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Neuromodulação não invasiva melhora sequelas da Covid-19, diz estudo da UFPB

publicado: 20/03/2023 18h18, última modificação: 20/03/2023 18h19
Com reabilitação respiratória, estimulação transcraniana garante mais qualidade de vida

Foto: kjpargeter/Freepik

Estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) revela que a neuromodulação não invasiva, técnica que modifica a atividade cerebral, melhora sequelas da Covid-19, como fadiga, depressão e ansiedade.

Associada à reabilitação respiratória, por meio de treino respiratório, exercícios que têm como finalidade recuperar a função pulmonar, a abordagem terapêutica tem garantido mais qualidade de vida a quem teve a infecção respiratória aguda causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

A neuromodulação não-invasiva tem sido aplicada nos pacientes por meio de Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua de Alta Definição (HD-tDCS), tecnologia direcionada a estruturas corticais e profundas do cérebro, por meio de correntes contínuas e de baixa intensidade capazes de alavancar o potencial terapêutico com conveniência, segurança e baixo custo.

A eletroencefalografia (EEG), nome dado, na medicina, ao exame que analisa a atividade elétrica cerebral espontânea, captada por meio da utilização de eletrodos colocados sobre o couro cabeludo, identifica as mudanças bioelétricas cerebrais ocasionadas por uma doença como a Covid-19, sendo um instrumento de avaliação que envolve diversas etapas, como coleta dos dados, limpeza do sinal, processamento e análise dos dados.

“Neste momento, estamos fazendo o tratamento e processamento dos dados e, em breve, teremos os dados finais da pesquisa. Nosso objetivo é estudar o EEG como potencial biomarcador neurofisiológico e de prognóstico do manejo de pacientes que têm sequelas da Covid-19”, diz Kelly Santana, fisioterapeuta especializada em fisioterapia neurológica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mestranda em fisioterapia pela UFPB e uma das participantes do estudo.

Biomarcadores ou marcadores biológicos são entidades que podem ser medidas experimentalmente e indicam a ocorrência de uma determinada função normal ou patológica de um organismo ou uma resposta a um agente farmacológico.

Já o prognóstico é o conhecimento ou juízo prévio feito pelo médico, baseado necessariamente no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, segundo o estado da arte, acerca da duração, da evolução e do eventual termo de uma doença ou quadro clínico sob seu cuidado ou orientação.

Segundo a pesquisadora da UFPB, apesar de a neuromodulação ser uma abordagem terapêutica que apresenta resultados satisfatórios para diversas patologias, sabe-se que nem todos os pacientes se beneficiam da técnica.

“Nesse sentido, a eletroencefalografia (EEG) parece ser uma ferramenta de avaliação útil por causa da sua proposta de atuação como neuromarcador de prognóstico. A ideia é avaliar os aspectos clínicos e eletrofisiológicos do paciente antes dele ser submetido à intervenção, para que, por meio desta avaliação prévia, saibamos se ele se beneficiará ou não da neuromodulação não invasiva”, esclarece a pesquisadora.

Kelly Santana rememora que a pesquisa surgiu da necessidade de individualizar o atendimento aos pacientes pós-Covid, haja vista que as intervenções propostas, principalmente no início da pandemia, eram muito empíricas, em razão da infecção ser uma doença nova, com peculiaridades que dificultavam o manejo terapêutico do paciente.

Conforme argumenta a pesquisadora, utilizar o EEG como marcador neurobiológico visa otimizar o tratamento desta população, reduzindo os custos envolvidos no tratamento. Saber de antemão se o paciente se beneficiará ou não da técnica significa reduzir os gastos tanto do paciente quanto do sistema de saúde ao qual ele está inserido.

O estudo da UFPB foi realizado entre os anos de 2020 e 2022, no Laboratório de Estudos em Envelhecimento e Neurociências, no Centro de Ciências da Saúde (CCS), no campus I, em João Pessoa. A pesquisa é dirigida pela professora e pesquisadora do Departamento de Fisioterapia Suellen Andrade e envolve mais duas mestrandas, uma doutoranda e cerca de dez estudantes do curso de graduação em Fisioterapia da UFPB.

O trabalho foi realizado em parceria com diversos centros de pesquisa nacionais, de estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais, e internacionais, especificamente dos Estados Unidos da América (EUA). Os dados preliminares sobre a eficácia da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua de Alta Definição (HD-tDCS), associada ao treino respiratório, foram publicados por meio de artigo científico no Brain Stimulation Journal, revista médica bimestral e internacional, revisada por pares, que cobre o campo da neuromodulação.

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Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins
Foto: kjpargeter/Freepik