Você está aqui: Página Inicial > Contents > Notícias > Professor da UFPB participa de sequenciamento do DNA de 108 sapos e rãs
conteúdo

Notícias

Professor da UFPB participa de sequenciamento do DNA de 108 sapos e rãs

Códigos de 19 espécies foram depositados em banco genético público pela primeira vez
publicado: 29/10/2020 23h02, última modificação: 29/10/2020 23h05
Sequenciamento do DNA de sapos e de rãs da região central da América do Sul, especialmente do estado do Mato Grosso do Sul, no Brasil, contribui para a conservação da biodiversidade brasileira. Foto: Laboratório Mapinguari/UFMS

Sequenciamento do DNA de sapos e de rãs da região central da América do Sul, especialmente do estado do Mato Grosso do Sul, no Brasil, contribui para a conservação da biodiversidade brasileira. Foto: Laboratório Mapinguari/UFMS

Um estudo realizado com uma ferramenta de código de barras genético – DNA Barcoding – resultou na criação de uma biblioteca com sequenciamento de DNA de 108 anuros da região central da América do Sul.

O resultado da pesquisa pioneira, que tem como um dos autores o professor do Departamento de Sistemática e Ecologia do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da UFPB, Ricardo Koroiva, foi divulgado na última semana, em um artigo publicado na revista científica PeerJ.

Ricardo explica que, das 108 espécimes (indivíduos) sequenciadas com códigos de barra, 19 espécies (grupos) tiveram suas sequências depositadas em um banco genético público pela primeira vez.

As coletas para essa biblioteca de DNA de sapos e rãs começaram há cerca de cinco anos, explica o professor Diego Santana, outro autor do estudo e coordenador do Laboratório Mapinguari, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), onde a pesquisa foi desenvolvida, com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Para explicar o sequenciamento genético, Diego faz uma analogia com a identificação dos produtos que compramos no cotidiano. “Sabe aquele código de barra para identificar produto no supermercado? O DNA Barcoding é a mesma coisa. É uma parte mais fácil do DNA para identificar os organismos, por meio do qual identificamos uma grande quantidade de espécies muito comuns em toda a América do Sul, inclusive na Paraíba. É um código que aponta de onde é a espécie e fica disponível para cientistas de todo o mundo”.

Segundos os dois pesquisadores, essa biblioteca de código de barras para sapos e rãs representa um avanço no uso de DNA Barcoding para identificar anuros da região central da América do Sul, especialmente do estado do Mato Grosso do Sul, contribuindo para a conservação da biodiversidade brasileira.

O estado está situado nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal, sendo os dois primeiros os mais afetados pela intervenção humana e o terceiro um patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que foi seriamente afetado pelas recentes queimadas.

Na América Latina, o uso da técnica de DNA Barcoding em anuros foi ampliado na última década, mas, na região que foi objeto do estudo, ainda são escassas as informações moleculares sobre sapos e rãs. 

Ainda de acordo com os autores, esse trabalho pioneiro no Mato Grosso do Sul deve prosseguir não mais com anuros, mas com a identificação de répteis.

“A gente pretende fazer a mesma coisa com serpentes e lagartos, no Mato Grosso do Sul e em outras regiões, a exemplo da Amazônia”, informou o coordenador do Laboratório Mapinguari.

Outro estudo pioneiro utilizando a técnica de código de barras genético tem sido desenvolvido na Paraíba, ao longo deste ano, pelo pesquisador Ricardo Koroiva, com o intuito de criar um banco de dados de espécies de libélulas presentes em todas as regiões do estado.

Até o momento, o número de espécies identificadas saltou de sete para 40 e a previsão é que novas espécies sejam descobertas até a publicação do resultado da pesquisa, prevista para fevereiro de 2021.

* * *
Reportagem: Milena Dantas | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB