistema de ensino superior híbrido, dada a expansão do acesso, a estruturação pelos setores público e privado e as políticas de inclusão social. O lócus de análise é a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e os cursos de Pedagogia e Direito (Campus I), cursos considerados de baixo e alto prestígio social para o mercado de bens simbólicos, respectivamente. A pesquisa caracteriza uma abordagem qualitativa, exploratória e analítica, fundamentada no pensamento de Bourdieu a partir das categorias teóricas de capital simbólico, capital cultural e prestígio social. Para a coleta de dados foi aplicada a “Escala para Avaliação da Permanência Discente” (CASTELO BRANCO; NAKAMURA; JEZINE, 2017), na qual buscamos traçar o perfil dos entrevistados pré-concluintes e concluintes, a fim de reconhecer os fatores institucionais que contribuem para a permanência. Nesses termos, os dados indicam que o acesso ou não a bens culturais gera diferenças sociais que podem ser minimizadas a partir de políticas que consideram as distintas oportunidades.
O texto analisa as três versões do “Programa Universidades e Institutos Empreendedores e Inovadores - Future-se”, apresentado pelo governo federal brasileiro. A proposta tem sido alvo de intensas críticas, desencadeando um amplo processo de mobilização e rejeição pelos órgãos deliberativos das Instituições Federais de Ensino Superior. Os procedimentos metodológicos pautaram-se por revisão bibliográfica e análises documentais com abordagem de natureza qualitativa. Na análise feita identificou-se que, além do caráter privatizante, ao propor instrumentos de autofinanciamento via captação de recursos no mercado, o programa ataca a autonomia universitária, com interferência inclusive no perfil formativo dos cursos. Ações de empreendedorismo e empregabilidade, pela proposta, devem nortear a gestão acadêmica dos cursos de graduação e pós-graduação. A lógica gerencialista, pautada em contratos e indicadores de resultado, em troca da concessão de benefícios especiais imputa restrições ao fazer universitário. A despeito da grave crise de ordem econômica, política e sanitária enfrentada no país, o governo encaminhou o projeto de lei do Future-se à Câmara de Deputados e se juntará ao conjunto de medidas de desmonte do Estado, idealizada por Paulo Guedes. Os resultados apontam que está em curso um agressivo processo de contrarreforma universitária cuja centralidade é o desmonte do financiamento público e o esvaziamento da autonomia universitária.
O texto objetiva explicitar as convergências e possíveis divergências das políticas de acesso ao ensino superior Brasil/Portugal e evidencia as influências do neoliberalismo e da globalização na constituição de uma agenda global que passa a estruturar caminhos reguladores ao nível das políticas e das ações educacionais. O argumento parte do princípio de que a educação se constitui uma estratégica política para o alcance da hegemonia econômica, política, cultural e ideológica da lógica mercantilista. No contexto brasileiro aborda-se a análise da expansão do ensino superior a partir dos dados do Censo da Educação Superior e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNDA) que evidenciam a expansão do setor privado. No caso português, corrobora o gerenciamento da União Européia e demonstra a centralidade das matrículas no setor público/estatal e a diminuição do número de matrícula no sistema de ensino superior, exigindo políticas que gerem novas oportunidades de estudo. Por exemplo, o programa Maior de 23 anos, destinado a adultos, cujo percurso académico, social e profissional pode ser objecto de validação e certificação, considerando a promoção de igualdade de oportunidades no acesso a este grau de ensino, atraindo novos públicos, numa lógica de aprendizagem ao longo de toda a vida.
O livro Políticas de financiamento da educação superior num contexto de crise organizado pelos professores Vera Lúcia Jacob Chaves e Nelson Cardoso Amaral reúne uma coletânea de trabalhos de pesquisadores da Rede Universitas-BR e participantes do Observatório da Educação “Políticas da Expansão da Educação Superior no Brasil”, financiados pela OBEDUC/CAPES e CNPq.
O presente artigo consiste em um estudo de caso e objetiva estabelecer parâmetros importantes para situar o fenômeno da evasão da educação superior a partir da análise dos microdados e sinopses do Censo da Educação Superior (BRASIL, MEC/INEP, 2002-2016), tendo como foco o contexto do estado da Paraíba, envolvendo as instituições de ensino superior públicas e privadas. Para tanto, utilizou-se como base teórica a compreensão da categoria evasão feita por Silva Filho; Motejunas; Hipolito; Lobo, 2007; Almeida; Veloso, 2002; Baggi; Lopes, 2011; Castelo Branco; Jezine; Nakamura, 2015. Os dados foram sistematizados e apresentados em forma de tabelas e gráficos, analisados à luz do referencial teórico. Os resultados apontam para importantes indicadores de evasão tanto no contexto público quanto no contexto privado, na Paraíba, através das reflexões sobre os dados relativos à taxa de abandono e de conclusão de curso.
O texto analisa o fenômeno de expansão da educação a distância (EaD) no Brasil, comandado pelo setor privado-mercantil. O Estado tem incentivado essa expansão por meio de desregulação e flexibilização das normas para abertura de polos e cursos, atendendo, portanto, ao lobby do setor empresarial que enxerga, na EaD, uma alternativa de negócios para a crise econômica enfrentada pelo Brasil na última década. A racionalidade economicista que procura associar formação rápida e custos menores das mensalidades é imposta aos trabalhadores, submetidos ao aprofundamento do processo de exploração e desmonte das estruturas de proteção social do trabalho. Forja-se um projeto de formação em massa da classe trabalhadora, pela via da EaD nas Instituições de Ensino Superior (IES) privado-mercantis, cujos desdobramentos a longo prazo são incertos e demandam a continuidade dos estudos. A abordagem metodológica está assentada nas contribuições do materialismo histórico-dialético. Os procedimentos da pesquisa pautaram-se por revisão bibliográfica, análises documentais, consulta às bases de dados estatísticos do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) e às páginas eletrônicas das IES. Os resultados apontam que as corporações empresariais atuam para minimizar os efeitos da crise econômica no desempenho financeiro dessas instituições; além disso, buscam construir consensos em torno da viabilidade econômica, pedagógica e formativa dos cursos a distância, cujo público-alvo são jovens excluídos do acesso às instituições públicas de educação superior.
Neste texto avalia-se a institucionalidade da extensão universitária a partir do Sistema Integrado de Gestão e Atividades Acadêmicas - Sigaa - da Universidade Federal da Paraíba - UFPB. A análise partiu do seguinte questionamento: o Sigaa é satisfatório enquanto instrumento de registro das ações de extensão desenvolvidas na UFPB? Os objetivos foram avaliar as opiniões e a aceitabilidade dos professores e assessores de extensão sobre o módulo e identificar fatores que poderiam contribuir para aperfeiçoar o sistema. Concluiu-se que o Sigaa permitiu qualificar o registro das ações extensionistas desenvolvidas na UFPB, assim como contribuiu para a institucionalidade da extensão universitária e sua consolidação enquanto função acadêmica e social.
O presente artigo tem como problemática o processo de expansão da educação superior no Brasil e os desafios do acesso e permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade. Nesse conjunto, objetiva analisar as concepções de igualdade de gênero nas políticas de educação superior e como estão distribuídas as matrículas por setores público e privado, considerando a variável sexo. Trata-se de um estudo qualitativo apoiado em dados quantitativos da expansão do número de cursos e matrículas, considerando o Censo da Educação Superior (2013) que aponta os 10 cursos com maior número de matrículas do sexo feminino e do sexo masculino. Tendo por base esses dados, a análise busca apreender a dinâmica na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) sob a perspectiva da sexualização/generificação das carreiras. Ao se analisar o acesso a essa modalidade de ensino de homens e mulheres na UFPB, os dados apontam que mais mulheres ingressam e concluem os cursos superiores. Todavia, ao se analisar a distribuição por cursos, ainda se mantém a feminilidade e masculinidade de determinadas carreiras profissionais. Nesse sentido, os resultados da investigação apontam que o processo de expansão da educação superior não vem acompanhado de motivações profissionais a cursos que, historicamente, se constituem como masculinos, o caso das Engenharias, e/ou cursos femininos, o caso da Pedagogia, mantendo-se processos de desigualdade entre os sexos nas carreiras profissionais.
