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Pesquisadores da UFPB criam maquiagem barata e saudável à base de argilas

Blush não causa alergia, irritação ou vasculite e inibe surgimento de bactérias
publicado: 29/05/2020 19h46, última modificação: 29/05/2020 19h46
Cosmético faz parte de novo segmento da área de cerâmica e é indicado para consumidores que vivem em países com clima tropical, a exemplo do Brasil. Crédito: Grupo YBrasil/Haln Junior

Cosmético faz parte de novo segmento da área de cerâmica e é indicado para consumidores que vivem em países com clima tropical, a exemplo do Brasil. Crédito: Grupo YBrasil/Haln Junior

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram um blush, produto de maquilagem usado para realçar ou dar colorido às maçãs do rosto (bochechas), à base de argilas bentoníticas em seu estado natural e organofílico. Esses minerais recebem esse nome em referência à localização do primeiro depósito comercial de uma argila plástica nos Estados Unidos, em Fort Benton, no estado de Wyoming.

O estudo da UFPB aponta as potencialidades tecnológicas dessas argilas para aplicação cosmética. A formulação tem, entre seus benefícios, baixo custo, pouco potencial tóxico, livre de componentes iminentemente irritantes, e maior capacidade em adsorção de óleo, com adesão das moléculas do fluido a uma superfície sólida.

O cosmético se enquadra em um novo segmento da área de cerâmica e é uma invenção, com patente registrada pela Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova). De acordo com a agência, além das argilas, o blush é constituído de óxido de zinco, dióxido de titânio e óxido de ferro.

O produto, desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais do Centro de Tecnologia, no campus I, em João Pessoa, é resultado da dissertação de Roberta Cavalcanti, sob orientação do docente Heber Ferreira, com a colaboração dos pesquisadores Camila Brasileiro, Ayane Rodrigues, Hevair Castro Silva, Darciely Lindalva da Silva e do professor Rui Macêdo.

A pesquisadora Roberta Cavalcanti comenta que viu a necessidade de criar, especialmente para consumidores que vivem em um país tropical como o Brasil, uma maquiagem mineral adsorvente, de cobertura suave, que não trouxesse oleosidade para a pele e nem deixasse um efeito craquelado, que é quando a maquiagem resseca e dá ênfase a poros e imperfeições da pele e evidencia rugas de expressão.

Ela explica que o interesse de trabalhar com maquiagem mineral surgiu, também, porque a toxicidade de alguns materiais causa alergia a muitas mulheres. “Atualmente, no mercado, há pouquíssimos grupos que trabalham com maquiagem mineral e nenhum faz prioritariamente o uso de argilas”.

Ela já sabia que as argilas bentoníticas têm capacidade adsorvente eficaz. “São usadas in natura há anos, para limpeza facial e corporal, tratamento de eczemas e queimaduras.

A pesquisadora ressalta, ainda, que as argilas utilizadas para criação da maquiagem apresentam faixa granulométrica baixa e estreita, capacidade de troca catiônica (medida da capacidade de troca de cátions) e propriedade de fluxo dentro do esperado.

O controle de qualidade toxicológico e microbiológico demonstrou que o material é seguro, não causa alergia, irritação ou vasculite, e garante a segurança biológica do material em relação a bactérias.

As amostras foram testadas para investigação da irritabilidade oftálmica por meio de ensaio in vitro da membrana cório-alantóide do ovo da galinha. Os ensaios microbiológicos foram feitos pelo método de plaqueamento em superfície.

Todas as amostras apresentaram-se estáveis quanto às suas características físico-químicas e nenhuma alteração de cor, aparência e odor foi observada. Nenhuma das formulações apresentaram citotoxicidade para as respectivas concentrações das formulações.

Roberta Cavalcanti revela que é possível produzir pó facial a partir desta tecnologia, com coloração parecida com a da pele. Durante a pesquisa, isso não foi possível porque o grupo só possuía pigmentação preta, vermelha e amarela.

Ela recorda que não deu continuidade aos trabalhos porque se mudou do estado da Paraíba. “A pesquisa é promissora. Já fui procurada por docentes e discentes da UFPB e de outras universidades que têm interesse no estudo”.

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Reportagem: Aline Lins | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB