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FLUA
Projeto promove acompanhamento fonoaudiológico para pessoas com distúrbio da fluência
A Fonoaudiologia possui como objeto de estudo a comunicação humana, como informa documento do Conselho Federal de Fonoaudiologia. Portanto, cuidar da saúde de pessoas que apresentam dificuldades em se expressar e serem compreendidas faz parte do dia a dia do profissional fonoaudiólogo. Dentre essas inúmeras dificuldades está a gagueira, distúrbio da fluência que acomete cerca de 2 milhões de brasileiros de forma crônica, segundo dados do Instituto Brasileiro de Fluência.
Pensando em desenvolver um serviço para cuidar de quem tem esses distúrbios, Débora Vasconcelos, docente do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Paraíba, criou o projeto “Flua: Assistência Fonoaudiológica para Pessoas com Distúrbios da Fluência”. Em virtude de estudos de doutorado, Débora atualmente colabora com o projeto, mas quem coordena as atividades é a professora Ana Carla Vagoley, do mesmo departamento.
A ação tem como objetivo oferecer atendimento fonoaudiológico para pessoas que apresentam algum tipo de distúrbio na fluência da fala. Para isso, são oferecidos avaliação, diagnóstico, terapia e orientação clínica. Aos extensionistas, estudantes do curso de Fonoaudiologia da UFPB, o projeto possibilita uma capacitação mediante a articulação entre as bases do ensino, do cuidado e da pesquisa sobre fluência e os seus distúrbios.
Carlos Augusto, beneficiado do Flua, contou que os serviços ofertados proporcionaram uma melhoria de vida e mudanças na forma de se comunicar. “Por ter gagueira, eu era muito inseguro e tímido, pois não conseguia articular as palavras, o que acabava prejudicando uma conversa que eu tinha e me impedia de iniciar outras. Hoje, ainda na terapia, percebo uma melhora nas minhas fluência e respiração. Posso dizer que a autoestima subiu e tenho certeza que não vai parar por aí”, relatou ele.
Extensionistas do projeto Flua - Imagem cedida pela equipe (2018) |
Segundo Débora Vasconcelos, o projeto é dedicado a cuidar da saúda da comunicação de pessoas que apresentam algum desses problemas. “Estamos sempre realizando atividades com crianças, jovens e adultos que possuem esse obstáculo na fala. Geralmente eles se queixam que falam rápido demais e que as pessoas não os entendem. Para selecionarmos quem precisa ou não entrar no Flua, fazemos uma série de avaliações, entre elas uma entrevista inicial e uma avaliação da fluência. Caso eles necessitem de um acompanhamento diferente, nós os encaminhamos a outro tipo de tratamento”, explicou a docente.
Jocilene Duarte, estudante do 7º período de Fonoaudiologia, contou que quando ingressou na equipe começou a aprender novas formas de observar e tratar esses indivíduos, para assim contribuir para que eles consigam falar fluentemente. “Eu fiquei impressionada com o número de pessoas que vinham em busca de ajuda. Elas afirmavam que não conseguiam se comunicar e, muitas vezes, sentiam-se inferiorizadas, porque sempre tinha quem ria ou se incomodava com a demora para terminar uma frase. Sendo assim, poder acompanhar todo o processo de evolução deles ao longo das terapias, me faz não só aprender, mas também me desenvolver como estudante e futura fonoaudióloga”, disse a estudante.
De acordo com a equipe, quem enfrenta esses distúrbios é alvo de muitas piadas e preconceito, o que aumenta as chances do desenvolvimento de traumas e receios de iniciar e manter conversas. Para os que sofrem de gagueira, as palavras são um desafio, mas o maior deles é a sociedade, que os exclui. É com a intenção de interferir nessa realidade que o Flua desenvolve ações que mostram como é possível melhorar o processo comunicativo a cada dia. Há casos em que é necessário um pouco mais de tempo, mas o resultado sempre vem, como informou a Coordenadora.
Além da assistência clínica (avaliação e condução do processo terapêutico), o grupo realiza atividades educacionais, como rodas de conversas com os pais dos pacientes, palestras e eventos. Um deles é a comemoração do Dia Internacional da Gagueira, em 22 de outubro. De 2016, quando surgiu, aos dias atuais, a ação vem contribuindo para o desenvolvimento de todos os membros do projeto. À comunidade, são ofertadas atividades que aperfeiçoam a fala e, aos extensionistas, conhecimentos e experiências, além do contato com a futura profissão. A ação se apresenta como uma grande oportunidade para que comunicação e a vida fluam juntas.
*Reportagem de Raian Lucas - Bolsista PRAC (2018)