O artigo discute a problemática da democratização do acesso ao ensino superior no contexto de crise globalizada e da situação de indefinições, particularizando o caso do Brasil. Com base em argumentos analíticos, dados empíricos e no programa brasileiro de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), questiona se a recente expansão do ensino superior brasileiro vem conseguindo modificar o cenário de elitização desse ensino, detendo-se no caso específico da Universidade Federal da Paraíba. Considera que as ações voltadas para incluir um maior número de pessoas no ensino superior podem fortalecer tanto os ideais democráticos como os processos de crescimento e desenvolvimento econômico e social do Brasil, possibilitando a construção de novos relatos históricos e transformando a instituição educacional e a sociedade.
Este artigo analisa as políticas públicas voltadas à educação superior buscando compreender o processo de inclusão/exclusão de jovens e adultos efetivado pelo Programa Universidade para Todos – Prouni. Ao refletir sobre essa temática realiza um diálogo, fundamentado pelos indicadores sociais sobre o acesso à educação formal do nível fundamental ao superior indicando que, quanto mais alto o nível formal de educação, menor o acesso de jovens e adultos das classes populares. Parte-se da premissa que as políticas públicas contemporâneas de educação superior estão voltadas para as demandas de mercado e atendem ao prenuncio dos organismos internacionais para a reforma do estado, que passa de provedor a avaliador, e de políticas voltadas às demandas excluídas da sociedade a partir de programas de inclusão para jovens e adultos historicamente excluídos. Concluí-se que as políticas públicas contemporâneas de educação superior estão voltadas para as demandas de mercado e atendem as diretrizes dos organismos internacionais, não favorecendo a efetivação de políticas de Estado voltadas às demandas internas de Jovens e Adultos historicamente excluídos.
O estudo objetiva discutir políticas de expansão da educação superior no Brasil relacionando-as aos programas acadêmicos do campo da pesquisa, em que se busca apreender elementos para a permanência em cursos superiores. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de análise documental e de dados quantitativos de modo que se possa traçar relações entre o crescimento do número de matrículas e a participação em programas acadêmicos. Para este debate e seus desdobramentos tomou-se como referência estudos de Silva Jr. e Sguissardi (2001), Chaves (2010) e Jezine, Castelo Branco e Nakamura (2015), dentre outros. Os dados de ingressos e concluintes em programas acadêmicos de pesquisa foram coletados junto à Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Os resultados indicaram o descompasso entre as políticas de expansão e os programas acadêmicos existentes; a inserção de alunos em programas acadêmicos pode gerar maiores perspectivas de permanência com conclusão do curso.
O Dossier Educação Superior: novos cenários em políticas públicas, gestão e avaliação, publicado nesta edição, organizado por Edineide Jezine & Uyguaciara V. Castelo Branco, professoras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), do Programa de Pós- -Graduação - Mestrado Profissional em Políticas Públicas, Gestão e Avaliação da Educação Superior (MPPGAV), trata de uma temática de ampla relevância, para pesquisadores interessados, ampliando a base teórica disponível, assim como torna-se um importante instrumento para uma gestão de maior eficiência e eficácia por parte das Instituições de Ensino Superior (IES), tanto no contexto brasileiro, como global, uma vez que compete a essas instituições o papel de construção do conhecimento, formação de pessoal para o mercado de trabalho, assim como formação docente, para disseminação do conhecimento, garantindo empoderamento social, sobretudo aos sujeitos em situação de vulnerabilidade social e econômica. Para isso, os nove artigos aqui dispostos tratam de temáticas que envolvem as políticas públicas, a gestão das IES e, sobretudo, as investigações que tem como objetivo a avaliação das práticas existentes, visando contribuir para melhor compreensão acerca da temática na atualidade.
