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Meu amigo peludo

Terapia assistida por animais
publicado: 04/07/2018 19h57, última modificação: 02/08/2018 18h59

Terapia assistida por animais 

Ao imaginar um hospital, enxergamos enfermidades, profissionais lutando para salvar vidas e ansiedade: um ambiente hostil especialmente para aqueles pacientes de longa permanência e seus familiares.  Para intervir nessa realidade, foi criado o projeto de extensão “Terapia Assistida por Animais: cão solidário”, vinculado ao Centro de Ciências Médicas (CCM - UFPB), que visa melhorar o ambiente dentro do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). 

Todos os domingos pela tarde o grupo vai à ação. Os membros da equipe entram com seus cachorros no HULW e fazem visitas aos pacientes. Cada voluntário leva seu próprio animal, conforme protocolo para garantir segurança na ação. Não é qualquer cão que está apto a isso. Tem que estar com a vacinação em dia, ser liberado por um médico veterinário, ser dócil e conviver bem com outros animais.

A visita terapêutica tem a duração de uma hora, só o tempo suficiente para proporcionar alegria, nada que atrapalhe as práticas do hospital ou cause desconforto para os animais. De acordo com o colaborador Eduardo Souza, participante assíduo das visitas, a presença dos animais gera uma onda contagiante de alegria, que sai inundando os quartos e corredores dos hospitais. “Daqui a pouco está médico, enfermeiro, crianças, pais, todos interagindo com os cães e com as crianças”, afirmou.

Partiu de Eduardo a ideia de levar cães para o hospital, ainda em sua residência de medicina. “Eu contava para as crianças que eu tinha um cachorro e elas queriam ver. Então passei a levar ele para a recepção, porque não podia na época entrar com os cachorros. E isso virou uma rotina, mesmo depois que terminei a residência ainda levava o meu cachorro para as crianças brincarem”. Inspirado por experiências que viu na Inglaterra, Eduardo criou um projeto de extensão para inserir a terapia assistida por animais dentro do HUWL.  

Julia, graduanda em medicina e bolsista do projeto, sentia falta de ações que tornassem o ambiente hospitalar um pouco mais agradável. Ela acredita que a presença de algo que lembra o lar, como um animal de estimação, é uma forma inusitada de diminuir provocar bem-estar. “Mudou totalmente a minha visão do que é medicina, não são só as práticas medicamentosas, vai além disso”, disse a estudante.

Eduardo afirma que, quando os alunos põem em prática esse tipo de ação humanizada, se tornam profissionais melhores e vivem uma perspectiva diferenciada do que é medicina.  Assegura que incentivos como esses são fundamentais para o profissional não enxergar no paciente apenas uma patologia ou um problema social. 

O coordenador do projeto, Moises Lima, acredita que o projeto traz melhoras significativas aos pacientes. "Os pacientes não se sentem apenas mais felizes, como também há melhoras no tratamento. Além disso, notamos que acompanhantes, profissionais e extensionistas também se sentem muito satisfeitos com as visitas, interagem com os cães e relatam um alivio para o cotidiano atribulado".   

Alzira Leite é a tia de Rute, uma das crianças internadas beneficiada com projeto. Ela relatou emocionada o progresso que a sobrinha teve com as visitas. "Ela precisava disso, porque a gente tem visto o quanto ela tem desenvolvido o intelecto, a atenção e os movimentos". Outras crianças, assim como Rute, também se sentem mais animadas e mais felizes. Elas sabem que seu terapeuta peludo voltará para proporcionar um momento prazeroso e a sensação de não estar mais em um hospital. A saúde não está apenas na mera cura da doença, mas também no sentir-se bem.    


 * Reportagem de Gleyce Marques - Bolsista da PRAC (2018)