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UFPB desenvolve pesquisa para reverter a trajetória de degradação ambiental e pobreza na Caatinga

publicado: 17/12/2024 18h06, última modificação: 17/12/2024 18h10
Cuidados com o solo e com a vegetação podem recuperar a capacidade produtiva no semiárido

Foto: Agência Gov

Coordenado pelo professor Helder Araújo, do Departamento de Biociências (DB) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal Paraíba (UFPB), Campus II, o programa de pesquisa “Nexus - água, energia e alimento na região mais seca do Brasil: princípios de paisagens agrícolas sustentáveis” tem como um dos objetivos ações que buscam reverter a trajetória de degradação ambiental e a pobreza na Caatinga.

Na região, o clima é semiárido e nele ocorrem diferentes fisionomias, desde vegetação composta por plantas lenhosas e semilenhosas, que se caracterizam por ter caules ramificados desde a base, sem um tronco indiviso a florestas deciduais sazonalmente secas. Esse tipo de vegetação se caracteriza por uma marcada dinâmica em duas estações climáticas bem definidas: uma chuvosa e outra seca. Durante a estação seca, a maioria das espécies perde as folhas. 

 

A pesquisa realizada no Cariri Paraibano, principalmente nos municípios de São João do Cariri, Cabaceiras e São José dos Cordeiros, indica que as paisagens com 50% de cobertura natural e 50% terras agrícolas bem manejadas acumulam crescentemente água no solo. Isso permite a ocorrência de vários processos biológicos que resultam em mais energia de biomassa e produção de alimentos. O grande problema é que a histórica degradação na região já modificou a cobertura natural ao ponto de não permitir mais uma regeneração em direção à sua capacidade produtiva natural. Ao adotar práticas de restauração ecológica e manejos adequados, é possível criar um ciclo virtuoso que favorece tanto a recuperação da Caatinga quanto o desenvolvimento sustentável das comunidades.

Uma das principais evidências observadas na pesquisa é a reversão da perda anual de solo e o aumento do armazenamento de carbono, o que contribui para a mitigação das mudanças climáticas. Além disso, a produtividade agropecuária pode aumentar por acumular esses benefícios da natureza associados à qualidade do solo e quantidade de carbono junto com práticas agropecuárias associadas ao ambiente semiárido, beneficiando diretamente as comunidades rurais. Portanto, demonstrando alternativas reais mais sustentáveis e lucrativas para o desenvolvimento rural na região.

 

Outros serviços ecossistêmicos essenciais também estão sendo observados. O aumento da taxa de decomposição de matéria orgânica, por exemplo, foi significativamente maior em plantios próximos a áreas de florestas naturais, o que melhora a capacidade de manutenção hídrica do solo e favorece o crescimento das plantas. Além disso, o estudo identificou que plantas cultivadas em áreas com vegetação natural ao redor apresentam menor taxa de danos, uma vez que o ambiente natural oferece proteção contra pragas e doenças.

Para o professor Helder Farias, a Caatinga abriga uma biodiversidade singular, desempenhando um papel crucial na segurança hídrica, alimentar e climática. 

“Essa região ainda enfrenta históricos e crescentes desafios de degradação ambiental, pobreza rural, desertificação e impactos das mudanças climáticas, que comprometem as contribuições da natureza para resiliência do próprio ecossistema e das comunidades locais”, ressaltou o professor.

A pesquisa pode ser encontrada no site oficial ou no folhetim da pesquisa.

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Texto: Lucas Andrade
Edição: Marcel Vieira
Fotos: Agência Gov e Arquivo pessoal do pesquisador
Ascom/UFPB