O presente artigo é fruto da pesquisa intitulada “Aspectos subjetivos da condição de permanência dos estudantes de camadas populares na Universidade Federal da Paraíba” que discute os desafios enfrentados pelos alunos no processo de permanência na universidade. A pesquisa é de base qualitativa e de estudo de caso realizada com estudantes do curso de Pedagogia (Área de aprofundamento na educação do Campo), em que investiga as trajetórias individuais de jovens em situação de vulnerabilidade social na educação superior. Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram questionários e entrevistas semiestruturadas. Os dados do questionário possibilitou traçar o perfil social dos estudantes a partir das variáveis: sexo; cor; tipo de escola e, escolaridade e ocupação dos pais, permitiu também, escolher os sujeitos a serem entrevistados. As entrevistas deram‐se com três jovens considerados em situação de vulnerabilidade, e analisadas a partir da técnica de análise do discurso de Bardin (1977) e dos fundamentos teóricos de Bourdieu (2002), Zago (2006), Vargas (2009) dentre outros. Através dos relatos recolhidos, foi possível inferir que, no interior da universidade, outros e diferentes processos de exclusão ocorrem e demandam novos e diferentes desafios à permanência com conclusão em cursos superiores.
El estudio analiza el fenómeno de éxito escolar «improbable» o «atípico» en la Educación Superior: se trata de casos de jóvenes estudiantes oriundos de sectores populares y egresados de escuelas públicas que asisten a cursos superiores de alto prestigio social en la Universidad Federal de Paraíba (UFPB), localizada en la región Nordeste de Brasil. Describe las nociones de éxito y de fracaso escolar y problematiza experiencias de estudiantes, en sus trayectorias educativas, a partir de sus relatos y de las estrategias de superación de las dificultades hacia el éxito académico, planteado por la Sociología de lo Improbable.
O presente artigo apresenta dados da pesquisa intitulada “Inclusão, Equidade e Excelência Acadêmica nas Políticas de Educação. O acesso ao Ensino Superior no contexto da globalização”, e tem por objetivo principal a análise das políticas de acesso e democratização do ensino superior, a partir do estudo de caso da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Foi feito um recorte temporal do período de 2008 a 2012, que corresponde à implantação do Decreto No 6.096/07, que aprova o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Foram analisados os dados socioculturais dos aprovados no Processo Seletivo Seriado (PSS) da UFPB, para ingresso nos cursos de graduação presencial, além de documentos que descrevem as ações inclusivas implementadas pela UFPB no período estudado. Os dados apontam que as políticas de ampliação de vagas, favorecem o acesso dos estudantes oriundos de grupos sociais discriminados ou menos favorecidos, o que é confirmado através da diferenciação no perfil dos ingressos, em relação a anos anteriores. Discutem-se, com base nos dados verificados, as consequências do novo perfil da UFPB para a adoção de políticas acadêmicas que garantam processos de inclusão, que envolvam o acesso, permanência e sucesso dos alunos.
O presente texto enfoca a relação entre educação superior, violência institucional e simbólica e exclusão, ensaiando discutir esses vínculos a partir de reflexões sobre a existência de evasão na universidade brasileira. Sem considerar a instituição educativa como responsável direta por esses fatos entende que, a lógica da sua organização e funcionamento ajuda a contribuir para a multiplicação das desigualdades que propiciam os mecanismos de evasão; ao mesmo tempo em que se apresenta como um espaço de crítica e combate às desigualdades e exclusões sociais e a violência. De forma provisória destaca que: dependendo da postura e dos procedimentos educativos assumidos pela instituição e seus representantes, ela poderá continuar atuando em favor de produção e reprodução de desigualdades; tornar-se um espaço de combater a exclusão e à violência, ou equilibrar-se entre esses dois movimentos, dependendo do jogo de força estabelecido pelos grupos antagônicos. Configurado como um estudo exploratório e de abordagem qualitativa, utiliza fontes teóricas, acadêmicas e documentais para discorrer sobre o assunto, sem oferecer conclusões precisas.
O ensino remoto foi fundamental para assegurar a continuidade dos estudos no ano de 2020. O presente artigo tem por objetivo refletir acerca das percepções dos estudantes matriculados nas séries finais do ensino fundamental sobre essa modalidade de ensino. A partir de uma metodologia qualitativa que teve como instrumento de coleta de dados, questionários semiestruturados, foram recolhidas respostas de 36 discentes. Os resultados apontados nos levam à seguinte conclusão: conhecer as necessidades dos estudantes, bem como as suas percepções do ensino que lhes estava sendo proporcionado, foi uma tarefa fundamental para a elaboração de estratégias por parte da escola que visassem contemplar necessidades, dirimindo assim, os prejuízos provocados pelo fechamento das escolas.
O artigo analisa o processo de diferenciação social no cenário da expansão do acesso à Educação Superior e suas interseções com as questões de classe e gênero, categorias determinantes na hierarquização e desigualdade social. Para tanto, objetiva-se compreender como as diferenciações de classe e gênero impactam o acesso às carreiras profissionais masculinizadas e feminizadas. Trata-se de pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Educação, nível Mestrado, na linha de pesquisa Educação Popular (PPGE/UFPB). Realizou-se o estudo de caso de quatro cursos da Universidade Federal da Paraíba - UFPB: Pedagogia, Enfermagem, Engenharia Civil e Engenharia de Produção, analisados com base nos dados de matrícula dos estudantes conforme indicadores de sexo, renda familiar e origem escolar, disponibilizados pelo Sistema de Tecnologia de Informação - STI/UFPB. O trabalho parte da hipótese de que as questões de gênero e classe são relacionais, sendo expressa, de forma interseccional no acesso às carreiras profissionais. Os dados comprovam que as áreas masculinizadas possuem maior prestígio social, consequentemente, são reduto de homens brancos de classe média, enquanto que as áreas feminizadas tendem ao menor prestígio social, sendo predominado por mulheres pobres. Conclui-se que há uma hierarquização no acesso, que, por sua vez, é relacional ao processo da estratificação social no âmbito das carreiras profissionais; precarização de algumas profissões e sua respectiva mão de obra, em detrimento de outras; posição de privilégio social do homem branco de classe dominante e a separação de cursos para ricos e pobres no âmbito da educação superior, mesmo após o processo de diversificação do sistema de educação superior.
O artigo aborda os impactos da Formação Superior em Educação do Campo no perfil socioeconômico e profissional de egressos desse nível de ensino (2014-2017). Trata-se de uma pesquisa de Mestrado, de abordagem qualitativa do tipo exploratória, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Objetiva-se discutir a formação oferecida pelo Curso de Pedagogia – Área de aprofundamento em Educação do Campo, da UFPB, para apreensão de seus impactos na vida de seus egressos. A análise apoia-se em dados do perfil socioeconômico, obtidos por meio de questionário e entrevistas aplicadas junto aos sujeitos interlocutores da pesquisa. Fundamenta-se em diretrizes do Projeto Político Pedagógico (PPP) do curso à luz da teoria do Capital Cultural (BOURDIEU, 2002), dentre outras fontes bibliográficas e documentais. Os resultados evidenciam que o perfil socioeconômico dos egressos apresenta características comuns ao curso investigado, sendo composto por um público majoritariamente feminino, autodeclarado preto/pardo e de baixa renda. Conclui-se que a formação em Pedagogia com área de aprofundamento em Educação do Campo, de modo geral, apresenta impactos significativos ao perfil dos profissionais formados, tais como a continuidade da carreira acadêmica, a atuação profissional exercida na mesma área da formação e a relação teoria e prática consonante com a realidade campesina. Ademais, o curso traz novos direcionamentos aos egressos, fazendo com que eles passem a ter uma visão crítica sobre o mundo, bem como sobre a própria Pedagogia pautada no projeto de Educação do Campo.
Analisa-se a relação Universidade e sociedade a partir de duas experiências na área da saúde no Nordeste brasileiro, desenvolvidas no Programa Saúde e Cidadania – SACI/UFRN e o Programa Atividade Curricular em Comunidade – ACC/UFBA. Contextualiza-se a investigação a partir de uma reflexão crítico-analítica, na qual se concebe a retroalimentação entre teoria e prática, tal qual é realizada na práxis dialética. Para se conhecer o campo empírico realiza-se durante a pesquisa, entrevista com professores, gestores e alunos, leituras de relatórios e projetos para identificar as visões dos participantes sobre o papel da universidade frente às demandas sociais, objetivo deste estudo. Verifica-se que nas práticas acadêmicas realizadas no SACI e na ACC há proposta do diálogo com os diferentes atores da sociedade, na problematização da realidade e na produção de um conhecimento contextualizado, o que possibilita aos sujeitos envolvidos refletirem sobre o seu mundo sensibilizando-os a promoverem sua transformação. Constata-se que a compreensão dos fins da Universidade, está nas falas dos participantes dos programas estudados, apontando que um dos papéis da Universidade é produzir cultura, participar da dinâmica da sociedade, refletir junto aos atores sociais seus problemas, pensar o mundo, o local e apreender os diferentes saberes existentes na sociedade e não apenas formar profissionais.
O presente trabalho integra o projeto «Políticas de Educação Superior: os desafios da inclusão, acesso e permanência no contexto da expansão das Universidades Federais» (Edital Universal CNPq. Nº 14/2013) e tem por objetivo apresentar a construção e validação da Escala para Avaliação da Permanência Discente (Nakamura; Castelo Branco; Jezine, 2016), que intenciona avaliar os fatores que possibilitam a permanência de alunos na educação superior brasileira. Utilizamos, como suporte teórico, os trabalhos de alguns autores, a exemplo de Ronsoni (2014); Sguissardi (2009); Ristoff (1999; 2011); Neves; Raizer; Fachinetto (2007); Baggi; Lopes (2011); Zago; Pereira; Paixão (2015); Zago (2006); Polydoro (2000); e Bittar; Oliveira; Morosini (2013). São apresentados os passos seguidos para submissão do instrumento a um grupo de expertises e o uso da Lógica Paraconsistente (Da Costa, 1999; Abe, 1992; Subrahmanian, 1987) como critério de validação dos resultados obtidos. Na primeira etapa do processo de validação, a semântica, constatou-se que a análise de pertinência e relevância apontou que a escala é adequada e coerente, para a obtenção de informações relativas à permanência do estudante em determinado curso superior, obtendo mediana igual a 5. Na segunda etapa, a de consistência, constatou-se, a partir do processo de validação aplicado, a lógica paraconsistente anotada, LPA2v, que a escala construída é consistente e que as proposições não produziram contradições e foram suficientes, não sendo detectada falta de informação.
O texto é um ensaio a partir de reflexões teóricas sobre a violência institucional e simbólica na educação superior em que se busca analisar a interface como a evasão em processos de exclusão. Trata-se de um estudo exploratório e de abordagem qualitativa, que utiliza fontes teóricas e documentais a fim de suscitar diferentes investigações. O debate centra-se nos elementos contraditórios da instituição universitária no contexto de expansão do acesso, parte-se do princípio que a lógica de sua função, organização e funcionamento contribuem para a multiplicação das desigualdades e mecanismos de evasão. Entre opostos e contradições, a análise indica a instituição universitária como um espaço de crítica e combate à violência, de luta e produção de conhecimento crítico.