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Festival de Arte Naif
Evento internacional populariza o estilo artístico em Guarabira
Reconhecida por ser um complexo artístico paraibano, o município de Guarabira sediou o Festival Internacional de Arte Naif (FIAN), idealizado pelo ateliê do artista Adriano Dias, juntamente com a Prefeitura de Guarabira, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o SEBRAE. O Festival foi realizado no período entre 23 de maio 30 de junho. Foram expostas 170 obras, de 120 artistas de 13 países, incluindo o Brasil. Também foram realizadas palestras e oficinas.
A cidade de Guarabira foi escolhida para produzir o evento por ser uma escola do estilo artístico. Poucas pessoas sabem, entretanto, da importância que esse estilo possui para a cultura local. O município é tido como uma academia cultural do gênero pela quantidade de artistas de renome internacional residentes ou radicados em Guarabira.
De acordo com José Augusto de Moraes, servidor e representante da UFPB na organização do FIAN, a importância do evento foi expandir a relevância artística do município pelo Brasil. Essa importância fica evidente na participação de artistas de várias partes do mundo e de quase todos os estados brasileiros, o que ampliou o alcance de visibilidade do festival.
Para Ester Moura, visitante do Festival, o evento “é muito rico para a cultura do nosso estado e do nosso país. Nossa sociedade está deixando de lado isso e esta é uma forma para que todas as pessoas vejam o valor da arte e da cultura local”.
A ARTE NAIF
A Arte Naif, ou, como também é popularmente conhecida, “arte primitiva moderna”, é notória por ser uma maneira fora dos estereótipos das tendências artísticas comuns. O estilo é caracterizado por não ter formas específicas de expressão e por proporcionar liberdade para que o artista explore formas simples e espontâneas. No entanto, esse feitio não é manifestado estritamente como arte popular, pois não se restringe a expressões culturais locais.
Historicamente, a arte Naif é entendida como “arte sem escola”, pois permite a liberdade de ser composta por artistas sem formação profissional. Também como “arte autoconsciente”, já que o criador expressa de forma simples e espontânea, por isso, não se enquadra nas tendências comumente conhecidas, como modernismo e arte popular.
Aqui na Paraíba, um dos primeiros precursores do estilo foi o artista Alexandre Filho, nascido no município de Bananeiras. Filho de Lavrador, não chegou a completar o ensino primário, mas dedicou toda a sua vida em prol da arte. Ganhou reconhecimento internacional pela importância de suas obras.
A CIDADE DE GUARABIRA
Localizada no agreste paraibano, a cidade de Guarabira possui um complexo artístico que com museus, teatros, galerias de arte e casas de cultura popular e é berço de grandes nomes da arte Naif, como Clóvis Junior, homenageado do evento.
Com o incentivo da Secretaria de Cultura e Turismo, o município, que é palco privilegiado de diversas atividades que enfatizam a personalidade criativa do povo guarabirense, se tornou uma escola cultural.
O HOMENAGEADO
Clóvis Dias Junior, ou Clóvis Junior, como é conhecido, foi o escolhido para ser homenageado no 1ª Festival Internacional de Arte Naif. Guarabirense e trabalhando há trinta e cinco anos com arte Naif, Clóvis ingressou na UFPB no curso de educação artística em 1985. De lá para cá, coleciona prêmios e uma história de dedicação à arte.
Criador do bloco Boi do Bessa, o artista, que é pintor, escultor e gravurista, também faz artes para o folia de rua de João Pessoa e é um dos grandes nomes da prática Naif no Brasil. Chama atenção em seu trabalho o uso do contraste das cores nos elementos regionais.
A escolha do artista como homenageado foi feita por curadores do evento, juntamente com a comissão organizadora e o Prefeito de Guarabira, Zenóbio Toscano, com o intuito de enaltecer a importância do trabalho do artista natural da cidade, que leva a localidade em todos os seus trabalhos.
O EVENTO
O Festival nasceu de um contato de Adriano Dias com outros artistas após participar de eventos de arte Naif na Polônia. Com esses encontros, surgiu a ideia de fazer um festival na cidade de Guarabira.
Para Sérgio Pompeo, artista de Pirenópolis – Goiás e expositor no festival, eventos como o FIAN são importantes para o currículo do artista, já que expor obras em festivais amplia a divulgação dos trabalhos. “Já participei de algumas exposições coletivas na minha cidade e já fiz uma individual. Já fui selecionado para uma bienal, mas nunca havia participado de festival com artistas de outros países. O reconhecimento acontece quando eventos, como este, dão amplitudes internacionais”, declarou o artista.
O impacto nacional do evento foi tão grande que obras do antigo Museu de Arte Naif (MIAN), no Rio de Janeiro, que fechou em 2016, foram trazidas em regime de comodato, uma espécie de empréstimo com prazo determinado sem vínculo de posse, para o museu de arte Naif do município de Guarabira. Além disso, as exposições impulsionaram a economia local com a vinda de turistas e com a venda de obras dos artistas locais.
Para Clara Clarice, representante da Brasil Naif, galeria de arte online. "A arte sempre foi a vitrine do Brasil para o mundo e essa conexão direta com o imaginário brasileiro, que o Naif aporta, é incomparável para nos representar nesse momento" afirmou.
O evento recebeu cerca de três mil pessoas e teve entrada gratuita. As exposições ocorreram no Centro de Documentação Cel. João Pimentel das 7h às 11h e das 13h30 às 17h, de segunda a sexta-feira.
Obras da Exposição - Foto de Percinaldo Toscano (2018) |
* Reportagem de Larissa Maia - Bolsista da PRAC (2018)