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Pesquisadores da UFPB alertam para efeito bumerangue da Covid-19 no interior da Paraíba

Em 29 de junho, Sousa, Patos, Conde, Cajazeiras e Alagoa Grande tiveram maiores picos
publicado: 03/07/2020 19h46, última modificação: 06/07/2020 18h31
Interiorização da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2)  atingiu praticamente todo território da Paraíba. Crédito: Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus/Reprodução

Interiorização da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) atingiu praticamente todo território da Paraíba. Crédito: Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus/Reprodução

Os pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Rafael Raimundo e Roberto Germano, que integram o Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus, alertam para a possibilidade de haver efeito bumerangue (de ir e voltar) de casos da Covid-19 no interior paraibano.

Segundo dados dos especialistas, no dia 29 de junho, as cinco cidades com maiores picos de crescimento de casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2)  no Estado foram: Sousa, Patos, Conde, Cajazeiras e Alagoa Grande.

“Os dados revelam que a interiorização da pandemia atingiu todo o Estado e múltiplas regiões interioranas. Este fato indica a possibilidade de que João Pessoa venha a sofrer com o efeito bumerangue, que teria o potencial de produzir uma enorme sobrecarga do sistema hospitalar da cidade”, revelam os pesquisadores do comitê. 

Os especialistas recomendam barreiras sanitárias e que um sistema de controle de tráfego de veículos seja instituído nas rodovias que ligam João Pessoa à Campina Grande e ao extremo oeste do Estado. 

“A Paraíba poderia também considerar a possibilidade de instituir um fechamento temporário – alguns dias de cada semana - de suas fronteiras com os estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, para aliviar o fluxo de novos casos para João Pessoa e outras partes do Estado”, sugerem os pesquisadores. 

Nesta sexta-feira (3), o governo federal publicou a Lei 14.019/2020, no Diário Oficial da União, para dispor sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção individual em espaços públicos e privados acessíveis ao público no Brasil. 

Pela lei, órgãos e entidades públicas, estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos e instituições de ensino não ficam obrigados a utilizar a medida de proteção recomendada pela Organização Mundial de Saúde.

O ex-ministro de Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende, um dos coordenadores do Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus, disse, em live realizada nesta sexta-feira (3), que a lei demonstra descaso com a pandemia da Covid-19. Durante a transmissão-online, foi divulgado o nono boletim do comitê.

“Desde o começo da pandemia, existem medidas que contrariam o distanciamento social e o uso de máscaras. Temos uma projeção feita, há duas semanas, que se o isolamento fosse de 60%, teríamos cerca de 40 mil mortes a menos no país”, lamentou Rezende.

Para os pesquisadores do comitê, é preciso haver “instituição imediata de lockdown (isolamento total) e reversão de planos de afrouxamento do isolamento social em capitais e municípios interioranos que estejam apresentando curvas crescentes”. 

O comitê recomenda que as políticas públicas na Paraíba efetivem a criação de Brigadas Emergenciais de Saúde por todo o estado e “impor uma estratégia eficaz para a quebra da taxa de reprodução do coronavírus tanto no interior quanto na capital”.

Também reforçam os pesquisadores do comitê que o Estado realize o seu primeiro inquérito soro-epidemiológico, com dados que possam “estabelecer a fração da população paraibana que teve contato com o novo coronavírus”. 

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB