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Hepatoaids 2019: Especialistas defendem eficácia e adesão à PrEP
O infectologista Ricardo Vasconcelos, explicou que há diferentes possibilidades de falha. No entanto, o maior desafio se encontra na relação entre paciente e profissional de saúde. “Se um paciente não toma seu comprimido direito, a falha está no usuário, porém se o profissional de saúde não prescreve PrEP, ou se o serviço não está disponível, a falha está no serviço.
O infectologista Ricardo Vasconcelos, explicou que há diferentes possibilidades de falha. No entanto, o maior desafio se encontra na relação entre paciente e profissional de saúde. “Se um paciente não toma seu comprimido direito, a falha está no usuário, porém se o profissional de saúde não prescreve PrEP, ou se o serviço não está disponível, a falha está no serviço. Já a falha biomédica representa o menor pouco significativo, o que demonstra a eficácia da PrEP.”
Para Ricardo, os falsos positivos podem ser um desafio no momento de prescrição da profilaxia. “O problema da dar PrEP para uma pessoa com HIV é a seleção de resistência. Até 71% das pessoas que tem uma infecção aguda, podem estar assintomáticos. A testagem precoce é uma saída para esse impasse. Assim, se a pessoa tem uma boa adesão é melhor manter a proteção da PrEP. No caso da má adesão, a recomendação da Sociedade Internacional de Aids (IAS) é iniciar com o uso de antirretrovirais.”
Quanto à possíveis falhas da proteção da droga em si, o infectologista explica que foram apenas seis casos, dos quais apenas dois mostraram evidências da possibilidade de falha da droga. Em todo o mundo, mais de 400 mil pessoas que fazem uso de PrEP.
Chemsex
Paulo Roberto Abrão, professor Adjunto de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), falou sobre uso de substâncias químicas e bebidas alcoólicas no contexto das infecções sexualmente transmissíveis.
O termo Chemsex se refere à utilização voluntária de drogas psicoativas ou não, em festas sexuais ou atos sexuais para facilitar e ou aumentar encontros entre pessoas, particularmente entre homens que fazem sexo com homens (HSH). Os usuários utilizam uma ou mais drogas para facilitar ou prolongar os atos sexuais com uma ou múltiplas parcerias. “Há evidencias que HSH, vivendo com HIV participam mais de Chemsex, quando comparados com o que não vivem ou não sabem de sua condição”, explica Paulo Roberto ao demonstrar os gráficos da pesquisa Current Neuropharmacolgy, de 2017.
Segundo Paulo Roberto, dentre as drogas utilizadas nessa prática, estão ecstasy, anfetamina, crack, cocaína solventes e canabis. “Fármacos para disfunção erétil também entra na lista que aumenta a vulnerabilidade das pessoas, assim como mais do que cinco doses de bebidas alcoólicas dentro do período de duas horas.”
A prevalência do Chemsex, mostra que 58% dos usuários de PrEP da cidade de São Paulo faziam uso de alguma dessas drogas. A redução do nível de consciência pode levar à menor capacidade de escolher parcerias consensuais e ao aumento de sexo não consentido, causando também uma menor adesão ao preservativo, aumento do risco de IST, e os problemas que envolvem alterações farmacológicas da interação com antirretrovirais.
Como solução, Paulo Roberto defende que é preciso quebrar as barreiras de acesso ao serviço de saúde, além de explorar esta questão no dia a dia, e engajar equipes multiprofissionais para trabalhar com aconselhamento preventivo e terapêutico.
O futuro da PrEP
A coordenadora adjunta do Programa Estadual de IST/Aids de São Paulo, Maria Clara Gianna, afirma que o estado tem como meta, ampliar a PrEP. “Nossa missão é transformar a PrEP em uma importante politica pública no país”, disse ao pedir para que os serviços de saúde que ainda não oferecem a profilaxia, procurarem a coordenação do programa a fim de que a implementação seja feita.
Filipe Perini, do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, afirma que PreP não é um comprido, é um serviço. “Ali você faz a quebra da cadeia de infecção. Dizer que é apenas um comprimido é reduzir sua capacidade de impacto para enfrentamento do HIV. A gente precisa consolidar e expandir.”
Filipe relembrou as metas do Departamento que incluem dobrar o número de pessoas em PrEP, dobrar o número de serviços que ofertam profilaxia, promover curso EAD de capacitação para profissionais, implementar prescrição de PrEP pelos serviços de saúde complementar e sua distribuição para além dos serviços de HIV, além da criação de um plano de comunicação em PrEP voltado para as populações chaves.
Fonte: http://agenciaaids.com.br - Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)