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Teatro do Oprimido
Arte como ferramenta de transformação da educação
Durante uma recepção aos novatos do curso de pedagogia, Roseane Maria Amorim, professora da UFPB, conheceu o Teatro do Oprimido. Ali, durante a apresentação de um calouro, surgiu a ideia de utilizar o método para discutir na UFPB questões polêmicas. Assim nasceu o projeto Construir, Potencializar e Transformar: a Educação Popular e o Teatro do Oprimido como caminhos para repensar a educação na contemporaneidade.
O método teatral “Teatro do Oprimido” (TO) foi desenvolvido por Augusto Boal nos anos 1960, período do regime militar, como uma estratégia de despertar o senso crítico na sociedade. O contexto da criação do método, marcado por uma grande repressão da arte e da voz popular, influiu nas técnicas do TO, que provocam as pessoas criando momentos de atuação e reflexão.
Para realizar uma intervenção do Teatro do Oprimido não é preciso nenhum recurso cénico, basta um grupo de pessoas e um facilitador que coordene a atuação propondo as questões mobilizadoras. O espetáculo é sempre inédito, pois ele é construído de acordo com as intervenções dos presentes em cada ambiente.
A técnica no contexto da educação, como é a proposta da professora e coordenadora do projeto, visa despertar o protagonismo das pessoas para provocar reflexão. Segundo Roseane, tanto a educação popular quanto o Teatro do Oprimido colaboram com a formação política do indivíduo. “Faz você olhar a educação de modo diferenciado”, assegurou a docente. Ainda de acordo com a coordenadora do projeto, dentro da graduação, há muita teoria que é fundamental, mas que por si só não basta. “A gente forma professor e quando ele chega na sala de aula há momentos em que ele não consegue envolver os alunos para participar das aulas. Isso mostra como trabalhamos de forma muito abstrata. O teatro do oprimido vira uma ponte com as questões do cotidiano. É uma estratégia didática”, explicou a professora.
A ação, que está em sua primeira edição, conta com a ajuda do professor Eduardo Silva, do Departamento de Fundamentação da Educação, além do discente Tulio César Medeiros e de Anna Beatriz Ramos, que é estudante de ciências sociais e bolsista do projeto.
Anna Beatriz Ramos já conhecia o Teatro do Oprimido antes de participar da ação. Segundo a aluna de licenciatura em ciências sociais, o método é geralmente trabalhado por movimentos sociais, e que nunca havia visto o método ser vivenciado dentro da Universidade. Anna contou que a extensão traz assuntos importantes de uma forma atraente e que a utilização do teatro faz com que as pessoas queiram participar e contribuir.
Já Tulio Medeiros, estudante de pedagogia e voluntário do projeto declarou que o método Teatro do Oprimido oferece um complemento à sua formação. “Naquele espaço [nas encenações do TO] o estudante pode ter uma reflexão sobre sua função no meio. É uma ferramenta enorme para discussões. Repensar a educação e buscar discutir as problemáticas do dia a dia é fundamental”, explicou o voluntário.
Os temas para os encontros são escolhidos com base na relevância do assunto para a realidade. Uma das temáticas abordadas é a questão do gênero, que teve um encontro no qual a música “Seu Grito”, de Aurinha do Coco, foi utilizada como o ponto de partida para as discussões.
Gleyce Alves e Paula Silva são estudantes de pedagogia da UFPB. Elas participam das oficinas de Teatro do Oprimido promovidas pela ação de extensão. Gleyce contou que está aprendendo a utilizar a metodologia nas atividades que desenvolve em sala de aula. Já Paula assegurou que a ação vem lhe proporcionando vários aprendizados. “Vivenciamos, através da arte, as questões sociais que muitas vezes passam despercebidas pela sociedade e que são incorporadas ao senso comum como é assim mesmo. Por meio do projeto um novo olhar surge, a cada aula desconstruímos um paradigma”, relatou Paula.
As oficinas acontecem nas quartas-feiras pela manhã, em salas do Centro de Educação. São feitas rodas de conversa, apresentação com poesias e elaboração de encenações. O público alvo da ação são os estudantes de licenciatura da Instituição, mas todos os interessados podem participar. Quem tiver interesse em participar deve entrar em contato por email com a coordenadora da ação roseane.mda@gmail.com ou com o voluntário Tulio tuliocesarms@gmail.com.
* Reportagem de Larissa Maia - Bolsista da PRAC (2018)