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Laboratório Permanente de Figurino
Roupas que dão vida aos espetáculos
Ao serem abertas, as cortinas do teatro revelam um espetáculo. Mas antes que as pessoas comecem a falar, as roupas já dizem muito sobre as personagens e a história a ser contada. A partir das vestimentas, o público pode entender a idade, o gênero, a época ou mesmo a classe social representada em um papel. É através do projeto de extensão Laboratório Permanente de Figurino (LAPEFI), do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA), que essas possibilidades de criação de figurinos acontecem dentro e fora da UFPB.
O LAPEFI surgiu da necessidade dos estudantes, sobretudo dos cursos de Artes Cênicas da UFPB, terem peças para realizar produções teatrais. A aprovação do projeto no edital PROBEX 2017 possibilitou utilizar um espaço físico na Universidade para o acervo de roupas e adereços voltados àelaboração de figurinos. O ateliê está localizado nas salas 1 e 2 do Departamento de Artes Cênicas (DAC), no CCTA.
Além do empréstimo de peças, o LAPEFI conta com um acervo bibliográfico da área de figurino e costura disponíveis no espaço físico. A equipe do projeto mantém um trabalho de pesquisa de figurinistas de todo país. Como explica a coordenadora e docente Paula Coelho, “a proposta é demonstrar que a arte do figurino está relacionada às proposições do encenador, dos atores, da possibilidade material disponível nas circunstâncias da criação, ou seja, que é uma arte integrada”.
A extensão também realiza minicursos e oficinas relacionadas à criação de figurinos, como o tingimento de roupas, corte e costura. Foi através de um desses cursos que Guilherme Peres, estudante de Teatro, pôde conhecer o projeto e depois atuar como voluntário.
Atualmente, Guilherme trabalha como figurinista em produções teatrais. “No LAPEFI, tive a oportunidade de aprender sobre figurinos de forma prática, de entender como funciona a criação e montagem de um espetáculo. É um recuso valioso para artistas que podem ter acesso a figurinos e adereços que de outra forma não seria possível”, destaca o estudante.
Do LAPEFI para os palcos
Os figurinos do LAPEFI têm ido longe. As peças estão compondo espetáculos que ganham prestígio e reconhecimento em festivais nacionais de arte, como no caso da peça “A Cabeça”. Esse espetáculo foi realizado pela turma de Bacharelado em Teatro, do período 2018.2, com direção da atriz e diretora paraibana Cely Farias.
A montagem, baseada no conto homônimo de Lia Neiva, conta a história de um antigo museu de graças alcançadas. As personagens, ou ex-votos, divagam sobre a época de milagres e refletem sobre esquecimento e abandono. A pesquisa visual foi feita com base no santuário de Santa Rita de Cássia, no interior do Rio Grande do Norte. Mas foi no LAPEFI que a figurinista Luna Alexandre garimpou as peças que passaram por um processo de customização e viraram o figurino do espetáculo.
Com a peça, o grupo participou do Festival de Teatro de Limoeiro, em Pernambuco, ganhando prêmios como o de Melhor Espetáculo Adulto e Melhor Direção. “O LAPEFI foi essencial para que conseguíssemos a base do material que comporia nosso figurino. O projeto contribui para as produções artísticas do DAC e ainda é um celeiro de criação na área de figurino”, destaca a diretora Cely Farias.
Para as demais produções artísticas, ainda que não possuam um figurinista ou não tenham ideia pronta sobre a concepção do figurino do espetáculo, a equipe de extensionistas do LAPEFI presta consultoria. O serviço é destinado para estudantes da Universidade e também para qualquer grupo artístico da cidade de João Pessoa.
Durante o período de pandemia, as atividades têm acontecido de maneira virtual e os interessados podem buscar a rede social do projeto para solicitar ajuda na composição de figurinos. Visando também auxiliar nesse momento em que as peças do LAPEFI não estão podendo ser emprestadas, o projeto tem feito uma série de vídeos com dicas de costura.
Sofia Roque, bolsista do projeto, é a responsável pela realização dos vídeos. Ela conta que as redes sociais da extensão têm conseguido chegar à comunidade estudantil e artística, proporcionando que tenham autonomia na produção dos figurinos com que eles próprios dispõem em casa.
Mesmo com o isolamento social, as produções on-line acontecem e demandam roupas que dialoguem com as propostas artísticas. “É o figurino que vai dizer o que o espetáculo e cada uma das personagens querem trazer”, resume Sofia. Nesse momento em que mesmo a arte precisou se adaptar, a produção visual feita pelo LAPEFI tem um papel ainda mais significativo.
Reportagem de Ana Lívia Macêdo (Bolsista PROEX 2020), editada por Comunicação PROEX