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Cultura Popular
Projeto contribui com a cidadania por meio da dança
Imburana é um grupo de dança que surgiu há doze anos, a partir de uma disciplina “Danças populares”, optativa do curso de Educação Física, ministrada na UFPB. Os alunos gostaram tanto do que aprenderam que se motivaram a dar continuação. Com isso, transformou-se no projeto extensionista “Grupo imburana: ações da cultura popular afro-brasileira no desenvolvimento da cidadania”. Não é só pelo prazer proporcionado pela dança, o projeto objetiva a divulgação da diversidade da cultura popular aplicada à dança, e acredita na capacidade transformadora que a arte desempenha. O movimento expressivo que é aplicado na arte da dança carrega o peso de levar ao público sensações. Essas emoções são uma ferramenta de mudanças.
Andreza Ribeiro, uma das integrantes do grupo, teve seu primeiro contato com a dança popular por meio de um projeto social, desenvolvido na comunidade do Citex, na capital pessoense. No contato com o cenário cultural popular, presenciou várias apresentações do grupo de dança Imburana, o que despertou seu interesse em ser integrante da equipe. Apesar de não ser da comunidade acadêmica da UFPB, foi bem acolhida pelo grupo.
Por ser assistente social e ex-moradora de comunidade, Andreza faz a integração direta com o projeto e conhece de perto a realidade local. “Eu venho de uma situação que se faz uma disputa grande entre o trabalho social e o tráfico de drogas. Eu quero contribuir e disseminar a cultura popular, mostrar para jovens, que são de uma realidade periférica, que a cultura é uma opção”, contou. Sua esperança é transforma vidas como a dela ao contribuir e incentivar a dança.
Segundo o coordenador do projeto Marcelo Bulhões, os integrantes do Imburana dão aulas de dança em escolas públicas, ensinando as coreografias e sobre a cultura popular. "Mostrando que o conteúdo das danças populares pode adentrar no campo da educação física de maneira prazerosa, equilibrada e efetiva”, disse Marcelo. Ele contou também que mais de 7 mil crianças já foram atendidas. A cada semestre acontece o festival de danças populares, em que cerca de 300 crianças atendidas pela ação são levadas para o ginásio do GI na UFPB, onde vão expor tudo o que foi aprendido com os professores-multiplicadores participantes desse projeto.
Além das apresentações propriamente do grupo, das oficinas ministradas e organização dos festivais, o projeto conta com a parte teórica, que seria a pesquisa. O bolsista do projeto Jhonatan Moreira está no grupo há cinco anos e, quando entrou, não tinha conhecimento sobre a cultura popular. A partir de uma das pesquisas com os mestres nordestinos, sentiu-se diferente na relação com a dança. “No contato com os mestres você acaba sentindo a verdadeira relação. São pessoas que vivem para a dança, não que vivem da dança”, relatou.
São doze anos de trajetória, e doze anos de evolução. Marcelo conta que no começo o grupo se restringia ao Parafolclore (reinterpretação das danças já estabelecidas pela cultura popular com músicas já gravadas). No segundo ano, começou a se fazer um trabalho já tocando músicas ao vivo, mas ainda reprodução de outros. A partir do terceiro ano, começou a tocar músicas autorais. “O novo baseado na tradição dos ritmos. O que trabalhamos são nossas coreografias, nossas letras, adequando ao ritmo da tradição”, explicou. Agora se faz homenagens para alguns dos mestres da cultura popular, neste ano, em especial: Dona Teté de São Luiz do Maranhão.
Um dos integrantes mais antigos do projeto é Cristiano Mendes, que está no Imburana há dez anos, e se interessou pela ação por meio da disciplina optativa “Danças populares”, citada no início desta reportagem. Cristiano relatou que a extensão abre um leque de possibilidades para a pessoa se descobrir. “Esse projeto acabou por me fazer querer mudar de curso. Eu saí de comunicação, fiz outro vestibular e entrei em educação física”, declarou. Agora como professor se sente mais que satisfeito, principalmente levando a dança popular para dentro da sua disciplina, mas reconhece as dificuldades enfrentadas. “Levar a dança popular para dentro da escola é um desafio, tem que ser persistente, porque acham que a Educação Física é apenas jogar uma bola para os alunos e pronto”, completou.
Incentivos para a disseminação da cultura popular brasileira se faz necessário por causa da banalização estabelecida, segundo o coordenador do projeto. Toda cultura que é ligada ao negro e ao pobre é destituída de valor na sociedade brasileira. Há sempre uma luta de tentar mudar esse panorama. E o imburama é uma dessas tentativas”, afirmou.
Para participar dos ensaios aberto ao público: segundas e quartas das 19h às 21h30, no ginásio do GI, ao lado da creche da UFPB nas dependências do curso de Educação Física.
Para saber mais sobre o projeto:
https://www.facebook.com/imburana.oficial/
*Reportagem de Gleyce Marques - Bolsista PRAC (2018)