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EDUCAÇÃO POPULAR NA ATUAL CRISE SANITÁRIA
Estamos vivendo um momento de grande crise sanitária. Todos vocês devem estar recebendo centenas de mensagens com análises, opiniões e informações. Isso tem se mostrado muito rico.
Mas nós que estamos ligados a ações de saúde e acreditamos na potencialidade da ação educativa na comunidade, temos outros desafios. O que podemos fazer?
A ênfase tem sido em discutir detalhes das estratégias sanitárias, da falta de recursos, novos medicamentos, dos cuidados que todos devem ter, etc.
Mas o que pode ser feito em termos de mobilização das comunidades para isso?
Fiquei muito tocado em ver notícias sobre mobilizações comunitárias nas favelas do Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, para criar redes de solidariedade, apoio social e comunicação apropriada para aquelas comunidades. Muito se fala da precariedade dos serviços de saúde da América Latina para enfrentar a epidemia. Mas temos potencialidades que não estão sendo valorizadas.
A América Latina, em muitos lugares, desenvolveu redes de trabalho comunitário orientado pela EP que podem ser muito importantes. No Brasil, a incorporação da Agentes Comunitárias de Saúde no SUS fortaleceu muito a emergência de práticas educativas participativas nos serviços. Temos um saber bem elaborado sobre os caminhos desse trabalho.
Muito se fala de aumentar as vagas nos CTIs, de disponibilizar mais álcool gel, contratação de exames diagnósticos para testagem ampliada da doença, novos medicamentos, de críticas a detalhes das estratégias gerais de organização do enfrentamento, o possível sufoco do hospitais, etc. Mas, não se fala de como mobilizar nossa capacidade de trabalho educativo, tão expandido em muitos municípios, para criar redes comunitárias de apoio social, de suporte às famílias em situação de isolamento social, de construir coletivamente estratégias locais de controle da transmissão e do cuidado dos infectados, etc.
Até nas conversas das redes de educadores populares não estou sentindo essa preocupação. Fica parecendo que educação popular é apenas uma leitura crítica da realidade. NÃO. Temos também muito a contribuir no enfrentamento concreto do problema. Não se está incluindo nas estratégias de enfrentamento a mobilização das comunidades para a busca participada e ativa dos grupos mais vulneráveis no encontro de soluções. Ativar a inteligência coletiva dessa população.
Lembro da ameaça de epidemia de cólera que foi enfrentada aqui no Brasil com a valorização das agentes comunitárias de saúde. A epidemia de cólera acabou consolidando a integração das agentes comunitárias no SUS. Antes, eram ações locais com grande dose de voluntarismo.
Temos muito o que criticar e analisar sobre o que está acontecendo. Mas nosso papel é maior do que isso. Parece que não acreditamos mais no potencial da Educação Popular em Saúde.
Sei que nosso espaço na política federal está pequeno. Mas nos estados e municípios, podemos fazer muita coisa. A crise sanitária pode ser momento de mostrar os limites de políticas sanitárias de muitos governantes.
VENHA PARTICIPAR DA REDE DE EDUCAÇÃO POPULAR E SAÚDE nesse momento.
A Rede tem como grande espaço de comunicação a Lista de Discussão. Antes funcionávamos no yahoogrupos, que ficou muito restrito. Mudamos por isso para o google grupos. Se você quiser participar, vá ao endereço:
https://groups.google.com/forum/#!forum/redepopsaude
ou escreva um e-mais para mim (eymard.vasconcelos@gmail.com) solicitando a participação.