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Saber e conscientização

Ferramenta de promoção de saúde
publicado: 11/05/2018 18h55, última modificação: 19/05/2018 16h13

Do aprendizado à conscientização

Falar sobre a vida sexual ainda deixa as pessoas um pouco sem jeito, especialmente quando a conversa envolve adultos e jovens. Isso porque vários tabus insistem em privar os cidadãos de informações úteis e extremamente importantes para uma vida sexual saudável. Pensando nisso, um grupo de estudantes da área da saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), juntamente com alguns professores, iniciaram um projeto que visa fornecer aos jovens estudantes de escolas da rede pública de João Pessoa conhecimentos básicos sobre vários assuntos relacionados à sexualidade.

Intitulado de Orientação sexual nas escolas da cidade de João Pessoa-PB: conscientização como ferramenta de promoção de saúde, o projeto busca, inicialmente, preparar os colaboradores para as atividades que serão realizadas nas instituições de ensino, assim como proporcionar conhecimentos aprofundados dos principais problemas relacionados à prática do sexo pelos jovens.

Uma das participantes, a estudante de Fisioterapia Fernanda César Alves, alegou ser essa uma oportunidade de aproximar os estudos feitos na Universidade da população, que muitas vezes sofre com a falta de conhecimentos sobre os riscos de iniciar a vida sexual sem uma orientação adequada. "Além da oportunidade que temos de aprender através das nossas pesquisas, reuniões semanais e debates, agora também poderemos nos preparar para conscientizar essa parcela da sociedade que tem relações sexuais cada vez mais cedo”, afirmou a estudante, que também é bolsista do projeto.

Segundo a coordenadora do projeto, Temilce Simões de Assis, professora do Departamento de Fisiologia e Patologia – Centro de Ciências da Saúde (CCS), o momento agora é de preparação dos discentes para que, passada essa fase, possam trabalhar cuidadosamente temas como Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), gravidez na adolescência e o sexo consciente e seguro. "Nós buscamos abordar diversos temas relacionados à orientação sexual desse público. Vale ressaltar que o tema 'orientação sexual' ainda é muito mal interpretado pelas pessoas, que o confundem com identidade de gênero. Não trabalhamos influenciando os estudantes a seguirem o gênero A ou B, e sim orientando-os à uma prática sexual segura e adequada", disse a docente.

Juntamente com Temilce, está Rachel Linka Beniz, também professora do Departamento de Fisiologia e Patologia (CCS) e coordenadora adjunta do projeto, que definiu a atividade como uma chance de mostrar o verdadeiro sentido da extensão. Mesmo com todas as barreiras impostas ao grupo, é perceptível a forma como os membros dedicam-se na hora de fornecer soluções para os problemas que vão surgindo.

 “O principal obstáculo são os preconceitos que os pais têm para com esse tipo de abordagem (...) . É como se orientar os seus filhos sobre os riscos que correm ao terem relações sexuais sem preservativo fosse um incentivo ao ingresso precoce deles na vida sexual. E o nosso trabalho, ao contrário do que pensam, é direcioná-los à uma visão crítica sobre isso, formando jovens conscientes e responsáveis”.  (Telmice Simões  - Docente CCS)

Além dos estudantes da área da saúde, o projeto abre oportunidades para os discentes de todos os cursos oferecidos pela UFPB, pois, segundo Temilce: “Cada um possui um conhecimento sobre o tema 'Orientação Sexual', e isso traz para os debates visões diferentes daquelas que estamos acostumados a lidar, sempre no campo biológico e fisiológico. Precisamos das visões dos estudantes das Ciências Humanas, das Exatas, Biológicas (...) pois a extensão tem a característica de pluralidade, e essa é a nossa base”.    

Como o projeto ainda está na fase de treinamento dos colaboradores, as tarefas limitam-se às rodas de debates, levantamento de ideais e à criação de conteúdos de caráter lúdico, já que o público beneficiado estará cursando entre o 7º e 8º anos do Ensino Fundamental II. Isso porque, segundo as coordenadoras, são jovens que estão começando a entrar na fase da puberdade, que já demonstram certo interesse pelo sexo, e acompanhá-los nesse período é uma garantia de uma vida saudável para eles.

E é essa interação que garante ao projeto singularidade. Ao englobar conhecimentos de campos diferentes do conhecimento, o projeto cria oportunidade para discussões sob as diversas perspectivas críticas, quer seja de um estudante de medicina, um de engenharia ou um de direito. Os participantes não se limitam apenas a aprender, mas sentem uma necessidade de passar o que foi adquirido e de conscientizar aqueles que precisam de apoio.

 

* Reportagem de Raian Lucas - Discente voluntário da PRAC (2018)